O Santaportal ouviu os membros do Comitê de Gestão do Peixe; Veja o que cada um pensa da situação

Por #Santaportal em 22/07/2020 às 12:38

SANTOS FC – Apesar de garantido nas quartas de final do Paulistão, o Santos não tem um panorama dos melhores fora de campo. Problemas não faltam.

Compõem o quadro cortes de salários dos jogadores em 70% durante a paralisação das competições, alegação de atrasos de pagamentos diversos, ações judiciais (o goleiro Everson, que teve pedido de saída negado na Justiça, e o atacante Eduardo Sasha) e protestos de integrantes da Torcida Jovem na frente da Vila Belmiro, com direito a entrarem no gramado, exigindo a renúncia do presidente José Carlos Peres – no dia anterior, houve papo acalorado de torcida com o mandatário no Business Center, na Capital. Gritos de ordem de torcedores organizados também aconteceram nesta sexta-feira na frente do edifício em que mora o mandatário do Peixe, na zona oeste da Capital.

“Não (houve pedido de renúncia para Peres por parte de integrantes do Comitê de Gestão). Houve uma sugestão de antecipar a eleição por um motivo prático: em último ano de gestão, o CG não pode fazer empréstimo ou antecipar cotas. Fica mais difícil ainda enfrentar a crise”, afirma Paulo Schiff, um dos integrantes do Comitê de Gestão. O pleito segue marcado para o início de dezembro, como tradicionalmente acontece.

O #Santaportal l entrou em contato com os nove integrantes do Comitê de Gestão do Santos Futebol Clube. No entanto, quatro até o momento se manifestaram (Pedro Dória, Paulo Schiff, Fabio Gaia e Jose´Bruno Carbone) para demonstrar seu ponto de vista relacionado ao momento atual do Peixe. Outros quatro foram procurados pela reportagem, porém não falaram ainda por estarem em outros compromissos (o presidente José Carlos Peres, Anilton Luiz Perão, Estevam André Robles Juhas e Matheus Del Corso Rodrigues), enquanto o vice Orlando Rollo preferiu não expressar qualquer opinião. “Não tenho relação alguma com o que está acontecendo. Estou afastado desde 2018”, disse.

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Ivan Storti/Santos FC/Divulgação

Pedro Dória
“Estamos há 130 dias sem arrecadação, mas honrando compromissos com fornecedores. Não devemos para nenhum. A situação financeira é assim desde sempre. O que há é problema causado pelo ambiente político nefasto. Não exite inadimplência de FGTS. Foi pago até fevereiro. Março, abril e maio foram incentivos do Governo por MP e repactuou para o segundo semestre.

É um cenário de muita dificuldade. Nenhuma empresa sobrevive sem arrecadação. O sócio-torcedor e a venda do Felipe Aguilar, por exemplo, ajudaram em algo. Não tivemos ajuda da Federação Paulista, a CBF demorou e recursos da Globo foram suspensos. Deixamos de pagar investimentos para honrar pagamentos correntes. Alguns jogadores firmaram acordo, outros não. A perda real é de 25% com os cortes, pois haverá reembolso de 45% dos 70% com a queda da MP. O Everson foi um dos aceitaram o compromisso de repactuação e acatou perdendo na Justiça. O Sasha não havia aderido e, mesmo assim, caminha para a mesma situação do Everson”.

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Reprodução Redes Sociais

Paulo Schiff
“Devemos primeiramente agradecer atletas, membros da comissão técnica, funcionários e colaboradores pelo apoio e pala compreensão. O momento é extremamente grave, não só para o Santos, mas para toda a estrutura do futebol em função da paralisação provocada pela pandemia do COVID-19. São quatro meses sem jogos e sem receitas.

O Peixe enfrenta essa dificuldade como um dos poucos clubes a não demitir um único funcionário. A opção foi pelo sacrifício temporário dos que recebem os maiores salários para a manutenção de empregos e salários integrais dos funcionários mais humildes.

Não seria justo termos um tratamento diferente entre atletas e funcionários. Neste momento de crise e dificuldades, ninguém ficou desassistido graças a esse formato adotado. Isto é compromisso com todos aqueles que ajudam o Maior Brasileiro do Mundo no futebol a funcionar.

Enquanto isso, o clube tem se esforçado para buscar os recursos para honrar os compromissos estabelecidos para este período. Este não é um cenário exclusivo do Santos FC, e sim de quase todo o futebol brasileiro.

Na véspera de retornarmos ao campo para o Campeonato Paulista, tivemos casos isolados de atletas que buscam na justiça se beneficiarem do momento para facilitar transferências.

Lamentamos essa atitude, que não costuma trazer bons resultados para as carreiras desses atletas. É só lembrar casos do início de 2015, quando tivemos uma debandada, e até mais recentes. Vamos buscar manter nossos direitos e preservar nossos investimentos na justiça. No caso do goleiro Éverson a primeira decisão judicial foi favorável ao Santos.

Nosso objetivo é bem claro: seguir na busca de equilíbrio financeiro depois desse período de paralisia e voltar em nível competitivo ao Campeonato Paulista, e também ao Brasileiro e à Libertadores.

Há um líder à altura do momento no comando da equipe técnica e profissionais de excelência entre os comandados. Há respeito, seriedade e responsabilidade no Departamento de Futebol.

O Santos pede, também, ao torcedor, o maior patrimônio do clube, que continue seu engajamento no amor e na luta pelo clube e que tenha cuidado com especulações e movimentos oportunistas nesta hora de crise. O momento é de união pela retomada do dia a dia da instituição depois dessa sofrida quarentena, e sabemos que podemos contar com nosso principal patrimônio. Jogadores passam, dirigentes passam, e o que nos mantém e nos manterá vivos e gigantes na Vila Belmiro vai ser sempre você, torcedor”.

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Arquivo pessoal

Fabio Gaia
“Dentro do orçamento desse ano, tinha uma quantia bastante razoável de receita de venda de jogadores. Normalmente é preciso que o clube venda atletas para poder fechar o seu orçamento porque não há equilíbrio fiscal e por um bom tempo não vai existir. Só que entrou março e todos entraram em uma situação única, especialmente para quem está envolvido no ramo do entretenimento, no caso o futebol. Contávemos com essas receitas porque não tínhamos condições de fazer vendas porqeu os negócios não estavam acontedendo e também por causa das sanções da Fifa ao clube, criando uma situação financeira delicada.

Preservamos todos os funcionários e procuramos impactar nada ou quase nada dos salários menores. A gente sabe da responsabilidade do clube como empregador na Cidade. E procuramos contar com a compreensão e a solidariedade de quem tem salário mais alto. Vamos sair juntos dessa. Qualquer empresa sofre fortemente. E com o Santos não é diferente.

Além disso, acaba a gestão no fim do ano e os empréstimos para serem pagos depois disso são vedados. Precisamos cuidaro dos ativos do clube. Não dá para sair vendendo patrimônio a preços baixos. Repito: precisamos de compreensão de quem está dentro e fora do clube. Não bastasse a paralisação das atividades do futebol, ainda é ano de eleição no Santos, em um ambiente complexo de se administrar. Não vejo ninguém vaiando e protestando na porta de qualquer empresa que reduziu salários e demitiu funcionários. E foram muitas”.

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Reprodução

José Bruno Carbone
“A gente já fez algumas análises ao longo do tempo e constatamos que gastamos o que gastamos e arrecadamos o que arrecadamos. Evidentemente que em algum momento, com a venda do Rodrygo, gerou uma expectativa de grande time com o Sampaoli no comando e foi feito.

Somos carentes de receita que não seja a da TV e da venda de jogadores. O mercado é que fas as regras para a gente. Tudo isso que está acontecendo também ocorre porque é ano de eleição e isso reverbera um pouco mais.

Tivemos muitos bloqueios de receitas ao longo do mandato do Peres, motivados por dívidas trabalhistas antigas. Não é desculpa, mas é um fato. Quem for entrar no Santos vai ter essa mesma realidade mais para frente. A venda do Rodrygo não conseguiu dar uma sustentabilidade ao clube. Não foi feito nada absurdo e nem ao contrário. A gente só tinha um Rodrygo.

Os protestos dos torcedores (por renúncia de José Carlos Peres) são políticos. O Peres sofreu o impeachment e os sócios não aceitaram. Diante da própria pressão, não tiro a razão, mas o time está classificado no Paulistão e foi vice-campeão brasileiro com uma pontuação que seria campeão, não fosse o absurdo de pontuação que o Flamengo conseguiu.

Tivemos erros e acertos. Se tivéssemos bola de cristal para tudo, era fácil. Não há nada tão drástico. Problemas políticos tivemos desde o início com relação ao Peres. A confusão com o vice (Orlando Rollo) talvez tenha provocado esse desencanto. Talvez tenha faltado mais articulação, mas quem é do negócio não entra em jogo polític. Gestão não se fas somente com vontade, mas com apoio”.

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