Santos, Silva e Oliveira são os sobrenomes mais comuns na Baixada Santista
Por Anna Clara Morais em 06/11/2025 às 05:00
Com ligação direta à formação colonial do Brasil, os sobrenomes Santos, Silva e Oliveira são predominantes na Baixada Santista, assim como em todo o país. Estes nomes ocupam os três primeiros lugares dos sobrenomes mais comuns nos nove municípios da região, variando apenas de posição entre eles. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que passou a divulgar a lista com sobrenomes.
Apesar dos dados serem recentes, retratam o reflexo da história da formação do Brasil. De acordo com o historiador Sérgio Willians, trata-se da forte influência da Igreja Católica e da colonização.
“É fruto direto da cultura portuguesa, das imposições religiosas e da necessidade de registro após a Lei do Ventre Livre, dos Sexagenários e da Abolição. Também se conecta ao processo de miscigenação brasileiro e à construção de uma identidade nacional que, durante séculos, foi obrigatoriamente mediada por padrões ibéricos”, explica.
No caso dos nomes Silva e Santos, o profissional destaca que há um vínculo explícito com a população negra e os descendentes de escravizados, isto porque, grande parcela das pessoas escravizadas foram registradas com sobrenomes genéricos.
“Já que não podiam carregar nomes de famílias proprietárias, após conquistarem liberdade, foram registrados dessa forma. Era uma maneira de existir socialmente num país que acabava de abolir a escravidão, mas ainda negava direitos”.
Já no caso dos Oliveiras, a distribuição social é mais ampla, pois representam os descendentes de portugueses e cristãos-novos.
Para os próximos anos, a tendência é que o cenário siga o mesmo nos levantamentos futuros, visto que estes nomes fazem parte da identidade do país.
“Esses sobrenomes são tão incorporados à nossa cultura que se tornaram patrimônio identitário, quase que sobrenomes nacionais. Eles carregam ciclos históricos muito longos, associados à nossa formação social, religiosa e linguística. Mesmo com novos fluxos migratórios — japoneses, italianos, árabes, espanhóis, africanos recentes, latino-americanos — a base da pirâmide demográfica brasileira ainda está profundamente associada a essa herança luso-brasileira e afro-brasileira”, conclui Willians.
Confira o significado de cada sobrenome
– Silva: origem do latim silva, que significa “mata”, “floresta”. Era muito comum em Portugal e acabou sendo adotado amplamente no Brasil, inclusive por pessoas que não tinham sobrenome ao serem registradas durante o período colonial, escravocrata e pós-abolição.
– Santos: nasceu como referência religiosa — ligado a “Todos os Santos” — e era bastante dado a crianças abandonadas, batizadas em rodas de expostos, ou registradas em datas ligadas ao calendário católico. Também se espalhou como marca de devoção e identificação religiosa.
– Oliveira: vem da árvore oliveira, símbolo mediterrâneo fortíssimo, ligado à paz e à tradição agrícola. No contexto ibérico, também aparece associado a famílias de origem judaico-cristã — judeus convertidos forçadamente (cristãos-novos) muitas vezes adotavam sobrenomes ligados à natureza.
Confira os dados de sobrenomes na Baixada Santista
