Praia Grande aposta em educação e psicologia para combater bullying
Por Beatriz Pires em 10/05/2025 às 07:00

Praia Grande investe em iniciativas para combater o bullying nas escolas. Após a morte do adolescente Carlos Teixeira, 13, vítima de bullying que faleceu no ano passado, o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão, propôs à Secretaria de Educação a implantação de um sistema de monitoramento para detectar casos de bullying nas escolas do município, tanto no ambiente presencial quanto no digital.
O projeto envolve uma série de ações voltadas ao bem-estar de crianças e adolescentes. O primeiro passo foi mapear as unidades com maior incidência de casos, com base em relatos e ocorrências registradas. A partir desse levantamento, foram formuladas estratégias específicas para cada escola, como cartilhas elaboradas por psicólogos, palestras e gincanas educativas.
“O maior desafio para combater o bullying, na minha opinião, é a participação da família. Temos um público cujos responsáveis já não acompanham mais a vida escolar. Mobilizar essas famílias para ficarem atentas ao cyberbullying é muito difícil, porque muitos pais trabalham e não participam das reuniões. É essencial sensibilizar a comunidade para esse problema”, afirma Marcela Costa, chefe da Seção de Ensino Fundamental Anos Finais e Ensino Médio.
Segundo a psicóloga infantojuvenil Stefanny Santana, o bullying é mais comum entre crianças de 9 a 14 anos, especialmente entre os estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental. Ela destaca que a violência pode ser física ou psicológica, e se manifestar por meio de exclusão, apelidos e humilhações constantes.
“Os órgãos públicos podem investir na formação contínua de educadores para que identifiquem e lidem com os casos de forma precoce, além de implementar programas de educação socioemocional que desenvolvam empatia e respeito entre os alunos”, sugere Stefanny.
Com a popularização das redes sociais, o cyberbullying também se intensificou, preocupando pais e responsáveis. Por meio de emojis, memes e mensagens anônimas, as agressões se escondem em comunidades digitais, dificultando a detecção por adultos. “Essa é uma nova face do bullying: silenciosa, mas profundamente impactante, pois afeta os jovens em um espaço que deveria ser de expressão e pertencimento”, alerta a psicóloga.
Stefanny também reforça que o bullying não é uma ação pontual. Fornecer auxílio psicológico às vítimas é essencial. Ela explica que o problema é alimentado por desigualdades e pela aceitação social do comportamento agressivo.
“Casos assim requerem atenção especial. Um ambiente acolhedor e propício à expressão ajuda a criança a ressignificar a dor. Por meio da psicanálise e da escuta, o psicólogo pode ajudar a criança a entender suas emoções de forma lúdica”, finaliza.