08/03/2017

Poliana fala sobre reconhecimento, pressão da sociedade e como é ser inspiração para outras mulheres

Por Rodrigo Martins/#Santaportal em 08/03/2017 às 19:50

DIA DAS MULHERES – Primeira mulher da natação brasileira a conquistar uma medalha olímpica, a nadadora de Maratonas Aquáticas da Universidade Santa Cecília (Unisanta), Poliana Okimoto, é um dos maiores nomes do esporte brasileiro na atualidade. Sua história de superação em busca dos seus objetivos reflete a realidade de inúmeras mulheres, nas mais variadas áreas de atuação. Comemorando o Dia Internacional das Mulheres, o #Santaportal traz uma entrevista exclusiva com Poliana, na qual ela fala sobre os obstáculos que ela, como mulher, teve que superar em sua trajetória.

Segundo a nadadora, ela nunca sofreu preconceito por ser mulher no esporte de alto rendimento. No entanto, Poliana Okimoto destaca que o reconhecimento aos homens ainda é maior no esporte.

“Acho que a mulher no esporte de alto rendimento está muito mais avançada do que em tempos atrás. Depois da medalha de ouro da Maurren Maggi em Pequim (2008) – o primeiro ouro feminino em esportes individuais -, as mulheres têm avançado bastante em vários aspectos. Os Jogos Olímpicos do Rio foi um exemplo disso. Mas em relação aos homens ainda estamos alguns anos em atraso. Os trabalhos para as mulheres estão sendo desenvolvidos de uma maneira melhor, mas a diferença em alguns pontos ainda existe. O reconhecimento é diferente. Eu sinto isso”, disse.

Poliana também falou sobre a cobrança que existe dela como mulher para que construa uma família. A nadadora é casada com o seu técnico, Ricardo Cintra. “Não sei se é uma barreira, mas é um estigma que a mulher sofre. Hoje, que estou fazendo 34 anos, em pleno Dia Internacional da Mulher, sinto isso: as pessoas cobram muito a mulher. Formar uma família, ter filhos e ser a esposa ideal. Eu sinto um pouco de cobrança da sociedade nesse sentido: por que até hoje eu não tive filhos? Por que eu decidi levar uma vida esportista até hoje? Sinto até hoje esse estigma, pois na opinião da sociedade uma mulher com mais de 30 anos tem que formar a sua família e deixar o seu lado profissional de lado para cuidar dos filhos. Nisso eu acho que a mulher ainda sofre um pouco”, revelou.

Apesar de ter que lidar com alguns aspectos machistas da sociedade, Poliana Okimoto serve como fonte de inspiração para várias mulheres, mesmo que ainda adolescentes ou no início de suas carreiras, nas Maratonas Aquáticas, bem como na natação em geral.

“Acredito que depois dessa medalha (de bronze nas Maratonas Aquáticas do Rio 2016), a primeira da natação feminina na história, isso vai ajudar as meninas a acreditarem mais e irem buscar os seus sonhos. A primeira medalha é sempre mais difícil porque a gente não sabe o nosso limite, o que tem de superar para chegar lá. Ser a primeira a abrir essa porta e romper essa barreira, é sempre mais difícil. As meninas que vêm agora já sabem o que tem de trilhar, a forma como elas têm que encarar os desafios. Acho que essa medalha vai ajudar muito a natação feminina do Brasil e, se Deus quiser, será a primeira de muitas. Vai ser uma alavanca para as mulheres crescerem cada vez mais e acreditarem que elas conseguem também”, destacou.

Por fim, indagada se pensa que é um exemplo para outras mulheres, Poliana crê que de alguma forma a sua trajetória pode servir para alimentar os sonhos de outras pessoas. “Acredito que as mulheres acabam se inspirando de alguma forma no meu trabalho, porque a minha carreira sempre foi de altos e baixos, mas de sempre persistir, lutar pelos meus sonhos e, de certa forma, conquistar esses sonhos. Me considero uma pessoa muito feliz e realizada no meu lado profissional, bem como no pessoal também. A mulher fica muito estigmatizada em ser aceita pela sociedade e fazer aquilo que a sociedade acha correto. Mas tudo tem a sua hora. Acho que o momento é de dar valor ao lado profissional, pois muitas mulheres também escolhem isso e sofrem um pouco desse preconceito. Eu acredito que a minha carreira acaba sendo inspiração para outras mulheres, não só no esporte, mas como na vida. Persistir é o mais importante, sempre”, concluiu.

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