Professora inspira alunos a ajudar aldeia indígena de São Vicente

Por Bárbara Silva em 12/12/2021 às 07:35

Alessandra Correia, professora da rede municipal de ensino de Santos há oito anos, foi convidada por um amigo para visitar a aldeia indígena Paranapuã, no Parque estadual Xixová-Japuí, em São Vicente. Em contato com os líderes da aldeia, da população Guarani Mbyá, ela aprendeu sobre a situação em que o povo indígena se encontra no local – morar sem poder viver da terra e da pesca, práticas tradicionais de sua cultura -, e resolveu levar essas experiências para a sala de aula.

Sua ideia era tirar a visão que os alunos da 4B da U.M.E Therezinha De Jesus Siqueira Pimentel, no morro São Bento, aprendem nos livros sobre os indígenas. Aliás, o projeto foi colocado em prática em abril deste ano.

“Eu retornei para a aldeia, com outra visão. Fui em busca de conversar com os indígenas, e perguntei a um deles o que mais sentia falta lá”, conta. “Plantar e pescar, porque hoje não podemos mais”, respondeu o mesmo.

Ação solidária

Em resumo, a primeira ação solidária foi realizada em julho, em parceria com outro colégio. Nela, as crianças arrecadaram agasalhos para os indígenas. Aliás, as camisetas que as crianças trajam ao buscar as arrecadações foram produto de doadores que abraçaram a causa. Nelas, lê-se: “Ajude-nos a ajudar a aldeia Paranapuã”.

No retorno às aulas, Alessandra decidiu buscar também um apoio de fora. Ela pediu para que as crianças escrevessem uma carta para a deputada federal Rosana Valle (PSDB), para que ela desse uma atenção para a aldeia. A deputada foi até a escola para a conhecer o projeto e escutar as crianças.

“Eles pediam que ela desse atenção a essa aldeia e, se possível, disponibilizasse um local para que os indígenas pudessem vender o artesanato. Ela disse que ia a Brasília e daria um retorno”, diz a professora.

Com a Campanha Orgânico Solidário, Alessandra e seus alunos vão às freiras panfletar e pedir aos feirantes doações de alimentos para os moradores da aldeia.

“Foi legal, a gente conseguiu mobilizar os feirantes. Na minha concepção, eles são algumas das pessoas mais simpáticas. Um deles fez uma doação para os indígenas e as crianças também”.

Foto: Arquivo pessoal

Parceria da aldeia com São Vicente

Alessandra também marcou uma reunião com o prefeito de São Vicente, Kayo Amado (Podemos). A intenção, ela diz, é conseguir um espaço fixo para os indígenas poderem vender seus produtos, como os artesanatos. As crianças, ela conta, querem um festival para que eles possam vender seu artesanato, afirmando que isso faria bem para a cidade.

“Eu não sei nem explicar. Chega a ser emocionante você ver o olhar que crianças de 10 anos têm. Para eles, [o fato dos indígenas não poderem ter hortas grandes e pescar] é inadmissível. A gente trabalha esses valores. Melhor que doar é dar oportunidades para essas pessoas, e é o que a gente está tentando fazer: dar oportunidade para eles conseguirem o dinheiro deles”, diz a professora.

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