10/03/2021

Paru prova que uma dieta vegana aumenta a musculatura

Por #Santaportal em 10/03/2021 às 06:52

ESTILO DE VIDA – Quando a maioria das pessoas pensa em músculos fortes, definidos e volumosos, automaticamente pensa em proteína e Whey. Fisiculturismo, então… Muito frango e batata-doce, certo? Errado! Paulo Victor Gonzaga Pinheiro, o Paru, contraria essa “lei”, já que ele é fisiculturista e vegano.

O baiano iniciou no estilo de vida que não aceita a exploração animal aos 16 anos, quando quase não havia informação. A solução foi correr atrás das respostas para as perguntas que estavam em sua mente em fóruns internacionais e fazer adaptações de dietas onívoras para o veganismo.

No ano de estreia em competições (2014), foi vice-campeão do Estado da Bahia. Título que se repetiu no ano seguinte. Em 2017 conquistou segundo lugar no Campeonato Baiano e 2º e 3º lugares em categorias diferentes no Campeonato Norte-Nordeste.

Paru conversou com o #Santaportal  e contou sobre adaptação, rotina de treinos e pressão social.

Você decidiu mudar seu estilo de vida depois de assistir ao documentário “Meet your Meat”. O que aconteceu no tempo entre você descobrir o veganismo e se tornar vegano de fato?

Não houve uma transição, eu parei de comer tudo que vinha de animais de uma hora para a outra. Eu nem conhecia o termo “vegano”. Tudo começou quando eu estava procurando dietas para emagrecer e acabei em um grupo vegetariano. Achei que poderia ser uma opção, devido à menor carga calórica. Minha ideia era só perder peso, então eu recebi o DVD do documentário e tomei conhecimento de tudo que acontecia na indústria. Eu nunca tinha me questionado. Lendo um pouco mais sobre o assunto, percebi no que mais os animais eram explorados, como as lãs (ovelhas), em roupas.

Depois que eu parei de comer carne, senti muita disposição e uma espécie de paz interior. Eu conheci uma realidade extremamente chocante e perceber que eu não fazia mais parte daquilo me fazia extremamente feliz.

Minha mãe, a princípio, achou que era moda e que ia passar. Mas meus pais acreditaram na minha opção e nunca se opuseram.

Como você começou sua carreira no fisiculturismo?

Eu não emagreci de imediato, assim que mudei minha alimentação. Uns dois anos depois eu comecei a me reeducar. Eu fazia algumas atividades físicas antes, mas só me dediquei à musculação na fase pré-vestibular, já que eu poderia malhar a hora que eu quisesse. Competir mesmo, só em 2014.

Eu percebi que tinha um bom volume de massa magra, mas nunca tinha tido contato com nenhum competidor, até que eu conheci um instrutor na academia, que trabalhava com consultoria e competição e ele topou o desafio de fazer minha preparação como vegano. Eu fazia a adaptação das dietas e ele os treinamentos e coordenava as poses.

Como é a sua preparação para as competições?

É um processo longo. Tem a parte de manutenção de massa magra e a parte que você finaliza o corpo para competir, que dura em torno de 2 meses. É um período que você precisa perder o máximo de gordura possível no menor tempo e manter o máximo de massa magra.

Nós utilizamos os mesmos métodos de competidores onívoros: dietas low carb, restrição de certos nutrientes por um tempo, um tempo consumindo mais proteínas, outros mais gorduras… São estratégias comuns, mas tento não fazer nada tão drástico para não sofrer com rebot.

Também procuro manter uma dieta bem limpa, com ausência de açúcares, carboidratos refinados e frituras. Procuro usar poucos alimentos processados e industrializados.

Faço uso de proteínas isoladas de ervilhas e arroz, que equivale ao conhecido Whey Protein. Perto de competições, eu uso BCAA e palatinose. Na parte de definição, termogênico também. Além disso, uso multivitamínicos, vitamina B extra e alguns aminoácidos isolados de acordo com o momento. Nada mirabolante.

Além disso, um endócrino me acompanha constantemente. Faço check-up intermediário no meio do ano, quando estou começando as competições. No final do ano, faço um completo. Também tem o trabalho do nutrólogo e do cardiologista.

Você tatuou ‘vegan’ nas costas e disse em outras entrevistas que esta foi sua maneira de mostrar suas escolhas nos palcos. Como são as coisas nas competições? Outros atletas já te procuraram?

Eu fiz a tatuagem com 18 anos e nem pensava em competir naquela época. Eu só queria levar a mensagem comigo e que depois, quando comecei a competir, passou a ter outro significado.

O povo em si é muito ignorante, principalmente no fisiculturismo. O termo ‘vegano’ não é muito popular, atualmente está ficando mais. Mas ainda é associado a algo depreciativo ou excludente. Ninguém pergunta muito, porque não tem noção do que é.

Paru é nome de peixe. Por que esse nome, se você é vegano? Tem algum significado especial?

Não foi nem por isso (risos). Foi porque eu e outro colega ficamos brincando de falar o nome com letras trocadas. Paulo Victor virou Paru Victor. Eu usei no meu e-mail e nas redes sociais. Depois ficou só Paru, inclusive na vida real.

Como você lida com a pressão social e piadas?

Hoje em dia, eu lido bem menos com piadas. Eu consigo responder e argumentar bem. Também não dou espaço para esse tipo de brincadeira.

Eu ainda lido com piadas na internet. A pessoa não está na sua frente e fala muita besteira, mas eu tento responder com calma.

Tem muito tempo que sou vegano. Quem convive comigo, ou me entende, ou também escolheu esse estilo de vida.
 
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