23/09/2022

Pesquisa aponta insegurança alimentar em famílias com crianças “só tinha água, sal e fubá no meu armário”

Por Laila Aguiar em 23/09/2022 às 21:00

Pesquisa aponta insegurança alimentar em famílias com crianças “só tinha água, sal e fubá no meu armário”
Pesquisa aponta insegurança alimentar em famílias com crianças “só tinha água, sal e fubá no meu armário”

Os auxílios gerados pelo Governo durante a pandemia foram insuficientes para garantir a alimentação das crianças do país. É o que revela a pesquisa “Desigualdades e impactos da covid-19 na atenção à primeira infância”, divulgada na última quarta-feira (21) pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

De acordo com a pesquisa, somente no estado de São Paulo, entre 2019 e 2021 houve um crescimento de 13% no número de crianças – de zero a cinco anos – abaixo do peso.

A pandemia somada a crise econômica fez com que diversas famílias em vulnerabilidade social recorressem a ajuda de projetos filantrópicos.

Na Baixada Santista, a realidade não é diferente. Muitas famílias ficaram sem renda e começaram a sobreviver de doações arrecadadas pelas Ongs da região.

Edislaine Conceição de Souza, cozinheira, também foi afetada por essa realidade. Ela foi uma das mais de 3 milhões de pessoas que perderam o emprego durante a pandemia. Com quatro filhos, a cozinheira teve medo de não conseguir ter comida para as crianças. “Essa crise fez minha vida virar de um jeito assustador.”

A fome já esteve perto da família, e Edislaine não se esquece do que encontrou na despensa. “Foi um dia que só tinha água, sal e fubá no meu armário.”

Dados da pesquisa

O levantamento foi feito com base nos dados do Ministério da Saúde, Ministério da Educação, IBEGE e Pnad Contínua. Em 2019, portanto antes da pandemia, o número de crianças abaixo do peso era de 2,51% no estado de São Paulo. Já em 2020, primeiro ano da covid-19, o indicador passou a ser de 3,01%, ou seja, em um ano houve um aumento de 20% no número de crianças abaixo de peso.

Em 2021, o indicador recuou, passou a ser 2,83%, porém ainda teve um aumento de 13% em relação a 2019.
O preço está alto

A inflação no preço dos alimentos é apontada pelo estudo como a principal causa do aumento dos indicadores. Entre março de 2020 e dezembro de 2021, o valor da cesta básica aumentou 63%.

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o gasto mensal com a cesta básica em março de 2020 era de R$ 518,50. No final de 2021, o preço subiu para R$ 690,51.

“Ainda é difícil, tudo está caro, arroz, feijão, mistura, óleo”, relata a cozinheira.

Alimentação digna

Projetos sociais como o da Tia Egle, que atende em Santos, são importantes para garantir a alimentação digna para pessoas em vulnerabilidade social.

O projeto conta com o apoio de parceiros, mas doações podem ser feitas na rua Ambrosina, na Zona Noroeste.
“Se não é a cesta básica (doada pelo projeto) acho que já tinha desistido da minha vida”, conta Edislaine.

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