Sudoku resiste ao digital e segue firme nas bancas de Santos
Por Laeticia Bourgeois em 15/09/2025 às 06:00
Apesar do avanço dos jogos digitais e aplicativos de celular, as revistas de Sudoku continuam atraindo público nas bancas de Santos, no litoral de São Paulo. A maior parte dos compradores são aposentados que veem no passatempo uma forma acessível de exercitar a memória, estimular o raciocínio e preencher o tempo livre.
O Sudoku é um jogo de raciocínio lógico onde, em sua versão mais comum, o jogador é desafiado a encaixar algarismos de 1 a 9 em uma grade 9×9, sem que haja a repetição de nenhum número nas colunas, linhas e blocos. Nas bancas de jornal do bairro do Gonzaga, os vendedores afirmam o favoritismo por esse jogo por parte dos idosos. “A maioria são idosos. Os jovens preferem outras revistinhas, como caça-palavras”, revela Ivania de Oliveira, dona da Banca Estátua, localizada na Avenida Ana Costa.
O jogo é recomendado na prevenção de declínio cognitivo e de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer. “Médicos passam a atividade para manter os idosos ativos, e muitos filhos vêm aqui comprar para seus pais”, conta Ivania. A frequência de compra das revistas, e até mesmo livros de Sudoku, varia. “Revistas mensais costumam sair mais. Por exemplo, se compram a edição de número 443, no mês seguinte eles retornam para comprar a de número 444. De qualquer forma, eles sempre voltam para buscar. Quando não tem edição nova, pegam as revistinhas que estão em promoção”, conclui.
As revistas são divididas em três níveis: fácil, médio e difícil. O mais procurado pelo público é o nível médio, que oferece mais dificuldade, mas sem ser tão difícil a ponto de desmotivar. “O nível médio é o mais procurado. Muitos que vêm comprar aqui jogam há muito tempo, então estão acostumados. Gostam do nível difícil também”, conta Diamantino Bernardino Filho, dono da Banca Barreto, na Avenida Floriano Peixoto, também no Gonzaga.
Embora o público idoso seja o principal consumidor do jogo de lógica, os jovens também demonstram interesse no passatempo. Segundo Alessandro Silva Alves, trabalhador da Banca Galeão, na Praça Independência, muitos jovens procuram pelas revistinhas. “Jovens também compram por aqui. O jogo é um exercício mental para todas as faixas-etárias, então é bom para os mais novos também, estimular cada vez mais a cabeça é importante”.
Com o uso cada vez mais abrangente da internet e de aparelhos digitais, poderia se esperar uma queda na compra e venda de revistas impressas. Porém, isso ainda não se reflete na prática, como relata Alexandre de Carvalho Francini, administrador da Banca Cinelândia, na Rua Tolentino Filgueiras. “Pessoas de mais idade não têm tanta facilidade de mexer nas redes ou no celular, eles ainda preferem o papel. Então, ainda não senti a diferença ou o impacto dessa mudança, que pode sim acontecer no futuro. Tudo que muda pro modernismo acaba prejudicando as bancas”.