15/01/2023

Nômades da bola, dois brasileiros deixaram Messi para trás em 2022

Por Luís Curro/Folhapress em 15/01/2023 às 14:40

Divulgação/Johor FC
Divulgação/Johor FC

Dois jogadores brasileiros sem renome, com carreiras longas e marcadas por perambulações em vários clubes, podem incluir no currículo um fato obtido por poucos compatriotas: ter mais gols em um ano que Lionel Messi.

Em 2022, quando atingiu o auge esportivo, ao liderar a Argentina à conquista da Copa do Mundo no Catar, o argentino de 35 anos registrou, segundo levantamento da IFFHS (federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, na sigla em inglês), 35 gols.

Messi marcou 35 gols: 17 pelo Paris Saint-Germain e 18 pela seleção argentina. É, na lista da IFFHS, o único atleta a ter feito mais gols no ano pelo seu país do que por seu time.

Na relação da instituição fundada em 1984 na Alemanha e cuja sede é na cidade de Bonn, Messi ocupa a 11ª colocação. No topo aparece o francês Kylian Mbappé, 24, vice-campeão mundial no Catar e colega de Messi no PSG, com 56 gols em 2022.

No top 10 figuram dois brasileiros, trintões como Messi, que jamais tiveram oportunidade na seleção brasileira, e com razão, já que jamais conseguiram grande destaque por onde passaram.

Isso até agora. Cada um, morando em um país distante, atuando em ligas nacionais obscuras, tornou-se ídolo local devido à enxurrada de gols em 2022.

Bérgson (Gustavo Silveira da Silva), 31, gaúcho de Alegrete, foi o segundo maior goleador do ano passado, empatado com o badalado norueguês Haaland. Defendendo o Johor Darul Ta’zim, anotou 46 gols, incluindo campeonato local e Copas nacionais ou internacionais.

Potência no país do sudeste asiático, o Johor Darul Ta’zim é o atual eneacampeão da Malásia.

Nas categorias de base, Bérgson jogou pelos dois grandes do Rio Grande do Sul, primeiro no Internacional, depois no Grêmio, onde se profissionalizou. Jamais se firmou, sendo constantemente emprestado para clubes do Brasil, principalmente, e do exterior.

Passou por Juventude, Ypiranga-RS, Vila Nova-GO, Portuguesa, Chapecoense, Paysandu (onde se destacou, sendo um dos artilheiros da Série B do Brasileiro em 2017) e Náutico. Fora do país, esteve em Portugal e na Coreia do Sul.

Antes de se aventurar na Malásia, o que ocorreu em 2021, Bérgson ainda vestiu as camisas de Athletico-PR, Ceará e Fortaleza.

Na sétima posição da lista da IFFHS dos artilheiros de 2022 figura Tiago (Lima Leal), 34, conhecido como Azulão. Foram 39 gols pelo Petro de Luanda, por campeonato local e Copas nacionais ou internacionais.

Thiago Azulão, que atua pelo clube angolano desde 2016, é como Bérgson um andarilho do futebol.

Paulistano, vestiu, segundo o próprio, a camisa do São Paulo. Depois migrou para Minas Gerais para atuar pelo Tombense, em 2008. Lá, passou a ser constantemente emprestado até ser negociado em 2014 com o CRB (Alagoas).

Antes de parar em Angola (país africano que fala português), jogou em alguns clubes mineiros (Guarani, Uberlândia, Villa Nova, Caldense), no Oeste (SP) e no Fortaleza, passando também pelo futebol turco e malaio.

No Petro, virou ídolo, e a explicação sobre o apelido (Azulão) ele mesmo deu, em entrevista a uma página de uma rede social que acompanha o Petro.

“Azulão surgiu quando comecei a jogar, com 10 anos de idade. Na escolinha eu levava o meu próprio uniforme de treino que tinha ganhado de um vizinho, “roupa e chuteira tudo azul”, então devido à cor os amigos começaram a chamar-me de Azulão. Pegou e ficou até hoje. Eu gosto.”

Há quem possa questionar que ser artilheiro atuando na Malásia ou em Angola é uma moleza.

Certamente é mais fácil que brilhar em grandes centros da bola, porém foram justamente os dois, e não outros atletas, que puseram o nome na lista da IFFHS.

Jamais chegarão à seleção brasileira, mas há mérito no feito de cada um. Vários e vários tentam e não conseguem ter esse cartaz.

A seguir, a relação dos dez jogadores que mais fizeram gols em 2022 -lembrando que Messi ficou em 11º lugar.

Kylian Mbappé (PSG/França), francês – 56 gols

Erling Haaland (Borussia Dortmund/Alemanha e Manchester City/Inglaterra), norueguês – 46 gols

Bérgson (Johor Darul Ta’zim/Malásia), brasileiro – 46 gols

Germán Cano (Fluminense), argentino – 44 gols

Robert Lewandowski (Bayern/Alemanha e Barcelona/Espanha), polonês – 42 gols

Boris Kapitovic (Tampines Rovers/Singapura), montenegrino – 41 gols

Mehdi Taremi (Porto/Portugal), iraniano – 39 gols

Tiago Azulão (Petro de Luanda/Angola), brasileiro – 39 gols

Kodai Tanaka (Albirex Nigata/Singapura), japonês – 39 gols

Christopher Nkunku (Leipzig/Alemanha), francês – 37 gols

Apesar de ter ficado fora da lista dos dez principais artilheiros de 2022, Messi é dono da marca mais goleadora registrada em um ano neste século: 91 gols, em 2012.

O recordista histórico? Pelé, que em 1959 marcou 127 gols (algumas fontes cravam 126), somando jogos oficiais e não oficiais.

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