Paciente aguarda três meses para realizar cirurgia: "posso acordar sem enxergar"
Por Laila Aguiar em 15/09/2022 às 06:30
O catador de recicláveis Luciano Batista da Silva está aguardando por uma cirurgia para resolver o descolamento da retina há três meses. O paciente relata que tem falhas na visão e que “tudo escurece” de repente.
O morador de São Vicente relata que procurou a UBS do Sambaiatuba, mas foi informado que teria que aguardar mais de um mês para conseguir passar pelo clínico geral. Pensando nos riscos para a saúde, a família se juntou para conseguir uma consulta com um oftalmologista particular.
“Com os primeiros exames, a médica ficou apavorada, ela não conseguia ver o fundo do olho. Ela me indicou para um outro médico, que fez o dilatamento da retina, e aí foi constatado deslocamento da retina.”
Já nas primeiras consultas, os médicos alertaram que o problema era cirúrgico e que o caso era grave, podendo deixar Luciano sem a visão. Com o susto e o medo de ficar cego, o catador perguntou quanto seria para fazer a cirurgia e foi informado que o procedimento custaria R$ 15 mil, sem o valor dos exames preparatórios. “Trabalho com reciclagem, não tenho condições de ter esse valor.”
Com isso, o catador decidiu ir até o CREI para conseguir um encaminhamento cirúrgico. Posteriormente, ele foi fazer os exames para constatar novamente o problema. “A clínica orientou que dentro de 15 a 20 dias daria um retorno, mas até agora nada.”
De acordo com Luciano, ele liga na clínica conveniada à Prefeitura e na Secretaria de Saúde, mas é informado que é preciso aguardar.
“O encaminhamento foi feito com urgência, de uma hora para outra posso acordar sem enxergar, ou até mesmo estar aqui falando com você e de repente perder a visão”, relatou angustiado.
O que diz a Secretaria Estadual de Saúde
A Secretaria Estadual de Saúde informa que o paciente está inserido na Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) da Baixada Santista, que monitora o caso para encaminhá-lo a uma unidade referência para seu tratamento.
Cabe destacar que a transferência de um paciente não depende exclusivamente de disponibilidade de vagas, mas também de quadro clínico estável – livre de infecções, que permita o deslocamento a outro serviço de saúde para sua própria segurança. Importante também deixar claro que a Cross não nega vagas, pois é apenas um serviço intermediário entre os serviços de origem e de referência, funcionando 24 horas por dia. Seu papel não é criar leitos, mas auxiliar na identificação de uma vaga no hospital mais próximo e apto a cuidar do caso.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Saúde (Sesau), informa que Luciano Batista da Silva foi encaminhado pelo Hospital Municipal (CREI), ao oftalmologista com o quadro de deslocamento de retina.
O paciente passou na especialidade no dia 19 de agosto, no Instituto de Laserterapia Med Laser e foi inserido na demanda do Departamento Regional de Saúde (DRS), onde aguarda o agendamento da cirurgia.