Sistema ferroviário francês pode servir de modelo logístico no Brasil, diz especialista

O Painel sobre Cybersegurança abriu a tarde do último dia do Seminário Brasil-França, no auditório do Bloco E, da Unisanta. Christophe Couturier, do IMT, disse que na França o sistema de cybersegurança está em franco desenvolvimento, principalmente no sistema ferroviário, e que esse modelo pode servir para ser implantado no Brasil.

“Além da conectividade direta com a internet, temos a conectividade local, sem passar pela infraestrutura. Isso permite criar uma série de serviços para os passageiros, por exemplo, no setor ferroviário. A conectividade carrega consigo tudo isso. Se deixarmos correr de maneira natural cada setor vai desenvolver a sua conectividade. Porém, a gente tem um sistema muito complexo difícil de padronizar, então estamos tentando converger o sistema para torná-lo o mais homogêneo possível”, afirmou Cristophe.

Para o especialista, o Brasil poderia fazer investimentos nesse sentido para deixar o mais moderno possível o seu sistema de transporte de cargas. “Na Europa colocamos os trens nas mesmas linhas, no Brasil é diferente. Porém, vejo que isso pode ser uma oportunidade nesse sentido”, disse.

No entanto, Cristophe acredita que seria difícil o governo federal fazer esse tipo de investimento. Essa tecnologia poderia chegar ao Brasil impulsionada por investimentos da iniciativa privada. “Depende dos industriais, mas é difícil falar em prazos. No ponto de vista comunicativo, o grande desafio é: qual velocidade vai ser a dos industriais?”, questionou.

Segundo o especialista francês, o sistema utilizado na França, para o transporte de pessoas, é seguro o suficiente e seria facilmente aplicável em curto prazo caso também fosse adotado pelo Brasil, especialmente no caso do transporte de cargas para o Porto de Santos.

“Do ponto de vista da cybersegurança, é importante estabelecer limites, mas podemos afrouxar em algumas questões. Até porque, o setor de logística tem muito interesse estratégico. Nossos novos sistemas vão estar em aplicação em 2023, ou 2024. O que será feito pode ser equivalente ao setor de transporte das cargas. Não sou desenvolvedor de aplicativos, mas esse aplicativo precisa estar baseado na confiança. A informação pode ser materializada no contêiner, mas eu preciso me certificar de que essa informação é certificada por um terceiro de confiança. Precisamos de uma infraestrutura especifica para isso”, explicou.

Seminário Brasil-França

O Seminário Brasil-França ocorre terça-feira (10), no auditório principal da Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos. O encontro reúne especialistas brasileiros e franceses das principais universidades dos dois países que apresentarão pesquisas e estudos com as potencialidades e alternativas para a ligação entra a Capital e o maior porto da América Latina, bem como os caminhos para o transporte de carga nas próximas décadas e as questões de sustentabilidade envolvidas.