Primeiro caso de febre amarela de Santos é confirmado

Por Noelle Neves/Colaboradora em 01/02/2018 às 10:52

FEBRE AMARELA – O primeiro caso de febre amarela em Santos foi confirmado hoje (1) durante o programa Bom Dia Baixada, da Santa Cecília TV, apresentado por Natalie Nanini, que contou com a presença da diretora do Grupo de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Iraty Nunes e o médico infectologista, Evaldo Stanislau. Entretanto, o caso foi registrado como importado, já que a vítima teria contraído a doença em Minas Gerais. O #Santaportal entrevistou os dois para esclarecer as principais dúvidas da população.

Há algumas semanas, um jovem de 16 anos, morador de São Paulo, esteve no começo do mês em um acampamento em Minas Gerais, e veio passar uns dias na casa dos avós em Santos, deu entrada na Beneficência Portuguesa, no dia 24, com um caso suspeita de febre amarela. Stanislau foi chamado para atender o adolescente, que apresentava sintomas de febre alta (39 a 40 graus), mal-estar, dores abdominais, náuseas e vômitos.

O resultado de exames preliminares mostraram que ele estava com as enzimas hepáticas estouradas e função renal acima do normal para a idade e provas de coagulação também acima do normal.

A confirmação do caso de febre amarela é motivo para pânico em Santos?

Segundo o infectologista, a probabilidade de circulação do vírus da febre amarela na região é baixa, mas não é zero, por ter casos na proximidade, mato, circulação de primatas ou de pessoas que vão em regiões onde tem o vírus e voltam para a cidade – como o caso do jovem. “As pessoas precisam ficar alerta, mas não é motivo para pânico. A população precisa se vacinar”, explicou o médico.

Para ele, o caso serviu de lição. “A vigilância precisa estar em alerta. As equipes médicas precisam ser treinadas, já que a febre amarela tem uma evolução muito rápida. Casos locais ou em passagem precisam ser detectados. O Serviço Municipal de Saúde ainda não pensa na doença. Precisamos de um plano de ação imediato, porque demanda recursos terapêuticos”, reforçou.

Stanislau disse que “há muito tempo conversa com autoridades e médicos, para estimular as ações de prevenção. Mas que a detecção e resposta das autoridades sanitárias estão menores”. Ele reforçou que isso é uma crítica construtiva, porque, no caso citado, “o final foi feliz”, então, os médicos precisam estar preparados para detectas os próximos, caso apareça.

A vacinação é necessária por mais que Santos não seja considerada área de risco?

“Sim, precisamos vacinar o maior número de pessoas para assim criar uma ‘barreira vacinal’”, disse Stanislau.

Alguns áudios circularem no Whatsapp falando sobre a insegurança da vacina. Além disso, pessoas faleceram com efeitos colaterais. De acordo com a diretora do Grupo de Vigilância Epidemiológica, nas primeiras semanas de janeiro a procura pela imunização foi intensa, mas o cenário ficou calmo recentemente.

“Existe muita desinformação. A vacina é usada há muitos anos. Por ser usado vírus vivo atenuado faz com que raramente temos alguns eventos adversos graves. É efetiva, segura e precisa ser feita. A campanha não está sendo efetiva em Santos, porque, em parte, as autoridades não estão sendo claras. Além de ser um absurdo as unidades de saúde fechadas no feriado. O mosquito não respeita calendário ou limite de município”, declarou o médico.

“Claro que temos algumas contraindicações. Mas fora esses casos, qualquer um pode tomar a vacina. A preocupação existe, porque é questão de tempo. Se as pessoas não tiveram vacinas, vão ter casos aqui, sim. Essa doença tem uma letalidade alta”, reforçou Iraty.

Precisa de carta do médico para tomar a vacina?

De acordo com Stanislau, não é preciso.

Febre amarela urbana e silvestre. Qual é a diferença?

A diferença dos ciclos é o vetor e a forma que pega. No urbano, temos o aedes aegypti e no silvestre, temos o sabethes e o Haemagogus. “O vírus fica dentro de um primata – seja ele um humano ou um macaco – e o mosquito não tem. Quando ele mica alguém que tenha o vírus, ele vai carrega-lo e ao picar outra pessoa ou macaco, vai passar para ele e assim sucessivamente”, explicou o médico sobre o funcionamento do ciclo.

Efeitos colaterais

“Toda a vacina colateral. Seja leve, como dor local ou febre, que é do próprio corpo reagindo, até os mais graves. A indecências dos graves é muito baixa. De um caso para 400 mil pessoas”, explicou a diretora.

Macacos

”O macaco é vítima também. Ele fica na mata, é picado e morre. A utilidade dele é servir de alerta. Quando encontramos vírus no macaco, significa que a região é de risco”, explicou o infectologista.

Sintomas de alerta

Enjoo, dor no corpo, abdominal e febre… Uma pessoa com sintomas inespecíficos devem procurar ajuda médica. Stanislau disse que, quando há suspeita, é preciso fazer, pelo menos, cinco exames: Hemograma, Ttgo, tgp, creatinina, tempo de protrombina. “ Com isso é possível ver se é preciso uma reavaliação, se merece exames mais profundos ou se pode ser descartado de início.

Prefeitura

O #Santaportal conversou com Ana Paula Valeiras, coordenadora de Vigilância em Saúde da prefeitura de Santos, que afirmou que a Cidade está preparada para eventual surto da doença. Segundo Valeiras, os agentes foram capacitados em seus locais de trabalho para agirem não só contra a febre amarela, mas como também em relação a outras doenças arboviroses (como dengue, chinkungunya e zika).

A coordenadora também disse que trabalhos de bloqueio são realizados em locais de transmissão e que os hospitais da região (Santa Casa de Santos, Hospital Guilherme Álvaro, Emílio Ribas (Guarujá), Beneficência Portuguesa e Estivadores) estão preparados para receber casos da doença. Valeiras afirmou ainda que em três dias, foram vacinadas 20 mil pessoas contra a febre amarela. Em todo o ano passado foram 5.700 pessoas.

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