Surto de encalhes preocupa biólogos após mais de 130 pinguins mortos na Baixada Santista
Por Beatriz Pires em 22/10/2025 às 20:00
As águas ricas em nutrientes e as temperaturas amenas são os principais fatores que atraem animais marinhos para a costa da Baixada Santista. Só em setembro, foram encontrados 135 pinguins-de-magalhães, todos mortos, entre Peruíbe e Itanhaém. Já em julho, 50 pinguins encalhados foram registrados em Santos, São Vicente, Guarujá e Bertioga.
Além dos pinguins, é comum avistar tartarugas marinhas, lobos-marinhos e até golfinhos. De acordo com a bióloga e responsável técnica do Instituto Gremar, Rosane Farah, a região tem uma localização estratégica entre o Oceano Atlântico e a Serra do Mar, o que proporciona uma diversidade de habitats — como recifes de corais, manguezais e estuários — que servem de refúgio e fonte de alimento para diversas espécies.
“As correntes marítimas que circulam por essa área trazem nutrientes essenciais, favorecendo a concentração de vida marinha. Além disso, as ações de conservação e a implementação de áreas protegidas têm sido cruciais para garantir a segurança e o bem-estar de muitas dessas espécies”, explica a bióloga.
Rosane detalha que o aparecimento dos animais na orla varia conforme a espécie. As tartarugas marinhas costumam ser vistas ao longo de todo o ano, principalmente no verão. Mesmo que a região não faça parte da rota de desova, as águas da Baixada Santista se tornam mais ricas em peixes, invertebrados e algas nessa época. Já para os pinguins-de-magalhães, a região se torna uma rota de fuga em busca de oceanos mais quentes, durante o período migratório entre abril e agosto.
As baleias-jubarte e outros cetáceos também passam pela região em suas rotas migratórias, buscando locais para acasalamento, parto e amamentação dos filhotes, especialmente entre o inverno e a primavera.
Segundo Rosane, a ocorrência de encalhes é um fenômeno que pode variar entre cidades, dependendo de fatores como correntes marítimas, atividades humanas — tráfego de embarcações e poluição —, condições climáticas e características geográficas locais, como praias mais abrigadas ou costeiras rochosas, que podem influenciar na probabilidade de encalhes.
“Nos casos de animais vivos, a equipe realiza a contenção segura, avaliação clínica e, se necessário, o encaminhamento para reabilitação. Já nos casos de óbito, é feita a necropsia e coletadas amostras para exames que ajudam a entender as causas do encalhe, contribuindo para a conservação das espécies marinhas”, enfatiza Rosane.
A auxiliar de Educação Ambiental do Gremar, Rafaela Sena, explica que o Instituto é responsável por monitorar o Trecho 9, que abrange os municípios de São Vicente a Bertioga. Todos os dias, uma equipe técnica percorre a faixa de areia das praias realizando monitoramento, resgate e atendimento de animais.
Rafaela orienta que, ao encontrar um animal marinho, a recomendação é não tentar devolvê-lo ao mar, não alimentar, não tocar e manter silêncio. O ideal é manter distância e acionar as autoridades competentes, como o Corpo de Bombeiros ou o Instituto Gremar.