Rapper santista passa por dificuldades financeiras com a chegada do inverno: "Medo de ser despejado"

Por Rodrigo Cirilo em 21/06/2023 às 11:00

Arquivo pessoal
Arquivo pessoal

Apaixonado por rimas desde criança, o rapper santista Flipê trabalha rimando em meios de transporte, praias e bares de Santos com o objetivo de alegrar o dia das pessoas. Contudo, com a chegada do inverno, o jovem viu sua renda diminuir.

Luiz Felipe Nunes, de 23 anos, antes de virar artista de rua trabalhou de ajudante de pedreiro e padeiro, entregador, vendedor, jardineiro, atendente e chapeiro. Em entrevista ao Santa Portal, o rapper explica que o vulgo Flipê surgiu de seu estilo favorito, a flipada.

“Rimo desde os 13 anos, sempre gostei muito de rimas rápidas, na cultura do rap chamam isso de flipada. Além disso, ainda combina com meu nome real, que é Felipe. Então casou bem esse vulgo”.

Em busca de participar das maiores batalhas de rima do país, Flipê largou a vida em Santos para viver em Itapevi, cidade da Região Metropolitana São Paulo, ao lado de sua então namorada MC Dorah, em 2021. Segundo o rapper, seus pais se preocuparam, mas sabiam que ele iria se virar.

“Fui atrás do meu sonho. Sempre falei para minha mãe que faria isso, sabia que lá é o berço do rap no Brasil. A princípio meu foco era rimar nas batalhas, mas o destino tomou outro rumo”.

O objetivo do jovem mudou quando, em seu primeiro dia na Capital, conheceu o MC Tato, que forneceu abrigo e apresentou o rap no vagão.

“Fiquei admirado quando vi o rap sendo usado dessa forma. Ele ganhava a vida rimando no metrô, foi quando vi que era possível. Resolvi botar a cara para fazer também, sem instrução nenhuma, apenas com o foco de fazer as pessoas rirem”.

A aventura deu certo, em um mês o casal conseguiu alugar um apartamento em Itapevi e, logo depois, se mudar para Jandira. Apesar do sucesso na Capital, os jovens queriam levar o aprendizado para a cidade natal, Santos.

“Ficamos mais ou menos três meses e meio, até que resolvemos voltar para nossa terra natal trazendo o ouro que encontramos no território desconhecido”.

Em Santos, Flipê atua nos VLTs, ônibus, praias e bares. Segundo o rapper, a formação em marketing pessoal ajudou a lidar com o público que, em sua maioria, o recebe bem.

“As pessoas gostam muito do meu trabalho, essa recepção vale mais que todo dinheiro do mundo, tanto que não ligo quando o ouvinte não tem condição de ajudar com qualquer quantia. Mas tem aquela minoria que já me fez muito mal, hoje em dia não faz mais”.

Sem caixinha de som, Flipê conta com a ajuda de Dorah, que atualmente é sua ex-namorada, mas que ainda mantém uma grande relação de amizade.

“Ela faz o beatbox em algumas apresentações e, de vez em quando, a gente treina juntos. Quando fomos para São Paulo ela estava aprendendo, agora se tornou representante das mulheres na cena do rap caiçara, esse monstro fui eu que criei. Costumo dizer que é a ex mais atual que já tive”.

Dificuldades financeiras

Com a conta do aluguel atrasada, Flipê explica que a chegada do inverno diminuiu o retorno financeiro das apresentações.

“A praia à noite me rendia bastante, voltava com cerca de R$ 100 por dia. Porém, época de frio está muito difícil, voltei para casa com R$ 23 ontem. O medo de ser despejado bate no peito, mas tudo vai melhorar”.

Com o intuito de não atrapalhar a vida dos pais, o jovem prefere não pedir ajuda financeira e seguir persistindo seu sonho. “Eles têm a vida e os problemas deles para se preocupar. Tento ajudar e, principalmente, não atrapalhar”, explica. Para quem se interessar em contribuir com Flipê, a chave pix é 494.541.338-02 (Neon).

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