Paciente com 23 tumores busca ajuda para retomar projeto social em Santos
Por Laila Aguiar em 20/07/2022 às 11:00
“Estamos neste mundo um para ajudar o outro”, disse o aposentado santista Gilberto Tavares da Silva, de 66 anos. Tavares, como é conhecido, leva a sério a missão de ajudar o próximo. Há 12 anos criou o projeto Gratidão com Cristo, que apoia pessoas em situação de vulnerabilidade social na Baixada Santista. Atualmente, é ele que busca ajuda para arrumar o Fusca (danificado em uma enchente) que era usado para fazer as doações.
Em 23 de janeiro de 2015, Santos sofreu com uma forte chuva. Segundo a medição da Base Aérea de Santos, naquela noite choveu o esperado para 20 dias em apenas dez horas. O morador da Zona Noroeste acabou tendo o carro inundado.
Aliás, além de tentar recuperar o Fusca, Tavares luta contra 23 tumores. Faz quimioterapia há 15 anos e já foi desenganado pelos médicos seis vezes. Na época do incidente, o paciente oncológico estava em um momento delicado do tratamento e não conseguia realizar as manutenções necessárias.
“A partir dessa data continuei com o carro, contudo, com o tempo a corrosão foi aumentando porque a água penetrou por dentro das caixas de refrigeração e foi oxidando”, relembrou. Com o tempo, o carro passou a enferrujar e algumas partes chegaram a cair.
A paixão que se tornou identificação
O modelo popular do veículo ajudou na rápida identificação do carro com o projeto. “Cheguei a fazer o projeto com um Gol, porém não tinha a mesma identificação”. O morador de Santos conta que o Fusca é um carro que ele gosta muito e que é “uma paixão”.
A ideia de pedir ajuda para reformar o carro veio através de um amigo. Mesmo não querendo, Tavares acabou cedendo e fez o apelo em um vídeo postado nas redes sociais. “Eu já não pedia dinheiro para ajudar o próximo, não ia pedir para mim”, contou o aposentado.
Hoje, o Fusca fica suspenso para evitar novas inundações. O aposentado tem o para-choque e as rodas. No entanto, o carro precisa da pintura e da instalação dos acessórios. “Assim que ficar pronto é só colocar em prática”.
Do sacrifício ao remédio
O projeto começou por conta de uma visão onde o aposentado diz ter visto Deus dizendo que ele precisava começar essa missão. Após o ocorrido, Tavares passou a organizar as ações de assistência social e “levar a palavra de Deus” para as pessoas em vulnerabilidade.
Desde então, mesmo doente, o aposentado buscava e entregava as contribuições. Apesar disso, muitas dificuldades começaram a surgir. “Tinha momentos que não tinha dinheiro para buscar as doações, ainda assim, eu ia”.
Foi pensando em ter condições de arrecadar mais doações que o santista começou a pedir, nos prédios em construção pela Cidade, materiais como alumínio e ferro para poder vender no ferro velho e conseguir sustentar a manutenção e a gasolina do carro.
“Pedia para o vendedor que me pagasse o valor dos materiais e, se pudesse, que me desse um pouco a mais para eu conseguir manter o projeto”.
Os pedidos para doação chegam de todas as cidades, inclusive de fora da Baixada Santista. Nesses casos, Tavares entra em contato com ONGs da região da pessoa que solicitou e tenta ajudar de alguma forma.
Tavares relembra que soube de pessoas que foram ajudadas pelo projeto e que se encontravam em uma situação de vida melhor. “Isso para mim é gratificante. Esse tipo de trabalho é o remédio que entra na minha veia e mata essas células cancerígenas”.
Saiba como ajudar
Os interessados em ajudar podem entrar em contato com o Gilberto pelas redes sociais.