No bonde japonês, surpresas e descobertas; circulação deve ser no segundo semestre

Por #Santaportal em 02/04/2019 às 10:46

SANTOS – Com grande expertise no restauro de bondes, a equipe especializada da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET-Santos) sabe que a cada nova empreitada sempre se depara com descobertas. Agora, o novo desafio, restaurar o bonde japonês modelo dos anos 1950, não é diferente.

O Bonde Japonês deve começar a circular no segundo semestre. Nas próximas semanas, serão iniciados os testes de mecânica e elétrica, na garagem do Valongo. Na sequência, está programada a montagem do truck na carroçaria, com as portas e janelas, e início dos testes dinâmicos (com movimentação no local). Paralelamente, também já é preparada toda a comunicação visual para reproduzir no seu interior o ambiente de quando rodava pelas ruas da cidade japonesa.

No desmonte das portas do elétrico, um presente oferecido a Santos pela cidade de Nagasaki, eis que aparece uma surpresa na forma de um pequenino prego. ?Não de ferro ou aço, de uso comum no Brasil, mas de latão, material nobre?, conta o engenheiro Marcos Rogério Nascimento, gerente de Manutenção e Serviços da CET. Ele coordena a equipe que há quase 20 anos restaura os bondes em circulação pelo Centro Histórico santista e os do acervo do Museu Vivo Internacional de Bondes.

As peças de fixação de material nobre foram utilizadas nas janelas e portas, feitas em madeiras sem o mesmo padrão de qualidade. ?Talvez por não haver no Japão grande oferta e variedade de florestas como no Brasil. A solução adotada buscou garantir maior durabilidade ao bonde. O prego de latão não oxida, por consequência não gera fungos que levam ao apodrecimento da madeira?, explica.

Com os estudos, surgem as descobertas. No caso do Bonde Japonês, a análise do sistema construtivo das portas revelou que as partes encaixadas são afixadas sem parafuso. No lugar é usado tipo de cunha também de madeira ? peça em forma de ângulo agudo que serve de ajuste para o encaixe das partes.

?Ao restaurar estudamos a forma de montagem. O bonde foi construído com as técnicas empregadas na época, mas também houve o uso da cunha, que é uma técnica rudimentar, milenar. A intenção certamente também foi a maior durabilidade e a preservação da madeira, garantindo um veículo mais resistente e seguro?, diz Marco Rogério.

Reproduzir as portas, com todas as suas complexidades, é uma parte do desafio para colocar em circulação do Bonde Japonês. Essa etapa, que vai incluir a pintura externa, deverá ser concluída até o final de abril.

São várias as frentes trabalhando simultaneamente. Na garagem do Valongo, onde está o truck, uma parte da equipe se encarrega da substituição do sistema de captação da corrente elétrica. Isso para que o modelo japonês possa utilizar a rede local ? a mesma dos trólebus e que também serve a linha turística do Centro. O grupo de profissionais cuida, ainda, dos reparos na chaparia (laterais).

Outra frente, esta terceirizada (empresa contratada via licitação) prepara a redução da bitola para adaptá-la aos trilhos existentes na Cidade e na substituição dos quatro eixos do veículo para preservação das rodas originais do elétrico vindo de Nagasaki.

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