25/03/2022

Entrevista | The Wombats - "Quero ver o show da Pabllo Vittar no Lollapalooza"

Por Blog n' Roll em 25/03/2022 às 11:55

Divulgação
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A banda inglesa The Wombats está de volta ao Brasil após nove anos. Se na primeira vez, o público era bem limitado, nesta sexta (25), às 15h35, o trio de Liverpool terá uma multidão pela frente, no dia inaugural do Lollapalooza, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Na bagagem, o Wombats traz o último álbum, Fix Yourself, Not The World. Aliás, só para variar, o disco é bem eclético e mostra o poder de inovação constante da banda em sua discografia.

Direto de um hotel em São Paulo, o baterista Dan Haggis conversou com o Blog n’ Roll sobre a expectativa para o festival, o último álbum e o que pretende assistir no Lollapalooza. Confira abaixo.

Muita coisa mudou para o The Wombats desde o início da carreira. Como encaram essas mudanças de alcance?

Sinto que ao longo dos anos as portas vêm se abrindo gradualmente, um dia de cada vez, uma música de cada vez. Claro que se você olhar para o início da nossa carreira e agora, é louco, pois tivemos momentos nas nossas carreira, como no show que fizemos em Santiago, no Chile, em que nos perguntamos “Como estamos aqui?”, a um voo de 14 horas de distância, e meio a várias pessoas dançando e cantando nossas músicas.

Na primeira vez que vieram ao Brasil, vocês tocaram em lugares menores, agora no Lolla. Mês que vem vocês têm um show grande na O2 Arena, em Londres.

Acho que nunca perdemos essa sensação, pois começamos a fazer música em Liverpool, 20 anos atrás, e hoje estamos tocando para essas pessoas, é doido pensar. Mas todo show, para 200 ou 20 mil pessoas, só queremos ir para o palco, tocar nossas canções, criar uma conexão com as pessoas.

Obviamente você sente mais a adrenalina quando toca em grandes festivais, e nós vínhamos querendo voltar ao Lollapalooza, que honestamente, é o único festival que nós importunamos o nosso agente para vir, clamando todo ano “Vamos ao Lollapalooza, queremos voltar para a América do Sul”, e ele dizia: “Estou tentando”.

É tão difícil conseguir isso, e agora que conseguimos estamos muito animados, e tem sido ótimo até agora, pessoas adoráveis, clima ótimo, comida ótima, drinks ótimos, e Wombats muito felizes.

Queria que você falasse um pouco sobre o título do álbum, Fix Yourself, Not The World. Ele pode ter muitas interpretações. O que inspirou vocês para esse nome?

Quando estávamos gravando o álbum, durante a pandemia, Murphy estava em Los Angeles, Tord em Oslo, e eu em Londres. Tord conseguiu ir para Londres, e ficou lá por cinco semanas, mas estávamos em lockdown. Então não haviam restaurantes abertos, não havia muito o que se fazer, éramos só nós e a música.

E eu acho que durante a pandemia, para todos provavelmente, se você está passando por algum tipo de problema na sua mente, você terá que confrontá-lo, pois tudo que você tinha era o seu cérebro para lidar, então não foi fácil e a músicas nos ajudou muito.

Aliás, quando estávamos falando sobre o álbum, conversamos muito sobre o título, e como você disse, levanta muitos questionamentos, e nós não queríamos que soasse egoísta, como se você devesse pensar apenas em si e esquecesse o resto. É a última coisa que gostaríamos que entendessem.

Para nós é mais a questão de se você está lidando com problemas de saúde mental, como depressão ou ansiedade, com dificuldade de levantar da cama, e não está lidando com isso, não conseguirá ajudar ninguém. Então perceber a importância de resolver suas questões primeiramente, para depois sair pelo mundo, ajudar pessoas, fazer a diferença, ser uma parte positiva da sociedade.

Penso que muitas pessoas ignoram e negligenciam seus problemas, e vão se distrair, jantar, beber algo com os amigos, sempre tentando evitar pensar sobre certas questões. Até que percebem a importância de conversar sobre sua saúde mental e seus problemas, percebendo que todos também têm problemas, não é só você, são todos, e quantos mais conversarmos sobre, melhor.

E pensamos que nosso álbum poderia ser parte desta mudança, que fizesse as pessoas pensarem como resolver esses problemas, e abraçar seus demônios.

O The Wombats é uma banda inquieta. Nunca está em uma zona de conforto. Vocês sempre buscam uma modernização no som, acompanhando todas as evoluções musicais que rolam. Tudo isso sem perder as referências mais antigas. Como equilibrar isso na hora de compor?

Acho que nós sempre tivemos os elementos centrais que compõem nossa identidade, independente do tipo de música que tentamos fazer, a combinação da voz do Murphy, e o jeito que ouvimos e fazemos música.

Acho que mesmo se começarmos algo como Method To The Madness, que soa tão diferente de nós, mas ainda acaba soando como nós de algum jeito.

Sinto que é interessante explorar outros gêneros que tenham nos inspirado ao longo de nossas vidas, seja Lo-Fi, Hip-hop, Eletrônica, Grunge, Folk, Punk, todos esses elementos entraram e saíram nas nossas músicas em períodos diferentes, dependendo do que sentimos quando fazemos a música.

Nós sempre buscamos trabalhar com ótimos produtores, como Eric Valentine, Mark Crew, e nós sempre aprendemos, observamos, prestamos atenção, e quanto mais você aprende sobre produção, música e composição, mais você é capaz de se colocar em um lugar novo, abraçar novas tecnologias, novos sons, queremos sempre nos sentir o mais motivado possível.

E se algum de nós não está se sentindo motivado, nós tentamos algo novo, é sempre muito experimental no estúdio. Nós amamos música pop também, os Beach Boys e os Beatles, gostamos de muitos tipos diferentes de música, é como se fosse uma tela de pintura que jogamos várias tintas e vemos o que acontece.

Fix Yourself, Not The World começou a ser produzido em 2019, antes da pandemia. Algo mudou na forma como tiveram que gravar esse álbum? Quais foram os principais desafios e as vantagens?

O principal desafio foi que tivemos que ser mais organizados, antes de iniciar a gravação. Antes da pandemia tínhamos, talvez, já metade do álbum, fizemos por volta de 14 ou 15 músicas juntos, em Los Angeles, ao longo do ano, e estávamos satisfeitos com seis ou sete delas, e decidimos que queríamos gravá-las.

Então fizemos algumas sessões no Zoom, trabalhamos mais nelas, e antes de ir para o estúdio com Mark Crew, o produtor, ele fez um esquema visual para que pudéssemos concluir as gravações em seis ou sete semanas, onde ficou esquematizado qual música deveríamos trabalhar mais, a opinião de todos os membros sobre cada música, e as opiniões dele também, isso foi muito importante pois estávamos realizando as gravações a distância.

E os problemas que encontramos foi quando, por exemplo, Murphy estava trabalhando em uma música em L.A., e nós em outra, e recebíamos material dele, e então precisamos desconectar completamente da música em que estávamos trabalhando para poder dar atenção a essa outra.

Por fim, houveram esses momentos que foi confuso mudar de uma música para a outra, mas no final nos acostumamos, e foi parte da diversão também, pois cada música pôde fazer parte de outra música.

Você pode estar tocando mellotron, ou sintetizador, e pensa que esse som se encaixaria bem em outra música, pois é interessante reutilizar determinados sons ao longo de um álbum para construir uma história e um paladar também.

Criar conexão com a geração Z é um desafio e tanto nos dias atuais. Com Greek Tragedy, vocês viraram uma febre no TikTok. Como foi isso para vocês? Por que acreditam que funcionou tão bem na plataforma?

Foi uma surpresa pra nós, estávamos no fim da gravação do álbum e nosso agente nos avisou que estouramos no TikTok, com um remix, nós só tínhamos feito um remix uma vez, em 2015.

Foi muito legal, vimos os vídeos, e toda tecnologia nova a geração atual pega e integra como sua, e foi legal ver como as pessoas estão se comunicando hoje em dia com TikTok e outras plataformas.

Nós não entendemos tudo completamente, mas ficamos felizes que as pessoas estavam agindo desta forma por nossa música, acredito que pela letra da música, mas é como uma loteria, de alguma forma tudo aconteceu.

O que os fãs podem esperar do show no Lollapalooza? Vocês vão focar em algum álbum ou pretendem tocar um pouco de cada disco?

Nós estávamos pensando no setlist, pois nunca fizemos realmente um show na América do Sul, apenas pequenos shows no Brasil. Então pensamos que o setlist deve ser bem abrangente, com seleção de músicas de cada álbum, e será uma jornada pelos nossos álbuns.

Vocês pretendem assistir algum show do lineup do Lollapalooza? Quais artistas mais chamam sua atenção?

Sim, em Santiago assistimos Idles, muito bom e caras muito legais também, a energia deles, as mensagens e as letras são muito boas, mistura um pouco de raiva e humor, que é muito importante hoje em dia.

Mas também quero ver os Strokes, eles são tão bons ao vivo e têm tantas músicas boas, Caribou, que é um artista de eletrônica. E também há uma artista brasileira que tenho interesse, que me foi recomendada, Pabllo Vittar.

Texto por Blog n’ Roll

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