“Temos capacidade de gerar mais de 40 mil empregos”, diz Alberto Mourão

Por Santa Portal em 07/08/2024 às 15:00

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Prefeito por cinco mandatos e pré-candidato à Prefeitura de Praia Grande, Alberto Mourão (MDB) projetou, em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida na última terça-feira (6), resgatar a integração metropolitana para gerar mais empregos, melhorar a mobilidade urbana, tratar questões ambientais e tornar a segurança e a saúde mais eficientes.

Mourão, que tem Rodrigão (PSD) como candidato a vice-prefeito, também evitou comparações às suas passagens pela chefia do Executivo, afirmando que são “novos momentos”, tendo em vista o crescimento populacional de Praia Grande, hoje segundo maior eleitorado da Baixada Santista. A coligação partidária do ex-prefeito tem MDB, PSD, PRD, PP, Agir, Republicanos e DC.

Assim como Alberto Mourão, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os postulantes às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.

O senhor foi prefeito de 1993 a 1996, de 2000 a 2008 e também de 2013 a 2020. O que o Mourão de hoje falaria para os ex-prefeitos?

Olha, acredito muito que em novo momento você tem novas demandas e novas soluções. Não posso ficar refém daqueles pensamentos do passado, porque as demandas são diferenciadas em cada relação humana, tecnológica. Isso sempre foi o meu comportamento. Então, não tenho muito a dizer para o prefeito do passado, não. É caminhar na frente com determinação.

Faria alguma coisa diferente?

Preciso aprofundar a cidadania. É fundamental que a gente faça com que a sociedade participe cada vez mais, tenha mais consciência da preservação do seu espaço. É fundamental isso.

Na década de 90, Praia Grande não tinha nenhum semáforo e hoje é uma cidade cada vez mais populosa. Como que você vê a importância da administração municipal para preparar a cidade para o futuro?

A população da Praia Grande aumentou 50 mil em quatro anos. É uma loucura. Automaticamente, a demanda aumenta. Percebe-se congestionamentos em inúmeros locais. No Samambaia, tem um problema seríssimo de sete minutos de um farol, porque são diversas fases. Tem problemas na região da rotatória da entrada da cidade, na Avenida Mallet.

Há problemas na Vila Tupi, nos faróis da Ocian. Então, investir mais em tecnologia nesse momento. Hoje temos tecnologia mais moderna, que conseguimos fazer semáforos inteligentes que possam se organizar a partir do fluxo.

O desenvolvimento também traz problemas relacionados à segurança, por exemplo. Como você vê hoje essa questão?

Os números avançaram bastante, mas a gente precisa melhorar cada vez mais. Novamente, novos momentos. Embarcamos muita tecnologia, temos uma central de monitoramento e mais de quase 3 mil câmeras na rua. Precisamos ampliar mais 2 mil câmeras para melhorar esse arco de proteção. Trazer novas tecnologias.

Temos o vídeo analítico, nós temos a OCR. Reduzimos o volume de furto e roubo de automóvel com a implantação da OCR. Mas, é lógico, quanto mais você colocar tecnologia, mais você vai avançar. Principalmente na receptação.

Acho que tem que colocar vídeos nas regiões onde existem os compradores de matéria-prima, de reciclagem, que automaticamente são um ponto, às vezes, de desova desse material. Ampliar as ações de entender como é o tipo de criminalidade. Ela muda, ela migra. Ela vai correndo de bairro para bairro, vai mudando de sistema.

Então, é se aproximar cada vez mais da Polícia Militar e da Polícia Civil. Entender os boletins de ocorrência e em cima desta ação, deste levantamento, investir em mudanças até de posições de câmeras ou, então, novas tecnologias que possam melhorar o apoio à polícia.

Como você vê a participação do governo do Estado no investimento da segurança pública em Praia Grande? Porque, como o senhor disse, a população aumentou muito, 50 mil pessoas em um curto período. O investimento do Estado, na segurança, tem acompanhado esse ritmo?

No último ano do meu governo, aumentou, mas precisamos aumentar mais. Acho ainda falta um efetivo de mais de 150 homens. A Guarda Municipal foi aumentada para 500 homens. Ela era maior ou igual à PM.

Então, nós temos que aumentar mais efetivo da polícia para que consigamos trabalhar com um efetivo mais forte. Acho que, também, conversar com o governo do Estado. Isso é um trabalho metropolitano, é um trabalho longo, que nós já estamos fazendo há muitos anos. Reforço do policiamento fora da temporada.

Precisamos trazer mais efetivo para toda sexta, sábado e domingo. Porque, nesse período, temos um fluxo maior. Praia Grande, hoje, tem quase 50% dos turistas que descem para a Baixada.

Ou seja, temos que ter um reforço. Senão, sobrecarga o efetivo normal, que tem que estar empregado de segunda a quinta. Na sexta, tem que vir um reforço externo para que possamos ter um bom serviço durante a semana.

A Operação Delegada pode auxiliar?

A Operação Delegada é difícil. Porque, quando pegamos a prefeitura, até pode fazer uma Operação Delegada, mas ela tem que empenhar esse efetivo na fiscalização de comércio, ele não pode ficar no policiamento.

Então, não resolve o nosso problema. Precisamos de efetivo para fazer o extensivo, não para ficar fazendo fiscalização comercial. Então, é um engodo isso, para mim.

Ao contrário da Dejem (Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar), que é o Estado investir mais recurso para colocar mais policiais para fazer o serviço de policiamento. Então, é uma solução concentrar mais recurso na Dejem às sextas, sábados e domingos, para que o efetivo que nós temos, trabalhe de segunda a quinta, reforçando mais o policiamento. Assim temos um equilíbrio.

Quando falamos em segurança, pensamos em policial na rua. Mas a zeladoria dos bairros, que é iluminação, um calçamento, ou mesmo um monitoramento de câmeras, cabe ao Poder Municipal. Isso caminhando junto melhoraria ainda mais.

A partir do momento que tiver o reforço de policiamento. Nós trabalhamos com a questão de aumentar o número de câmeras e mais tecnologia. A cidade tem um sistema ímpar no Brasil.

A gente precisa melhorar a iluminação? Precisa. Prefeitura já substituiu 10 mil lâmpadas. Nós temos ainda 25 mil lâmpadas que serão trocadas por LED. Isso vai dar uma explosão de iluminação e, automaticamente, melhorar o sistema.

 Uma outra coisa que nós achamos que devemos fazer, também, é estabelecer zonas de fluxo. É um estudo que começou há quatro anos. Você sai muito bem por onde passa. Geralmente, são locais onde a população desce do ponto de ônibus ou se dirige de um bairro e ela percorre sempre aquelas mesmas ruas.

Então iríamos reforçar o sistema de monitoramento e de patrulhamento nessas ruas, porque elas têm mais fluxo de gente.

Sobre mobilidade urbana, a Rodovia Padre Manuel da Nóbrega vai ser privatizada, vai passar por uma concessão. Como o senhor vê o impacto disso para os moradores de Praia Grande?

Tenho uma preocupação. Eu não estou na Prefeitura, mas a minha preocupação é com a Praia Grande e os quatro viadutos. A gente precisa ter quatro viadutos subterrâneos, que nem eu fiz na Passagem da Expresso Sul 21.

Só estou pedindo quatro. Uma na região da Caiçara, que é para fazer esse fluxo entre a terceira zona, a segunda e a primeira zona residencial. Uma na região do Imperador, que é fundamental, uma no Jardim Real e uma na Cidade da Criança, de forma que consigamos ter o fluxo das pessoas que precisam atravessar de um lado para o outro com segurança para colégio, para outras atividades de trabalho ou consumo.

Ao longo da rodovia diferentemente de Mongaguá para frente, que tem o lado do morro e tem o lado praia, isso foi muito bem trabalhado em Praia Grande. A gente não vê mais tanta diferença em relação principalmente ao asfalto, por exemplo. Então, como é que o senhor vê essa questão? Porque era uma reclamação de muitos moradores.

Acabamos equacionando e tinha que primeiro investir do lado de cá, gerar riqueza, gerar crescimento econômico e investir do lado de lá. Então, pavimentamos todas as ruas sem cobrar nada dos bairros. Depois, dois terços dos colégios foram construídos todos lá.

Dois terços da Unidade de Saúde e todas foram construídas lá. Todas as atividades maiores, investimentos, foram feitos nesses bairros. Agora estão construindo-se novos parques também, novos centros de lazer.

E é cada vez melhorando a condição daquela população e investindo muito em regulação fundiária e habitação, os conjuntos habitacionais. E agora temos que começar a investir, na realidade, no processo de macrodrenagem para que possamos resolver alguns pontos ali. A Prefeitura já começou no Jardim Imperador, foram quatro anos de licenciamento ambiental para tirar as águas do Jardim Imperador e fazer a pavimentação.

E para fazer esses grandes investimentos em macrodrenagem, o senhor acredita que a Prefeitura precisa buscar empréstimos ou a ajuda de emendas parlamentares?

Ela deu conta até agora. Talvez pelo o aumento populacional, o aumento da demanda, vamos buscar algum financiamento a qualquer momento, para fazer uma obra um pouco maior. Mas também a gente tem que enxugar o custeio.

Entender que temos que administrar o dia a dia. Não dá para você depender dos outros para fazer algo. Então, não seja eleito prefeito, tem que administrar.

Essas coisas também não podem ficar prometendo que você vai buscar seu recurso externo e esquecer que a sua capacidade de administrar é que pode realizar. Eu realizei muito e fiz muito sem necessidade de buscar tanto apoio externo.

Como é que o senhor avalia a intenção de aumentar as finanças do município?

Se você aumenta a economia, se a cidade tiver uma atividade econômica crescente, é óbvio que as receitas indiretas vão crescer. A participação no ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a participação no Fundo Federal, a nossa receita de ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) cresce. O crescimento econômico, você não precisa fazer necessariamente pelo aumento da carga tributária, mas pelo aumento da atividade econômica que gera indiretamente algum benefício.

Além de novos contribuintes de IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), porque automaticamente tem mais construção, é uma média de 3 mil apartamentos por ano que se constrói, a cada ano chegam 3 mil novos contribuintes.

O senhor vê alguma área em potencial que Praia Grande poderia explorar mais para trazer mais investimentos?

Precisamos estimular a Região Sul, Solemar, Imperador. Aquela região extrema tem uma praia de 9 quilômetros até o Caiçara, é maior que a praia de Santos, e tem uma população de 25 mil habitantes. Numa cidade de 380 mil, ela tem 25 mil naquele canto com 9 quilômetros de praia. É um paraíso.

E é uma praia com esgoto, com toda a infraestrutura e precisamos estimular a ocupação urbana para lá. Estamos muito adensados na região do Boqueirão, Forte e Guilhermina, e precisa adensar mais os extremos. Precisamos de equilíbrio.

O senhor atuou em várias áreas do desenvolvimento. Educação, geração de emprego, habitação, saúde, segurança, transporte. O que essas experiências agregaram ao seu currículo?

A experiência, quando você está atento… Porque, às vezes, você pode passar por um momento de experiência e passou. Mas, quando você entende que política é ciência, que tem que se aprofundar nesse processo de conhecimento, é óbvio que, em cada uma dessas áreas, fui entendendo melhor. Fui dialogando com todos os atores, quem presta o serviço e quem está demandando o serviço, e entender como é que os conflitos acontecem dentro desse processo, para que você possa achar soluções para cada uma dessas áreas.

Sou um cara inquieto, constantemente tentando achar o porquê daquilo que está acontecendo e qual é a solução para aquele problema. A vida pública me fascina. Política é ciência e invocação.

Até diante disso, dessa sua inquietação, Praia Grande foi a primeira cidade a adotar o modelo de organizações sociais na área da saúde, ainda na década de 90. O que a gente percebe é que os indicadores, eles são alcançados por essas organizações, mas a qualidade do serviço ainda é um ponto que precisa ser melhorado. Como é que o senhor vê a possibilidade de o poder público melhorar esse acompanhamento?

Tenho claro para mim que concessão, permissão, todo este processo, você não passa o serviço para alguém e acha que não vai fiscalizar e não vai fazer as medidas métricas necessárias para saber se aquilo está funcionando.

E o caso das organizações não-governamentais primitivas da saúde, você tem que ter as métricas de desempenho. A correlação hospital com a saúde básica é uma das coisas que a gente vai cobrar muito. Porque precisa, é fundamental. O paciente que chega lá para ter parto, eu podia saber se efetivamente ela fez o pré-natal, de onde ela veio, porque às vezes ela veio de outra cidade, é fundamental. Depois dele sair de lá, ter o mínimo de um acompanhamento, porque é fundamental isso.

Então, não adianta. As doenças que são colocadas dentro do hospital, ou de emergência, ou até eletivamente, elas têm que ser discutidas com o resto das estruturas de saúde. O hospital não é uma medida só de ir lá atender, salvar e botar na rua de volta. Nós temos que entender o sistema de saúde, qual a origem dos problemas nossos. Então, entendo que a não é só atender, é discutir políticas de saúde em conjunto. Desde o atendimento primário lá, na unidade básica, na especialidade através dos especialistas e do sistema hospitalar.

É por isso que tem que se renomear o comitê gestor do sistema de ciência na área da medicina da cidade. Eu tinha nomeado um há quatro anos atrás, quando foi na pandemia. A gente tem que voltar.

Muitos moradores das outras cidades do Litoral Sul, inclusive, vão até Praia Grande para receber atendimentos, certo?

O AME de Praia Grande atende o Litoral Sul. 70% das consultas do AME vão para Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe, Itariri e Pedro de Toledo. Então, imagine que esse número de procedimentos chegou a ser 7, 8 mil por mês, que só vão para essas cidades.

Tinha um compromisso com o Estado para 18 mil. Temos um investimento de 40 milhões ali no prédio e terreno e hoje não está cumprindo, ele está fazendo metade do Estado. Vamos cobrar dele, tem que cobrar de volta os 18 mil, sendo 9 mil que ficariam na Praia Grande e 9 mil para o Litoral Sul.

Hoje o Litoral Sul recebe 6, nós 3, e eles recolheram 9 mil procedimentos por mês. Não está certo isso.

Diante dessa evolução populacional de Praia Grande, o senhor vê um município com mais unidades de pronto atendimento? O Hospital Irmã Dulce é adequado para a realidade da cidade?

Nós estamos trabalhando num acordo com o Estado, já falei com o governador, tinha feito uma proposta, inclusive, de mandar R$ 60 milhões de emendas parlamentares federais, tem um acordo com ele, para construir um anexo, que é um hospital para cardiologia e oncologia.

Nós temos 100 leitos, fizemos o necessário, 60 para cardiologia e 40 para oncologia. Um centro de tratamento oncológico, para identificar mais cedo a doença, para começar a tratar mais cedo possível. Hoje nós somos a pior referência do Estado de São Paulo em mortes públicas nas duas áreas. Baixada Santista e Vale do Ribeira são o maior índice de morte. Levei um documento ao governador, para que consigamos equacionar o problema regional, porque não é um hospital local, até porque não tem demanda para isso em Praia Grande.

Me propus arranjar recurso e dar o terreno para ele construir o hospital. Com a gestão estadual, é óbvio. Um hospital desse, vai demandar em torno de uns R$ 12 milhões por mês de custeio.

E sobre as UPAs, o senhor acha que é adequado o número atual?

As três são o suficiente. O que precisa é requalificar as equipes. Você pode ter necessidade de mais uma equipe ou duas numa, mais uma nessa. Então, precisamos equalizar a partir da população que se mudou, como está andando o fluxo de atendimento, de pressão.

Porque nós temos um problema. Samambaia, por exemplo, tem a pressão de toda a Zona Continental de São Vicente. Nós recebemos muito da Vila Margarida. Então, a que trabalha mais branda, é a do Quietude. Porque ela não sofre a pressão de outras cidades. Então, isso acontece muito.

Mas a gente precisa equacionar as equipes dentro desses pontos de referência de emergência e construir mais quatro unidades novas de saúde básica. Uma na Vila Sônia para tirar uma sobrecarga. A população aumentou muito também ali. Uma na Cidade da Criança. Uma no campo da Aviação. Além das Canto do Forte, Melvi, que estão sendo entregues agora, e Jardim Glória.

O senhor presidiu por duas vezes o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb). Esse trabalho conjunto é fundamental para o crescimento ordenado da região? Essa troca de experiência com os outros prefeitos facilita?

Sim. Em qualquer cidade. Você vê, em Los Angeles, tem um prefeito metropolitano. É impossível a gente não entender que se alguém joga lixo no rio, lá em Mongaguá, ele vai cair aqui no Estuário, vai cair aqui em São Vicente. Isso é uma coisa tão óbvia.

A gestão ambiental regional é fundamental. A questão da mobilidade urbana regional. Cada vez que se amplia o transporte coletivo de massa de boa qualidade, levando VLT em todos os cantos ou BRT com extensão mais longas, você tira fluxo de veículos e ônibus do centro da cidade.

Mas Santos, hoje, sofre muito isso, de dificuldade de mobilidade, porque só da Região Sul, de Praia Grande para lá, saem 16 linhas de ônibus para Santos. 16 linhas, uma a cada cinco minutos. Imagina quantos ônibus entram no sistema urbano dentro do município.

Isso é ruim. A partir do momento que você integrar todo o sistema VLT, isso dá uma desafrouxada no sapato. Então, é uma gestão que já deveria ter sido superada. Acho que é todo mundo acordar. As pessoas vão trabalhar em Cubatão, não tem emprego em qualquer lugar. Amanhã, poderão estar trabalhando no Andaraguá, em Praia Grande.

Você precisa ter mobilidade metropolitana, acessar Cubatão com velocidade, acessar Praia Grande com velocidade. Os espaços continentais têm condições de crescer a oferta de empregos. Então, é fundamental a gente entender que os problemas são comuns.

Como é que o senhor vê esse acompanhamento dessa visão metropolitana? Porque quando a região metropolitana foi instalada foi no seu primeiro mandato. Como é que o senhor vê isso hoje?

Avançamos bastante num determinado momento, durante dez anos. Acho que agora a gente deu uma caída. Acho que após a pandemia, houve um isolamento social. Paramos de discutir os nossos problemas metropolitanos com mais intensidade. Isso é ruim.

Porque, enquanto o interior se une, a gente se desune aqui na Baixada. E não é bom. Se olhar para Cubatão e ver a potência que tem a Usiminas, e ela subutilizada em 20% só, ali só, naquele complexo, dá para gerar 20 mil empregos para a Baixada. A gente tem como ativar rapidamente.

O que é que nós fizemos na Baixada para chamar os holofotes do governo de Estado, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, para entender e dialogar com a Usiminas para ver o que é que você vai fazer com o patrimônio que nós temos aqui na Baixada? Patrimônio que é nosso. Porque nós permitimos que ali ocupassem, desmatassem e instalassem uma indústria. Ela desativou quase tudo e nós perdemos 20 mil empregos.  Não é justo.

Então temos que discutir emprego de forma regional também. Quem é que levantou a voz para defender o Andaraguá? Ninguém. Mas não é um aeroporto. É um complexo empresarial para gerar 15 mil empregos. Se não houver unidade de pensamento, quando você não pode criar na sua cidade, crie onde é possível.

Aqui é mais estrategicamente, seja mais perto da capital, perto do sistema ferroviário, rodoviário. Temos capacidade de gerar emprego aí. Se a gente acordar para realidade, temos capacidade de gerar mais de 40 mil empregos, no médio e longo prazo.

Qual a ação metropolitana estamos fazendo para isso? Precisamos discutir os grandes blocos, o sistema de saúde. Agora há pouco falamos sobre hospital de oncologia e cardiologia. A maior parte da demanda dentro do ponto de socorro é hemodinâmica. É cateterismo.

Você pega alguém para fazer cateterismo e vai na Pariquera Sul, fica esperando na fila do Guilherme Álvaro. Qual é a discussão que foi feita? O prefeito tem que olhar para a porta de entrada, que é o ponto de socorro, e perceber que 70% de quem está lá está com esse problema.

É por isso que eu comecei a fazer um estudo mais aprofundado. Mas a pandemia acabou, a gente precisa discutir isso. Os problemas macro. Quando sentamos lá para discutir pequenos problemas, aquilo fica cego. É buscar uma pauta. 

A mobilidade, a geração de emprego, o sistema de alta complexidade hospitalar, que é fundamental para a gente, a questão ambiental para poder resolver um problema seríssimo, que é abraçar o turista, e a segurança. Abraçar essas cinco temas. Eu falava sempre nas minhas reuniões. Se não abraçar esses cinco temas, não vale a pena.

Para terminar, como o Alberto Mourão define a si próprio?

O Alberto Mourão é um trabalhador persistente, sonhador, mas no bom sentido, porque se você não sonha, você não acredita numa realização, você tem que estar sonhando sempre. Acho que sou um cara que ainda acredita no ser humano.

Quero continuar acreditando no ser humano, porque a maioria diz que se não acredita, se isola. Até Cristo acreditava na gente, Deus continua acreditando na gente. Quero sempre acreditar no ser humano e trabalhar para ele. O Mourão é um homem que quer perseverar, quer superar a si mesmo.

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