"São Vicente está sem perspectiva para o jovem", constata Rui Elizeu

Por Santa Portal em 14/08/2024 às 15:00

Sarah Vieira
Sarah Vieira

O candidato à Prefeitura de São Vicente, Rui Elizeu (PSOL), apontou que os jovens, especialmente da Área Continental, são “praticamente invisíveis” em projetos sociais, culturais e profissionais criados pela atual gestão. O advogado relacionou esta falta de oportunidades ao aumento da criminalidade na cidade, em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida nesta terça-feira (13).

Elizeu também explicou algumas de suas denúncias junto ao Ministério Público contra a administração municipal, nas áreas de transporte público e saúde, bem como definiu a implementação de um “olhar social” como o maior desafio do próximo chefe do Executivo. Aliás, o advogado confirmou Venusta Mie Fukushima Trindade (PSOL) como pré-candidata a vice-prefeita, na convenção da coligação partidária PSOL/Rede.

Assim como Rui Elizeu, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os postulantes às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.

Você tem várias ações e denúncias junto ao Ministério Público em face da administração. Qual é a sua avaliação do trabalho executado nos últimos anos?

A nossa avaliação é que todas essas demandas que nós ajuizamos foram de fato necessárias. Porque, já de uns cinco anos para cá, temos trabalhado bastante em São Vicente, principalmente observando que o cenário político é um cenário muito difícil, posso dizer, até triste para a cidade. E, apesar de ser um advogado, poderia ser um estivador, um engenheiro, um cozinheiro, qualquer outra profissão, mas nós ajuizamos essa ação por cidadania.

Porque, realmente, são coisas que acontecem na cidade, certos absurdos, e que ninguém tem o costume de reclamar. Nós temos um conluio entre o Executivo e o Legislativo. Os 15 vereadores olham muitas coisas erradas acontecendo e ninguém se manifesta.

E, durante os cinco anos, nós vimos coisas muito graves, fraudes no transporte público municipal, retrocesso e manifesto na saúde, prejudicando os moradores. Também indícios fortes de improbidade na questão do trato com o erário público. São Vicente tem o título de Celula Matter, primeira cidade do Brasil, mas, infelizmente, o que vemos é quase que uma barbárie contra a vocação, tradição e história da cidade, que, por si mesma, está perdendo a identidade por conta da inação ou da ação prejudicial das gestões municipais e dos legislativos que vem funcionando na cidade.

Rui, o que a gente percebe da sua atuação é que há um esforço muito grande para evitar retrocessos na área social. Eu me recordo que uma delas foi quando houve o fechamento do Bom Prato, ali do centro de São Vicente. Esse é o principal ponto da gestão? Ela tem um olhar de costas para a questão social?

Olha, digo para vocês com tristeza que nem o poder legislativo, nem o poder executivo, eles têm um olhar socializado para São Vicente. Nós temos visto ações aporofóbicas. Aporofobia, nós sabemos, é o ódio, é a aversão por gente pobre, não sabe ver morador de rua, se sente mal. E com o fechamento do Bom Prato, que atendia quase duas mil pessoas, com refeições a R$ 1, muitas pessoas se utilizavam desse aparelho, pessoas precisadas, não eram moradores de rua só, moradores de rua incomodavam, porque como falei, o aspecto aporofóbico da situação.

Mas eram donas de casa, eram idosos, eram comerciários que não têm condição de almoçar fora, no seu intervalo, pagando R$ 40 em um almoço, que é o que vale hoje, por baixo. Então ele conseguia, pagando R$ 1, se alimentar muito bem, ter uma dignidade e economizar um valor. Com esse dinheiro que ele economizava, sobrava alguma coisa para comprar outras coisas, para sustentar sua casa, às vezes até mesmo para manter os seus filhos.

Então nós vimos que foram moradores prejudicados com isso, muitos idosos que recebiam suas aposentadorias, iam ali para o Ipiranga comer. E por um desmando e principalmente por uma aversão, atendendo, claramente, e isso foi publicamente dito pelo atual prefeito, atendendo pedido da Associação Comercial e de alguns vereadores, ele fechou o Bom Prato e deixou toda essa gente sem nada. O que se tem hoje não chega nem perto daquilo que se tinha o Bom Prato funcionando na cidade.

Nós entramos com uma denúncia, foi instalado um inquérito civil e até agora esse inquérito civil está tramitando, porque é um retrocesso. Existe um princípio legal que chama-se proibição do retrocesso a direitos garantidos, educação, segurança, saúde e nesse caso principalmente o direito a comer, a vida, a dignidade e tem um inquérito que ainda está rolando sobre isso e os investigados, a própria Prefeitura de São Vicente e o Governo do Estado.

Você acredita que a área social seja hoje a que mais precisa de atenção em São Vicente ou você destaca alguma outra área?

Tudo que nós temos em São Vicente para melhorar, para entrar num desenvolvimento tem que passar pelo olhar social, por políticas públicas, políticas sociais e isso está vinculado a outros problemas que a cidade tem, por exemplo, a segurança.

Fala-se muito dos arrastões que estavam tendo e tem habitualmente em certas épocas por menores na cidade, mas se esquece que esses menores oriundos das comunidades não têm nenhum equipamento público, uma oportunidade, um curso técnico, algum direito a lazer, a uma praça pública, algum curso. Não tem equipamentos sociais que possam atingir esses meninos, essas meninas, para que eles de alguma forma evitem cometer esse tipo de delitos.

Penso que se for colocada a cidade no eixo, no combate à desigualdade social, muitas coisas vão melhorar, inclusive a segurança pública.

A atual gestão ela criou o modelo Nova Saúde de São Vicente. Como você avalia o andamento da área no município?

A Nova Saúde de São Vicente é uma falácia, uma caricatura de projeto de saúde, está acontecendo exatamente o contrário. Nós falamos de retrocesso no caso do Bom Prato, e agora nós estamos tendo um claro retrocesso na questão da saúde.

Em ano de eleição, a gestão municipal fechou o pronto-socorro do Parque das Bandeiras, que atendia cerca de nove mil pessoas ao mês. Coincidentemente nove comunidades eram atendidas pelo PS, e sob a alegação de que precisava reformar no ano eleitoral, fecharam o Bom Prato. Nós fomos contra, entramos também com uma reclamação, uma denúncia do Ministério Público, mas o prefeito fechou assim mesmo, disse que estava precisando, caindo aos pedaços. Então na realidade houve aí, nós verificamos que houve uma sabotagem para que fosse justificado o fechamento. Ficou três anos e meio, mais ou menos, sem fazer nenhum tipo de melhoria no pronto-socorro.

É lógico que é algo que fica dilapidado, mas poderia ser feita a reforma mantendo-se um pedaço dele, um local para fazer emergência. Fecharam assim mesmo. O que acontece? Colapsou a saúde de São Vicente. Os prontos-socorros do Humaitá, Rio Branco, inclusive o novo Crei foi colapsado com esse ato, não sei como adjetivar, por esse ato, por esse desmando da prefeitura, e muitas pessoas tiveram a sua saúde piorada, tivemos muitos óbitos também.

Alguns moradores do Parque das Bandeiras se organizaram e isso a gente fica de alguma forma feliz, porque mesmo numa situação difícil, eles se organizam, isso é cidadania pura, sem politicagem, sem nada. As pessoas se organizaram, nos procuraram na qualidade de advogado e nós também entramos com uma reclamação do Ministério Público e está ocorrendo um inquérito civil para apurar uma possível improbidade por conta da administração municipal no fechamento.

Só que agora aconteceu uma coisa pior. Eles entregaram o pronto-socorro do Parque das Bandeiras reformado, fizeram uma série de propaganda, divulgação, mas aquilo que funcionava 24 horas, que tinha uma equipe médica, que a sociedade da Área Continental conhecia bem os médicos, não é mais 24 horas, como eles falavam que era. É 24 horas para inglês ver. Eles fecharam o pronto-socorro, entregaram o pronto-socorro, só que se você é baleado, se você é vítima de um acidente de carro, por exemplo, um motoqueiro semana passada, você não é atendido lá. Eles fazem uma triagem e mandam para bem longe, que é o Rio Branco. E, por conta disso, a saúde fica debilitada.

Esse senhor que foi vítima de um acidente de trânsito, por exemplo, na semana passada, ele ficou na chuva por mais de uma hora na frente do pronto-socorro e não tinha ambulância. E também a equipe médica, que estava de plantão, ficou aguardando não sei sabe o quê. Várias pessoas testemunharam o que aconteceu e, inclusive, uma cidadã fez um pedido de informação à secretária de Saúde para que ela informe o porquê que aconteceu isso e porquê não foi socorrido no pronto-socorro.

Então, posso dizer, usando do meu direito de expressão, que foi um grande estelionato que fizeram contra os moradores da Área Continental, devolvendo o pronto-socorro depois de reformado não sendo mais como era antes. Não tem sala, não tem leito, não tem mais nada. É uma falácia fizeram lá, pintaram, colocaram algumas coisas, o novo, em termos, mas aquilo que se prestava 24 horas nós não temos mais.

Mas em relação ao Crei eram muitas reclamações também, inclusive dos próprios usuários.

O Crei tinha muitas reclamações e isso, na nossa opinião, é uma questão de pura gestão. Muitos vereadores iam lá fazer vídeos na frente, reclamando e tudo, mas na hora que as coisas precisam ser solucionadas, que é no ambiente da Câmara Municipal, todos ficam em silêncio. Então, é um silêncio quase que confesso dos 15 vereadores da Câmara com relação à administração atual. É uma passação de pano muito grande e com relação ao Crei antigo, que foi demolido e fizeram até um alarde, dando martelada, marretada, mas o novo Crei também está colapsado e está acontecendo muitas coisas ali que é pura gestão.

Eles não pagam os médicos. Por exemplo, os médicos do pronto-socorro do Parque das Bandeiras ficaram cerca de seis meses sem receber o seu salário. Todo mundo que trabalha precisa receber, todo profissional. Ficaram deliberadamente sem receber por conta da Prefeitura, que fica jogando a culpa na terceirizada e as coisas rumaram desse jeito, talvez até para referendar mesmo o fechamento do pronto-socorro para reformar.

Você chegou a comentar a falta de áreas de lazer, por exemplo, na Área Continental. Tem a questão também de deixar o jovem desocupado, sem qualificação, por exemplo. Como você vê essa questão em São Vicente?

Vejo que os jovens, no caso, das comunidades, eles são praticamente invisíveis pela atual gestão, pelos próprios vereadores que foram eleitos pelas comunidades. Inclusive, a gente costuma dizer que, além de invisíveis, a única vez que o Estado entra dentro das comunidades de São Vicente é para fazer, por exemplo, uma Operação Verão e uma Operação Escudo.

Nós estivemos presentes e constatamos e ouvimos muitas pessoas que foram executadas, muitos jovens foram executados e isso está aparecendo agora na mídia, a Justiça constatando que houve muitos excessos. E é isso, me parece que as comunidades só servem para a polícia entrar e, desculpe a expressão, sentar o dedo em jovem, em preto, em pobre, em favelado e nenhum aparelho social, lazer, estimulação profissional, por exemplo, da arte, da cultura. Conheço muitos jovens, muitos adolescentes que cantam, que são MCs.

Você não vê na cidade nada que se estimule profissionalmente essa arte que eles têm. E aí, a outra coisa que vem estimular é o próprio crime. O crime estimula, o crime emprega e, por conta disso, vemos uma São Vicente sem nenhuma perspectiva para o jovem. É muito triste isso.

E, Rui, como você vê a educação hoje na cidade? Porque um problema constante é a defasagem de professores. Muitos professores acabam indo para outras cidades. Como é que você encara esse desafio?

Falando de uma forma prática e que nós ouvimos de de professores, vemos um descuidado por parte da gestão municipal com o funcionário, com o mestre, com os professores. Seja, por exemplo, preterindo-os, cobrando demais, perseguindo quando um ou outro professor se manifesta contra alguma coisa que está errada na gestão. Preterindo, por exemplo, professores que estavam ali na mira para entrar, na linha para entrar em mais altos, colocando cargos de confiança, às vezes comissionados, que só fazem prejudicar o trabalho.

Porque isso desestimula o professor. Então, o professor, não sou assim muito habilitado para falar, mas tenho muitos companheiros, muitos colegas e amigos que têm essa condição, reclamam muito grande da perseguição que é feita pela gestão municipal e a falta de estímulo ao profissional. Muita cobrança, e se você não cooperar e não fazer exatamente aquilo que se quer, às vezes não tem nada a ver com a educação e com o mistério do professor, você vai ser perseguido. É isso que nós temos ouvido.

Qual seria São Vicente dos seus sonhos?

São Vicente dos meus sonhos é para ser colocada no eixo, no caminho da diminuição, pelo menos iniciar a diminuição da desigualdade social. São Vicente das cidades da Baixada Santista é aquela que parece que quando o pão cai no chão, cai com a parte da manteiga virada para baixo.

E, infelizmente, nós temos visto atropelos prejudiciais à questão da educação, da saúde, da própria gestão, no que diz respeito a transporte público, onde nós estamos constatando fraudes manifestas. É a passagem mais cara que tem na região, ela custa R$ 3,95, é um subsídio de mais R$ 8,00, são mais de R$ 12,00, e é uma passagem que se você perder o ônibus das 10h, só vai pegar o próximo ônibus daqui a duas horas. Ou seja, perde o médico, o trabalho, o lazer, o encontro com a namorada, todo o seu compromisso se você depender do ônibus desta empresa que está em São Vicente.

E ela recebe subsídios, milhões de subsídios. E essa empresa também por conta de um trabalho, de uma prestação de serviços deficitários, ela prejudica o município, porque o vicentino não é transportado, ele não consegue contar com esse trabalho. Para vocês terem uma ideia, a atual empresa não tem nem garagem. Ela está usando um espaço público, que isso não está em contrato algum.

Ela está recebendo milhões para funcionar na cidade, para fazer esse tipo de trabalho, e não tem garagem, ela usa o antigo centro de convenções. Será que também está pagando a luz? Que está pagando a água? A gente não sabe, mas isso com certeza é uma irregularidade muito grande que nós vamos interpelar a gestão municipal em breve.

Você falou desse grande aporte de recursos que o município faz para a empresa de transporte coletivo. Algumas cidades já discutem a possibilidade de tarifa zero. Acredita que isso pode ser uma realidade em São Vicente?

Tarifa zero seria maravilhosa em São Vicente, desde que a empresa que estará e a tarifa que será zero, ela seja devidamente fiscalizada, não só pela prefeitura. Seria interessante um conselho dos transportes, com a presença do Ministério Público, do Judiciário, da própria sociedade civil, com entidades com profissionais, para que não acontecesse aquela situação, a tarifa é zero, você não paga nada, mas a cidade está pagando milhões e milhões por outro lado. Então, a questão da tarifa zero ela pode ser um engano se não houver essa fiscalização por parte da gestão e por parte de um eventual conselho destes que estou falando.

Qual seria o maior desafio, na sua opinião, de quem ocupa um cargo em Executivo hoje em São Vicente?

O Rui Elizeu não inventou a roda, nenhum dos outros pré-candidatos inventaram a roda. Mas a questão é de querer fazer algo e de não colocar os interesses pessoais e políticos. É um olhar realmente social, sensibilizado, socializado pela cidade e isso tem que ser o objetivo. Nenhum outro.

E quando a gente faz isso, a gente vê que não precisa ser uma pessoa que tenha uma extensão acadêmica tremenda, super preparada. Não. Basta ter no coração a vontade de querer fazer algo.

Como disse, eu poderia ter qualquer outra profissão. Ser um jornalista, ser um dentista, mas  sou um advogado, por acaso. Contudo, temos a disponibilização no coração de querer fazer algo pela cidade de fato. E dá para fazer.

Rui, especificamente sobre a Área Continental, como que você vê que o município poderia atrair mais investimentos, gerar mais empregos para os moradores que lá vivem?

Veja, nós estamos com os planos, o caminho de o VLT chegar na Área Continental. Mas a questão não é só o morador da Área Continental sair da sua região, pegar o VLT e ir trabalhar em Santos ou em outros locais. A questão é pessoas serem levadas para lá. É preciso que sejam feitos negócios, articulações políticas, convênios para realmente gerar um desenvolvimento.

A sua área rural que é extensa, que é muito bonita, que tem uma grande possibilidade do turismo e tudo mais. A questão de empresas serem instaladas na Área Continental, mas não empresas de contêiner, que enchem de contêiner e colocam uma portaria. Isso não dá emprego para ninguém e enfeia ainda mais ainda. E às vezes nem tem as autorizações dos órgãos climáticos para isso, ambientais.

No entanto, a questão é que precisa ter vontade de resolver o problema da Área Continental e principalmente cuidar daquele povo. Aliás, muitos já querem até se emancipar da cidade, já que não aguentam mais o desaforo, o desprezo e de uma indiferença das últimas gestões.

Como a sua família lida com a sua participação na política?

A minha família me apoia muito. Minha esposa, se não fosse ela, não sei o que seria de mim. Tenho uma filha também de 30 anos, do primeiro casamento. Ela entende bastante e apoia a gente. Além disso, tenho uma enteada também, estudante de Jornalismo. Tenho um grande apoio.

Não posso dizer que tenho apoio da família inteira, porque nós temos a nossa ideologia. Tenho um irmão, por exemplo, posso dizer, que é bolsonarista. Nós, às vezes, quebramos o pau, mas amo ele de coração.

Então, a gente não pode deixar a questão da ideologia tomar o lugar do coração da gente dessa forma. Até porque, o problema de São Vicente não é um problema de ideologia. É um problema de vergonha, ética e vontade para resolver. Costumo sempre dizer que, canalhas, nós temos em tudo quanto é canto. Tanto na esquerda, como na direita, como no centro.

São Vicente precisa de algo realmente efetivo para ser feito. E me parece que o silêncio dos atuais políticos são silêncios confessos, que estão ali apenas para os interesses próprios deles.

Podemos contar com a sua presença no nosso debate, que acontece em 1º de outubro?

Será uma honra. Nós já aceitamos e esperamos muito isso. Porque só quem vai ganhar com isso é a cidade. São Vicente precisa ouvir a verdade. Não aquilo que levam no Fantástico Mundo de Bob e aí ela decide o que ela quiser. A sociedade vicentina nunca pode dizer que ninguém falou nada para ela.

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