06/02/2025

Pix tem potencial de integração com sistemas de pagamentos internacionais, diz Galípolo

Por Nathalia Garcia/ Folha Press em 06/02/2025 às 19:14

Lula Marques/ Agência Brasil
Lula Marques/ Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (6) que o Pix tem potencial para se integrar a sistemas internacionais de pagamentos instantâneos e que a tecnologia não é mais um obstáculo para essa conexão.

Segundo Galípolo, questões de governança ainda dificultam a agregação desses sistemas. Como exemplo, mencionou as diferentes regras dos países sobre tributação e prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

“Para integrar sistemas de pagamentos internacionais, precisamos estabelecer condições de concorrência equitativas com regras mínimas comuns para pagamentos transfronteiriços”, afirmou em evento promovido pelo BIS (Banco de Compensações Internacionais -conhecido como o banco central dos bancos centrais), no México.

Essa foi a primeira declaração pública de Galípolo desde que assumiu o comando do BC, em 1º de janeiro. No evento internacional, ele falou apenas sobre meios de pagamento (tema do painel) e, como previsto, evitou comentários sobre política monetária.

“Este é o primeiro dia após o período de silêncio [do Copom] no Brasil, então, se eu puder não responder a essa pergunta sobre política monetária, evito criar qualquer tipo de comoção no mercado brasileiro”, afirmou.

Na visão de Galípolo, a interligação dos sistemas de pagamentos instantâneos pode gerar melhorias para operações internacionais no médio prazo. No evento, o presidente do BC falou sobre a evolução do Pix no Brasil, o desenvolvimento do Drex e o avanço do país na discussão sobre meios de pagamento.

“O Pix não apenas aumentou a concorrência dentro do setor de pagamentos brasileiro, mas também atendeu à demanda por uma opção de pagamento rápida, barata, fácil e segura”, disse. “Acreditamos que a tecnologia não apenas traz eficiência e modernização, mas também é um instrumento primordial para impulsionar a inclusão financeira”, acrescentou.

Para Galípolo, o Drex tem potencial para criar avanços na área de crédito com garantias, enquanto infraestrutura pública digital. “Se você tiver a custódia dos ativos e do dinheiro, provavelmente poderia melhorar o financiamento com ativos colateralizados”, disse.

Segundo o presidente do BC, o alto custo do crédito no Brasil está ligado à dificuldade de se ter garantias. Na atual fase de testes da moeda digital, a autoridade monetária tem estudado, entre outros casos de uso, crédito colateralizado (empréstimo com garantia) em CDB (Certificado de Depósito Bancário).

Galípolo analisou ainda o crescimento do uso de criptoativos no Brasil como meio de pagamento. Segundo ele, há um questionamento sobre a motivação dos usuários, se querem privacidade para evitar tributação, por exemplo.

“É uma coisa que preocupa muito e coloca um desafio para o Brasil em supervisão e regulação porque há divisões claras entre a privacidade fiscal e a privacidade financeira. Essa troca de informações entre a Receita Federal e o Banco Central não é fácil”, disse.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.