Odir Cunha lança 'Zito, o Líder Essencial', biografia do eterno capitão do Santos

Por Rodrigo Martins em 07/04/2023 às 16:30

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O jornalista e escritor Odir Cunha lança, na próxima quinta-feira (13), em São Paulo, o livro ‘Zito, o Líder Essencial’, uma biografia sobre o ex-jogador do Santos, que foi capitão do Peixe na época de ouro do clube e ainda ajudou a descobrir vários ídolos da história alvinegra.

Um amplo trabalho de pesquisa, além de entrevistas com parentes e amigos, deu ao autor da obra um farto material para um livro com informações precisas, gostoso de ler e que conta com riqueza de detalhes a história do eterno capitão santista.

“A ideia de escrever uma biografia sobre o Zito surgiu quando eu era conselheiro do Santos, entre 2015 e 2017. Convivi no Conselho Deliberativo com o filho dele (José Ely Miranda Júnior), o Zitinho. Eu tinha dito a ele que tinha a intenção de escrever o livro sobre o Zito. Mas a ideia mesmo surgiu quando eu fui biógrafo do Pelé, em um livro que saiu mais ou menos naquela época. Em uma das conversas que eu tive com o Pelé, eu perguntei a ele: ‘Depois de você, qual foi o mais importante, o maior jogador do Santos?’ Ele sem pensar respondeu: ‘Zito’”, revelou Odir, em entrevista exclusiva ao Santa Portal.

A obra começa contando como começou a paixão de Zito pelo seu futebol e os primeiros passos no esporte, até a sua chegada ao Santos, em 1952. “Desde a sua infância em Roseira, que quando ele nasceu era um bairro de Aparecida, sempre mostrava muita garra e luta nos jogos. Ele jogava futebol na rua antes de ir para o curso primário. Ele tinha um irmão mais velho, o Hélio ‘Caraca’, que jogava e driblava muito bem. Para vencer o time do Hélio, o Zito tinha que marcar bastante e lutar pela posse de bola. Isso acabou cristalizando nele uma característica de jogo: marcar e tomar a posse de bola do adversário. Ele também jogou em Pindamonhangaba, quando foi estudar lá. Ele jogou por um time chamado Estudantes e foi campeão lá. Na sequência, ele foi contratado pelo Taubaté e começou a jogar aos 17 anos. Em 1952, o Zito foi contratado pelo Santos. Ele ficou toda a carreira no Santos, foram 15 anos com a camisa gloriosa do Peixe. Ele fez 733 jogos e 57 gols pelo Santos”, recordou.


Foto: Arquivo/Divulgação Santos FC

A liderança do ‘Eterno Capitão’ em um time repleto de estrelas, dentre elas Pelé, é um dos principais tópicos abordados pelo autor no livro. Para Odir, Zito foi uma espécie de mentor do Rei do Futebol, que morreu em dezembro do ano passado.

“Pesquisando fica óbvia essa ligação entre os dois. O Zito foi uma espécie de mentor do Pelé, dentro e fora do campo. O Pelé foi levado ao Santos em 1956, ainda com 15 anos, e o Zito já era um dos jogadores mais velhos do elenco. Desta forma, ele assumiu essa mentoria do Pelé. Aconselhava dentro e fora do campo, dava dicas, conselhos. Todos os jogadores faziam isso, mas o Zito principalmente. Ele sempre foi respeitado pelo Pelé, era o único que podia gritar com o Pelé em campo. Era o único que tinha essa autoridade, digamos assim”, explicou.

Além dessa relação próxima, Zito e Pelé conquistaram feitos marcantes, tanto na história do Santos quanto da seleção brasileira. “Ambos foram duas vezes campeão do mundo pela seleção e pelo Santos. Uma coincidência na vida dos dois é que ambos não jogaram a final do Mundial Interclubes de 1963, contra o Milan (Itália), porque estavam machucados. Outra coincidência é que ambos estrearam na Copa de 1958, a primeira dos dois, contra a União Soviética, que foi o terceiro jogo do Brasil no torneio. O técnico Vicente Feola fez algumas substituições no time titular, colocando o Garrincha, o Pelé e o Zito no time. Portanto, eles estrearam juntos na Copa de 1958 e participaram de praticamente todos os grandes momentos do Santos”, comentou.


Foto: Reprodução/FSP

Segundo Odir Cunha, a presença de Zito foi fundamental para os dois primeiros títulos mundiais da seleção brasileira. “O Zito por si só merecia biografia. Ele não foi importante só como jogador. Ele quebrou paradigmas no futebol brasileiro. Eu corro o risco de dizer que se não houvesse o Zito na história do futebol brasileiro, talvez o Santos e a seleção brasileira não fossem campeões mundiais. Talvez o Brasil não tivesse dominado o mundo naquele período. Até ali, o paradigma que alimentava a ideia de craque no Brasil era o jogador habilidoso, que domina bem a bola e joga bonito. Mas só com jogadores habilidosos, o Brasil não tinha sido campeão. Ficou no quase em 1938 e 1950, mas não ganhou. O Zito era um cara técnico, que não desperdiçava a bola, entregava no pé do ponta-direita e avançava quando necessário. Mas ele sentia que a equipe só seria vitoriosa se também cuidasse da defesa. Ele era líder do sistema defensivo do Santos e da seleção. Isso é muito importante porque a seleção deixou de tomar gols bobos e, como tinha grandes atacantes, fazia gols e vencia os jogos. Foi o que faltou na última Copa, por exemplo. Se tivesse um Zito, não teria saído o gol da Croácia faltando quatro minutos para acabar a prorrogação”, disse.

O escritor destaca ainda que Zito poderia ter tido uma carreira ainda mais brilhante. No entanto, as contusões abreviaram a sua trajetória dentro dos gramados. “Dentro de campo ele dava o exemplo, o Pepe mesmo falava que o Zito era o jogador que mais suava em campo. Mas ele teve problemas físicos por causa dessa entrega toda durante os jogos. Ele teve que extrair os meniscos dos joelhos, em 1954, com apenas dois anos no Santos. Isso certamente atrapalhou a sequência da sua carreira, que terminou em 1967. Ele poderia ter até jogado mais se não fossem os problemas no joelho”, observou.

Após a sua aposentadoria como jogador, Zito também foi fundamental fora dos gramados. Ele foi o responsável por trazer grandes talentos ao Santos, casos de Diego, Robinho, Neymar e Gabigol, dentre outros.

“A característica de ser um mentor era muito importante na vida do Zito e ele estendeu isso mesmo após parar de jogar. Ele trabalhou nas gestões dos presidentes Milton Teixeira e Marcelo Teixeira, sempre observando grandes talentos que poderiam chegar ao Santos. Nos dois períodos, ele fez esse elo entre jogadores de futebol e o clube. Tentou interceder de uma maneira para não prejudicar nenhum dos dois lados, nem os jogadores nem o clube. O Zito era muito respeitado, porque ele foi um exemplo também de comportamento fora de campo”, concluiu.


Foto: Helena Passarelli/Divulgação Neymar Jr

Saiba mais sobre Zito

José Ely Miranda nasceu em Roseira, no interior de São Paulo, em 8 de agosto de 1932. Durante a sua carreira, ele conquistou 22 títulos oficiais, com destaque para duas Copas Libertadores da América (1962 e 1963), dois Mundiais Interclubes (1962 e 1963), além de cinco Taças Brasil (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965) e nove títulos do Campeonato Paulista (1955, 1956, 1958, 1960, 1961, 1962, 1964, 1965 e 1967), pelo Santos. Pela seleção brasileira, ele esteve nas duas primeiras conquistas da Copa do Mundo: 1958 e 1962.

Sua relevância na história santista é tão grande que o clube, após a sua morte, em 2015, colocou a letra “Z” na faixa de capitão da equipe, ao invés do tradicional “C” de capitão. Depois disso, o Peixe instituiu o “Z” na braçadeira, em homenagem que permanece até hoje.

Em outubro de 2017, uma estátua de Zito foi inaugurada na praça em frente à entrada da Vila Belmiro.


Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Arquivo Santos FC

Sobre o livro

O evento de lançamento da biografia de Zito acontecerá na próxima quinta, a partir das 19h30, no Quintal do Espeto, da Chácara Santo Antônio, na Capital. O coquetel contará com a presença de ídolos do Santos e familiares do ex-jogador.

No dia 27, o Memorial das Conquistas, localizado na Vila Belmiro, vai receber uma noite de autógrafos para lançar a obra.

O livro, que conta com 320 páginas, custou R$ 89 na fase de pré-financiamento. Agora, a biografia será comercializada por R$ 97, com o custo dos Correios incluído, e poderá ser adquirido direto através da Editora Verbo Livre – editoraverbolivre@uol.com.br ou pelo telefone (11) 3628-0393.

Conheça o autor

Odir Cunha é biógrafo de Pelé, Oscar Schmidt e Gustavo Kuerten, além de ser o autor de 14 livros sobre o Santos Futebol Clube, entre eles “100 anos de Futebol Arte”, o livro oficial do Centenário do Alvinegro Praiano e o mais vendido no Brasil dentre os chamados “livros de arte”.

Na gestão Marcelo Teixeira, Odir elaborou o estudo que serviu como base para legalizar e reconhecer títulos importantes do Peixe e, consequentemente, de outros clubes brasileiros, que posteriormente foram oficializados pela CBF e pela Fifa.

Dono de dois Prêmios Esso pelo Jornal da Tarde e três prêmios da Associação Paulista dos Críticos de Arte pela Rádio Excelsior, Odir Cunha é jornalista, curador de exposições, editor e escritor com 34 livros publicados. Paulistano, nascido em 17 de setembro de 1952, ama o futebol e o Santos desde os seis anos de idade.


Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Arquivo Santos FC

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