02/09/2021

NY e Nova Jersey declaram estado de emergência após tempestade deixar 9 mortos

Por Folha Press em 02/09/2021 às 12:27

epaselect epa09442066 People navigate heavy rains and flooded walkways at the Billie Jean King National Tennis Center as the remnants of Hurricane Ida hit the area in Flushing Meadows, New York, USA, 01 September 2021.  EPA/JUSTIN LANE
epaselect epa09442066 People navigate heavy rains and flooded walkways at the Billie Jean King National Tennis Center as the remnants of Hurricane Ida hit the area in Flushing Meadows, New York, USA, 01 September 2021. EPA/JUSTIN LANE

Os governadores de Nova York e Nova Jersey declararam estado de emergência na noite desta quarta-feira (1) após os impactos da tempestade tropical Ida, que avança sobre o território americano desde o fim de semana, deixarem ao menos nove mortos. O fenômeno já é considerado um dos maiores eventos climáticos extremos observados nos EUA nas últimas décadas.

Oito das vítimas, que tinham de 2 a 86 anos, moravam no Queens e no Brooklyn, bairros da cidade de Nova York, e morreram em meio a inundações causadas pelas fortes chuvas, de acordo com o departamento de polícia local. A nona morte, de um homem de 70 anos, foi confirmada na cidade de Passaic, em Nova Jersey, após o veículo em que ele estava ficar submerso.

O prefeito de Nova York, o democrata Bill de Blasio, descreveu as enchentes e o clima observado na quarta como um “evento climático histórico”, após o Serviço Meteorológico Nacional emitir cinco alertas seguidos de inundação repentina para todo o trecho do oeste da Filadélfia ao norte de Nova Jersey.

Quase todas as linhas do metrô de Nova York foram suspensas após a água da chuva entrar nas estações e inundar as plataformas e os trilhos. Autoridades locais orientaram as pessoas a não transitarem pelas ruas, a pé ou de carro, devido à intensidade das chuvas e dos ventos, e os veículos não emergenciais foram proibidos de circular nas ruas da cidade até às 5h do horário local.

A autoridade de trânsito nova-iorquina chegou a orientar que, aqueles que estivessem presos em vagões de trem, neles permanecessem. “É o lugar mais seguro para estar”, escreveu o serviço em uma rede social.
Os estados também sofrem com o desabastecimento de energia elétrica – de acordo com a plataforma PowerOutages.US, que monitora o assunto, cerca de 43 mil consumidores de Nova York estão sem energia, bem como 61 mil de Nova Jersey.

O volume de chuvas registrado durante a passagem da tempestade Ida já é considerado recorde em diferentes regiões. No Central Park, que tem registros meteorológicos desde 1869, a chuva registrada na quarta quebrou o antigo recorde, de 1927. Na cidade de Newark, em Nova Jersey, o recorde anterior, de 1959, também foi superado.
Na quarta, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), braço das Nações Unidas para questões do clima, disse que o furacão Ida pode ser o desastre climático mais caro da história, superando inclusive o furacão Katrina, que há 16 anos deixou cerca de 1.800 mortos.

A afirmação ocorreu pouco após a OMM lançar um relatório global demonstrando que a ocorrência de eventos climáticos extremos, como o Ida, aumentou cinco vezes nas últimas cinco décadas. As inundações, causa das mortes em Nova York e Nova Jersey nesta quarta, são o tipo de fenômeno mais frequente. Dos 11 mil desastres climáticos registrados de 1970 a 2019, elas corresponderam a 44%.

Outros documentos embasados pela comunidade científica também acendem o alerta para a emergência climática. O último relatório da Avaliação Nacional do Clima, feito por agências federais americanas, indicou que o aumento da precipitação extrema é projetado para todas as regiões dos EUA nas próximas cinco décadas, em especial no Centro-Oeste americano e no Nordeste.

“O ar mais quente pode conter mais vapor de água do que o ar frio. Análises globais mostram que a quantidade de vapor de água na atmosfera aumentou tanto sobre a terra quanto para os oceanos nas últimas décadas”, diz um trecho do documento. Assim, segue o relatório, a mudança climática altera as tempestades, cuja ocorrência já é comum em latitudes médias, onde está localizada a maior parte do território americano.

Relatório do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU) divulgado no início de agosto também trouxe projeções preocupantes sobre o tema. Comparando a situação atual com a de 1850, o material calculou que o volume de água das tempestades já é 6,7% maior – e pode chegar a 30,2% no pior cenário.
Antes de chegar a Nova York, o Ida, então um furacão, já havia avançado sobre os estados de Louisiana e de Mississippi no início da semana, onde deixou cinco mortos e destruiu o sistema elétrico estatal. Até o momento, mais de 900 mil casas e empresas de Louisiana estão sem energia elétrica. Em todo o país, são cerca de 1,2 milhão de consumidores sem energia.

Autoridades nacionais não projetam que a situação seja menos difícil nos próximos dias. Em entrevista à rede americana CNN, Deanne Criswell, chefe da Agência Federal de Administração de Emergências (Fema, na sigla em inglês), disse que já alertou o presidente Joe Biden. “Ida vai continuar. Ela tem deixado seus rastros pelo país, e por isso ainda não estamos fora de perigo.”

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