02/08/2025

Surfista brasileiro busca elite mundial apoiado por projeto contra fake news

Por Guilherme Dorini/ Folha Press em 02/08/2025 às 13:08

Pierre Tostee/WSL
Pierre Tostee/WSL

Igor Moraes estreou na temporada do Challenger Series 2025 com algo incomum estampado no bico da prancha. Nada de marca de roupa, suplemento ou energético – patrocinadores comuns para surfistas profissionais.

O logo é do projeto “Mais Pelo Jornalismo”, iniciativa brasileira que combate fake news e apoia pequenos veículos de imprensa em regiões onde o jornalismo local está desaparecendo. A parceria é simbólica mas também prática. O projeto é responsável por financiar a campanha de Igor na divisão de acesso do Circuito Mundial de Surfe.

“É a primeira vez que consigo só treinar, comer, dormir e competir. Eles acreditaram em mim. E estamos sonhando juntos”, disse Igor Moraes.

A conexão entre Igor e o MPJ começou depois que o time da iniciativa viu uma vaquinha online que ele criou para tentar bancar a temporada. Sem patrocínio, Igor dava aula de surfe e editava vídeos para seguir competindo.

“Meu maior medo era classificar e não poder ir, ter que abandonar meu sonho pela falta de condição financeira”, disse Igor Moraes.

Do surfe à causa

O “Mais Pelo Jornalismo” é um projeto sem fins lucrativos apoiado pela I’Max. Oferece gratuitamente infraestrutura completa para veículos de comunicação locais — de hospedagem a ferramentas de monetização. O objetivo é simples: manter o jornalismo de pé em regiões vulneráveis à desinformação.

neste sábado (02), Igor carrega esse propósito para dentro d’água. “Antes, eu era meio alheio às notícias. Agora, vejo o tamanho do problema que é a fake news. Ainda mais no Brasil, com IA, meme, manchete falsa. Sem jornalismo, as pessoas ficam cegas.”

“O surfe é um esporte solitário. E fazer jornalismo ético em cidade pequena também. Nossa ideia foi conectar essas duas lutas”, disse Fernanda Lara, CEO da I’Max.

Família Medina

Igor cresceu em Maresias surfando com Gabriel Medina. São quatro anos de diferença e muitas sessões juntos. “A gente surfava o dia inteiro e depois brincava de polícia e ladrão na rua. Eram outros tempos”, lembra.

A vida seguiu caminhos diferentes, mas a família Medina continuou ajudando.

“Me ajudaram em vários momentos. O Charles [padrasto de Gabriel] me deu quilha, perguntou se eu precisava de algo, mas o mais importante foram as conversas. Eles me ajudaram muito”, disse Igor Moraes.

Igor foi campeão brasileiro em 2019 e terminou entre os sete melhores da América do Sul na última temporada. Mesmo assim, seguia no modo independente —sem equipe, sem patrocínio, sem estrutura. Até agora.

Sufar com propósito

O início da campanha no Challenger Series não foi brilhante: 73º em Newcastle, 49º em Ballito. Mas ele segue acreditando —e surfando por algo maior.

O Brasil tem neste sábado (02) 47 milhões de pessoas vivendo no litoral. Em 40% dessas cidades, não há nenhum veículo de jornalismo local. São os chamados “desertos de notícia”, onde a desinformação corre solta.

“Não sou especialista, mas estou aprendendo. E se conseguir fazer algumas pessoas se importarem mais com a verdade, já sinto que estou ajudando”, diz Igor.

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