15/12/2018

Sérgio Guedes fala dos planos da Portuguesa para o Campeonato Paulista

Por #Santaportal em 15/12/2018 às 10:03

PORTUGUESA SANTISTA – A austeridade e o profissionalismo de Sérgio Guedes não impressionam mais. A conduta do técnico já virou admiração de quem vê seu trabalho e quem o ouve falar. Foi isso que ele demonstrou nesta entrevista, em meio aos preparativos da Portuguesa Santista para a disputa da Série A-2 do Campeonato Paulista.

Pergunta – Como está este estágio de formação do elenco e de preparação física para a Série A-2?

Esse é o momento mais difícil porque você trabalha com formação, com escolhas, com equilíbrio muscular. Você recebe alguns jogadores em boas condições, outros não. Então isso requer um cuidado para que se tenha lesão e, conjuntamente com essa evolução, consiga ajustar o time. É o momento que mais estressa, que mais trabalho dá, mas é importante fazer porque você tem necessariamente, para colher o que você quer na frente, cuidar muito bem da estrutura, do alicerce, para que o produto final seja bacana. Por isso começamos mais cedo, com atividades que não são comuns à divisão, para que possamos extrair o melhor de cada atleta.

Pergunta – E, assim, tornar o grupo o mais homogêneo possível…

A gente segurou uma base do time que jogou o último campeonato e pontuamos com algumas aquisições de jogadores mais rodados, que precisam reconstruir carreira. Então é uma troca profissional, de ajuda e que a gente prioriza a entidade, para que de uma forma conjunta tenhamos esse crescimento e atinja os objetivos.

 

Pergunta – Como você definiria o perfil do time que você está montando?
O futebol moderno te exige necessariamente força e velocidade. São quesitos que você não pode deixar de ter. Dentro disso atingido, você visiona o recurso técnico que os jogadores têm. Aí você começa a qualificar de verdade o time, conseguindo fazer suas escolhas e montando como a competição pede: competitivo e que saiba administrar os momentos que vão acontecer ao longo dela. Até o fim do ano, espero ter completado o elenco, priorizando jogadores ecléticos. Não podemos ter vários de cada posição.


Pergunta – Como você imagina o campeonato, levando em conta as claras diferenças entre a A-3 e a A-2?

É muito mais difícil. Entendo que será equilibrado. Não pelo fator econômico, porque existe discrepância em relação a isso. São de cinco a seis times com poder aquisitivo alto, com uma solidez maior. É outro patamar, embora a gente conheça bem o interior do Estado e controle como estão nossos concorrentes. A Portuguesa vem de uma reconstrução, buscando se restabelecer no cenário e sem um grande orçamento. Então apostamos nas pessoas, nos profissionais, no trabalho de equipe. Deu certo na A-3 e vamos fazer isso novamente. Talvez seja a nossa grande tacada, o nosso grande trunfo.


Pergunta – Na Série A-3, você propôs jogar bola com técnica e conseguiu. Na A-2 é mais difícil fazer isso?

Não, porque é mais ou menos o patamar da competição. Na A-3, optamos por fazer uma aposta porque era um contraponto ao estilo da competição, que tem muita ligação direta, qualidade técnica pobre e investimento baixo. Correndo o risco de me estrepar, como alguns amigos me diziam, que eu estaria cometendo um erro formando um time técnico em uma competição que não tem nenhuma característica para isso. E foi bom porque, a partir do momento em que você se colocou na competição, o adversário sem preparação quis nivelar, o que beneficiou muito nosso trabalho. E a ideia é ter novamente uma equipe que se coloque no jogo, não se permitindo se defender o tempo todo, com atletas que possam se motivar novamente, se sentirem importantes, pois vão encontrar situações que já viveram em algum momento da carreira, e a Portuguesa vai precisar deles.


Pergunta – Há jogadores no atual elenco que participaram dos acessos recentes da Briosa. Por essa razão, existe uma carga maior de responsabilidade sobre eles, que tem de ser administrada?

Talvez o que tenha permitido que eles ficassem tenham sido essas conquistas. Isso é relevante. Eles conhecem a atmosfera do clube. A Portuguesa tem cobrança, tem torcida quente, o alambrado bacana, o calor humano é muito legal e, quando você tem um time que responde, o adversário sente essa pressão. Quando nada funciona bem, isso é às avessas. Então precisamos ter um time de personalidade para lidar com isso. Tenho batido muito nisso com os atletas. Quero uma equipe que saiba se colocar no campo, principalmente quando você manda. Não é algo simples. Em todas as minhas passagens pela Portuguesa, não me recordo de ter perdido dois, três jogos aqui (em Ulrico Mursa). Acho que isso não ocorreu. Então isso significa que o fator mando é muito importante.


Pergunta – Todos no clube o elegem como peça-chave na montagem da Portuguesa, pela sua cumplicidade e profissionalismo. O presidente Emerson Coelho o define como parceiro. Muitos vem jogar aqui por sua causa. Até ficar de olho no rolo compressor no gramado você fica. Como você avalia tudo isso?

Na verdade, a gente nem quer que seja sempre assim. Em 2006, o time estava na primeira divisão e minha saída parece que foi uma âncora que levou o time para o fundo do poço. Mas isso não é pela importância do profissional Sérgio. É a forma como o profissional Sérgio se porta em dificuldades como essa. Quando eu jogava, tinha um perfil similar, de querer ver as coisas funcionarem. Eu penso mais no coletivo do que individualmente. Se você quer construir alguma coisa, precisa delegar, saber ouvir, projetar alguma coisa e ter convicção nisso, fazendo com que as pessoas acreditem. Talvez seja uma qualidade que eu tenha: sempre oferecer o melhor possível. Me dá uma satisfação pessoal muito grande quando as coisas acontecem porque, até então, é cobrança pessoal. As dificuldades são muito grandes. Às vezes temos problemas em coisas simples. É cuidar do campo porque a gente quer um time técnico. Não tenho a função de fazer mais do que o resultado no campo, mas procuro ajudar, pela amizade que a gente tem no futebol. E a gente passa a ser valorizado.


Pergunta – O futuro da sua carreira passa por treinar o Santos?

Essa é uma coisa que poderia ocorrer um dia. Mas não fico criando expectativas de coisas das quais não dependem apenas do meu desejo, da minha vontade. Entendo que uma coisa muito bem feita na Portuguesa abre leque, como tem ocorrido no cenário do futebol. Mas eu coloquei como uma meta pessoal fazer um trabalho de trazer a Portuguesa novamente para a elite. Essa é minha prioridade, meu desejo maior, até porque a gente cria esse vínculo com os profissionais que trazermos para cá. Futuramente, por consequência do êxito, a gente não sabe, mas se você consegue um resultado assim o prenúncio é de sequência, de continuidade.O futebol moderno te exige necessariamente força e velocidade. São quesitos que você não pode deixar de ter. Dentro disso atingido, você visiona o recurso técnico que os jogadores têm. Aí você começa a qualificar de verdade o time, conseguindo fazer suas escolhas e montando como a competição pede: competitivo e que saiba administrar os momentos que vão acontecer ao longo dela. Até o fim do ano, espero ter completado o elenco, priorizando jogadores ecléticos. Não podemos ter vários de cada posição.

* Colaborou Anderson Firmino e Ted Sartori

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