Tremor de terra no Vale e na Baixada não chega a ser terremoto; é sismo leve, dizem especialistas

Por Rodrigo Martins/Santa Portal e Folha Press em 16/06/2023 às 16:00

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O geólogo Pedro Luiz Côrtes e a geotécnica com mestrado em Engenharia Civil e professora da Unisanta, Dirce Carregã Balzan, disseram que os tremores de terra sentidos no Vale do Ribeira e na Baixada Santista (Peruíbe e Itanhaém) não se caracterizam como terremoto, mas como sismos leves. A Defesa Civil do Estado de São Paulo confirmou que o tremor foi de 4,0 graus na escala Richter.

Em entrevista ao UOL News, Côrtes destacou dentro da escala, o que ocorreu no Brasil foi um “sismo leve, suave”. “Não houve danos estruturais, isso obviamente assusta as pessoas, mas está longe causar danos significativos às residências e à infraestrutura”.

Segundo o geólogo, ao contrário do que muitos possam supor, o Brasil não é um país isento a esses eventos. “Nós temos sismos, tremores leves, 2, 3, 4 na escala que vai até 10, por isso são considerados suaves”.

“O Brasil está sob a placa sul-americana que se movimenta de leste para oeste, esse movimento, que é da ordem de alguns centímetros por ano, não ocorre de maneira homogênea dentro da placa. Tem porções que se movimentam um pouco mais rápido do que as outras e isso pode reativar falhas geológicas existentes, provocar uma acerta acomodação das rochas em grandes profundidade, e isso provoca tremores, e essas ondas de choque se estendem, podendo chegar a São Paulo, mas sem causar danos”, declarou.

Dirce, que é professora titular de Engenharia Civil na Unisanta, corroborou a opinião do geólogo, mas ressaltou que esse tipo de tremor não é comum. “É muito raro mesmo que aconteça algo desse tipo nessa região, porque se trata de um substrato geológico bastante antigo. Não é comum, mas pode acontecer por causa da questão dos solos decorrentes de alteração rochosa calcária. Existem muitas cavernas na região, o que pode influenciar de alguma forma nesse tipo de movimentação de terra, principalmente se tiver algum bloco rochoso solto.”, disse a professora, em entrevista ao Santa Portal.

No entanto, Dirce destaca que esse tipo de tremor de terra, pela sua baixa magnitude, não deve gerar maiores preocupações na população. “Esse tipo de tremor é bastante raro, em função desse substrato geológico bastante longe das bordas tectônicas. Não é como o que temos no Chile, por exemplo. Por isso, é bastante raro. Em princípio é uma surpresa, mas não é muito preocupante. Essa magnitude não tem potencial de causar danos estruturais em construções que foram bem realizadas. Pode acontecer algum tipo de abalo ou rachadura se (as construções) estiverem próximas de blocos de rocha soltos ou pedreiras”, completou.

Defesa Civil fala sobre tremor de terra

Em vídeo divulgado pela Defesa Civil do Estado na tarde desta sexta, o coordenador Estadual de Proteção e Defesa Civil, coronel PM Henguel Ricardo Pereira, avaliou os tremores de terra que ocorreram pela manhã, no Vale do Ribeira e Baixada Santista.

“A Defesa Civil do Estado recebeu hoje, por volta das 8h22, a informação de um abalo sísmico na região do Vale do Ribeira. O epícentro foi na região próxima a Miracatu, Itariri e Iguape, onde foi registrado o maior tremor: 4,0 na escala (Richter), sentido pelos sismógrafos do Centro de Sismologia da USP. Estamos buscando informações e verificando locais que porventura tiveram danos estruturais. Mas é importante esclarecer que tremores de terra, na escala de 3,5 a 5,4, não costumam causar danos estruturais”, pontuou Henguel.

O coordenador da Defesa Civil Estadual falou ainda que, caso moradores dessas regiões percebam alguma ocorrência causada por esse abalo sísmico, podem entrar em contato com o órgão. “Neste momento, equipes da Defesa Civil permanecem em campo. O Corpo de Bombeiros não recebeu nenhum chamado, não temos informação de vítimas. Mas é importante que, caso alguém da população verifique qualquer tipo de alteração, seja na residência, trabalho ou no caminho, entre em contato com a Defesa Civil pelo telefone 190. Imediatamente iremos enviar uma equipe técnica de engenheiros e geólogos para fazer uma avaliação e ver se o local está em segurança”, concluiu.

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