08/07/2017

Unisanta, resultados, Finkel, Mundial e CBDA; Joanna Maranhão fala com exclusividade ao #Santaportal

Por Rodrigo Martins/#Santaportal em 08/07/2017 às 14:06

NATAÇÃO UNISANTA – Um dos maiores nomes da natação brasileira em toda a história, Joanna Maranhão chegou neste ano para reforçar a equipe da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Após momentos difíceis em sua carreira, quando chegou até mesmo a cogitar a aposentadoria das piscinas, Joanna está dando a volta por cima vestindo as cores da equipe ceciliana. No Troféu Maria Lenk, ela foi a melhor atleta da competição. No Campeonato Paulista de Inverno Júnior e Sênior de Inverno, recorde brasileiro dos 1.500m livre e da competição nos 200m costas. Com o Mundial em Budapeste e o Troféu José Finkel pela frente, a atleta fez um balanço da temporada e falou sobre seus novos desafios ao #Santaportal .

Em entrevista exclusiva, a nadadora revela que 2017 tem sido um ano de grandes mudanças e bastante aprendizado para ela. “Eu já vinha tendo uma boa temporada no ano passado, mas infelizmente não consegui passar para a semifinal no Rio (Olimpíadas 2016). Fiquei fora por causa de cinco centésimos. Acho que foram esses cinco centésimos que me impulsionaram a tentar mais uma temporada. Aí veio tudo novo: casamento novo, casa nova (Unisanta), treino novo… e tudo se encaixou muito bem. Hoje eu tenho um conhecimento muito maior da minha vida e do meu corpo. Sei quando devo puxar um pouco mais e, também, quando tenho que descansar um pouco mais. A maturidade te traz isso”, disse.

Satisfeita com a nova fase e mirando grandes conquistas, Joanna Maranhão conta que não apenas a sua rotina de treinos mudou. Segundo ela, para que os resultados apareçam, alguns sacrifícios são necessários. “Eu faço nove sessões na água por semana e três na parte física. Cada uma delas dura duas horas ou um pouco mais. Além disso, tomo bastante cuidado com o ‘extra piscina’, afinal eu sou uma nadadora de 30 anos de idade, então não posso querer viver tudo de uma só vez. Cheguei naquele momento em que você tem que abdicar um pouco mais das coisas, ser mais inteligente, em prol dos seus objetivos. Neste ponto, a transferência para a Unisanta foi muito positiva para mim. A chave é que aqui a equipe toda fala a mesma língua, todo mundo confia na opinião um do outro. Com isso, os resultados apareceram no Maria Lenk, em Charlotte (Estados Unidos), onde eu fui muito bem, e no Paulista também. Se Deus quiser, isso acontecerá no Mundial e no Finkel também”, comentou.

Para Joanna, a oportunidade de conviver com atletas mais jovens também é algo que acrescenta bastante não só para ela, mas como para toda a equipe de natação da Unisanta. “O esporte te traz essa oportunidade. Eu quando era mais jovem ficava olhando o pessoal que era de seleção e pensava: “Quero estar ali um dia”. Hoje sou eu quem está na seleção e o pessoal me olha assim, pensando: “Eu quero estar onde a Joanna está um dia”. Eu espero que eles cheguem aonde eu cheguei e possam ir além”, destacou.

Na visão da experiente nadadora, essa mescla deve ajudar mais uma vez a Unisanta a brigar pelas primeiras colocações, a exemplo do que aconteceu no Maria Lenk, quando o time ceciliano ficou com o terceiro lugar, e mais recentemente com o vice-campeonato geral no Paulista de Inverno.

“Nadar em casa é um fator positivo. A equipe é bastante heterogênea. Nicholas (Santos) e eu temos mais de 30 anos, enquanto a Gabi (Gabrielle Roncatto) e o André (Calvelo) menos de 20. Mas todo mundo quer nadar rápido. No fim, o objetivo de todo mundo é o mesmo: nadar rápido com a idade que tem. Então, com esse objetivo em comum, é que o nosso time vai nadar o Troféu José Finkel aqui”, afirmou Joanna Maranhão.

A atleta também ressaltou outro fator importante na busca pelos melhores resultados: o apoio da torcida. Isto porque, assim como foi no Campeonato Paulista de Inverno, o Troféu José Finkel, que acontecerá entre os dias 8 e 12 de agosto, também será disputado no Parque Aquático da Unisanta.

“Acho sensacional quando a natação está com a casa cheia, com pessoas assistindo nadadores competindo. Isso populariza mais o esporte. Com certeza, no Finkel a casa vai estar cheia também. Todo mundo vai dar o melhor de si pelo time, cada um pelo seu clube. Certamente vai ser uma disputa bacana e muito respeitosa, como deve ser. E, sem dúvida alguma, a torcida é fundamental. Quando eu nadei os 1.500m no Paulista, eu caí na água sem essa pretensão de bater o recorde. Não tinha ideia de que eu estava tão bem para isso, até porque não é a minha especialidade. Mas, quando eu escutei a galera gritando, pensei que eu devia estar em um ritmo de prova bacana e no fim deu tudo certo”, contou.

O técnico de natação da Unisanta, Marcio Latuf, também acredita que o “fator casa” pode pesar a favor de seus atletas. “A motivação é maior porque você está nadando em casa, então tudo corre para você nadar com a melhor performance. O atleta vai nadar a sua prova e, se não for necessário que ele continue na competição, pode ir pra casa e descansar. Nesse ponto, a logística é bem melhor. Apesar de que no Maria Lenk a nossa logística foi muito boa também, pois ficamos perto do Parque Aquático. Mas, sem dúvida, o fator motivacional é um aliado que vai fazer com que a gente supere algumas marcas que estamos pensando”, projetou.

Na opinião do treinador, o time ceciliano irá brigar pelas primeiras colocações no geral do José Finkel. “Se tudo for como foi no Maria Lenk, em relação a número de atletas, temos grandes chances de disputar a segunda colocação com o Minas (Tênis Clube). Em relação a primeira colocação, nós ficamos de 400 a 500 pontos atrás, o que fica mais difícil para você tirar. Porém, a distância para o segundo lugar foi bem menor, e é isso o que a gente está almejando agora: brigar pela segunda colocação geral. Mas nada é impossível. Quem sabe, nós poderemos também brigar pelo título”, salientou.

Mundial em Budapeste
No entanto, antes do Troféu José Finkel em Santos, Joanna Maranhão (nos 400m medley) e outros nadadores da Unisanta encaram do dia 23 até 30 de julho o Mundial de Natação em Budapeste, na Hungria. Além de Joanna, Nicholas Santos (50m borboleta), Thiago Simon (200m peito), Léo de Deus (200m borboleta) e Guilherme Costa (1.500m livre) irão representar as cores cecilianas na capital húngara. Na Maratona Aquática, Ana Marcela Cunha também irá representar a Unisanta competindo pelo Brasil.

Para Joanna, o Mundial é mais uma oportunidade para ela mostrar a boa fase que vive e melhor ainda mais dentro das piscinas. “É continuar colocando para fora tudo aquilo que a gente vem treinando. Temos muitos métodos, muitas séries fortes e muito trabalho dentro da ‘caixinha’, como a gente fala. É chegar na hora, abrir essa ‘caixinha’ e deixar as coisas acontecerem. A competição vai ser em uma piscina muito boa, até porque piscina de Campeonato Mundial tem sempre a melhor estrutura possível. Então, o objetivo é aproveitar que as melhores do mundo vão estar lá e nadar o mais próximo delas ou na frente delas. A meta é sempre essa”, revelou.

Mudança na CBDA
O Mundial de Natação, em Budapeste, será a primeira competição oficial da seleção brasileira após a saída de Coaracy Nunes da presidência da CBDA. O dirigente está preso, suspeito de desvios de recursos na ordem de R$ 40 milhões da entidade que rege o esporte no país.

Com a prisão de Coaracy, a chance para eleições na CBDA se abriu e Miguel Cagnoni, ex-presidente da Federação Aquática Paulista, foi escolhido como o novo mandatário da entidade.

Uma das críticas mais ferrenhas da “dinastia Coaracy Nunes”, dirigente que presidiu a CBDA de 1988 até 2016, Joanna Maranhão não vê o Mundial como um “divisor de águas”. Apesar disso, a atleta acredita que, com uma nova diretoria, a natação brasileira pode dar o primeiro passo para a sua modernização e, consequentemente, uma mudança de mentalidade no que diz respeito aos esportes aquáticos.

“Acho que o ‘divisor de águas’ foi ter uma eleição, com as pessoas podendo votar. Ter democracia, um interventor, e alternância de poder já é um grande avanço. O Mundial é o primeiro passo. A gente está indo para a Hungria sob uma nova gestão. Acredito que o próximo passo é extrair todos os resquícios dessa dinastia que ainda estão lá”, ponderou.

Uma das principais nadadoras brasileiras em atividade, Joanna é enfática ao destacar que a natação brasileira precisa de uma transformação. “Tinha muito essa ideia do cada um por si. Por mais que quando você suba naquele bloco sozinho, sozinho você não chega a lugar nenhum. Tem que ter um treinador para te orientar, alguém para te ajudar a colocar o seu traje, alguém pra pegar uma garrafa de água, a sua preparação física, um psicólogo, etc. Você não faz nada sozinho, mesmo sendo um esporte individual. Infelizmente, essa dinastia trouxe esse modus operandi, por assim dizer: “Ah, eu vou fazer o meu e ficar calado, não vou compartilhar”. Acho que o esporte vai muito além disso. Tudo que eu aprendo, que eu acho que é bacana, eu tento compartilhar, inclusive com quem compete contra mim. Isto porque, se quem compete comigo melhorar, vai me impulsionar a melhorar também. Todo mundo ganha com isso. Então, acho que temos que ir para a política do “ganha-ganha”. Na minha opinião, apesar de todo o problema financeiro que essa dinastia trouxe, acredito que a maior crise que a gente vive na natação brasileira é a crise moral. Não sei se a nossa geração (de atletas) ainda tem solução para isso, porque foram quase 30 anos escutando e agindo dessa forma, mas acho que é o momento de a gente virar a ‘chavinha’ para tentar salvar a moralmente as próximas gerações, encerrou.

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