Número de mortes de supostos bandidos sobe para 13 e até “indigente” é abatido

Subiu de dez para 13 o número de homens mortos em supostos confrontos com policiais militares – 12 em Guarujá e um Santos. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e estão relacionados à Operação Escudo. Entre os últimos abatidos há um “indigente”, que optou por fugir em direção a um “beco sem saída”, conforme boletim de ocorrência registrado exclusivamente com a versão de PMs.

A Operação Escudo foi implantada na última sexta-feira (28). Na véspera, o soldado Patrick Bastos Reis, de 30 anos, que era casado e deixou um filho de dois anos, foi morto com um tiro que transfixou o seu peito. Integrante das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), ele realizava patrulhamento em Guarujá. Um cabo que também estava na viatura ficou ferido com um disparo em sua mão esquerda.

Desde então, populares de comunidades carentes alvos da Escudo reclamam de abusos dos PMs. Os relatos são de ameaças de morte, torturas e execuções, estas últimas cometidas mediante a simulação de pretensos confrontos armados entre bandidos e policiais. Segundo o secretário Segurança Pública, Guilherme Derrite, que é policial militar, e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), não houve excessos da tropa.

“Indigente”

Em todas essas 13 mortes contabilizadas pela SSP não foram indicadas eventuais testemunhas alheias aos quadros policiais. As versões até o momento registradas são as dos próprios PMs que atuaram nas ocorrências. Elas poderão ser confirmadas ou não por futuros laudos periciais e, principalmente, pelas imagens das câmeras acopladas às fardas dos agentes, desde que o funcionamento dos equipamentos esteja normal.

Por exemplo, a filmagem de COPs (câmeras operacionais portáteis), como são denominados esses equipamentos acoplados nos uniformes, poderão dar credibilidade ou rechaçar os relatos dos policiais que participaram de uma incursão na comunidade do Sítio Conceiçãozinha, em Guarujá, às 15 horas de segunda-feira (31/7). A ação resultou na morte de um “indigente”. Até o momento, esse homem não foi identificado.

De acordo com um sargento e dois soldados, eles desconfiaram do desconhecido, que trazia uma mochila nas costas e um “certo volume” na cintura. Ao perceber a viatura, o suspeito correu para uma área de mata, motivando os policiais a desembarcarem do veículo para persegui-lo a pé. Ainda conforme os PMs, a fuga terminou em um beco sem saída, onde o acusado os recebeu a tiros, obrigando-os a revidar em legítima defesa.

Os policiais escaparam ilesos no confronto, enquanto o “indigente” – rótulo aplicado ao desconhecido no boletim de ocorrência – foi atingido e morreu no local, conforme atestou uma equipe de resgate acionada pelos PMs. O sargento efetuou um disparo de fuzil, enquanto os soldados atiraram três vezes no total com as suas pistolas, segundo declararam na Delegacia de Guarujá.

A arma de fogo apresentada na repartição pelos policiais como sendo a do homem morto é um revólver Taurus calibre 38. Com a numeração raspada, esse armamento continha no tambor dois cartuchos deflagrados e dois picotados. Na bolsa que pertenceria ao “indigente” havia um tablete de maconha pesando 891 gramas, um rádio de comunicação, uma faca e uma balança de precisão. (EF)