Neblina dura o dia inteiro na Baixada Santista e especialista explica o fenômeno
Por Santa Portal em 18/08/2021 às 19:15
O nevoeiro que tomou conta de cidades da Baixada Santista durante o dia todo nesta quarta-feira (18) chamou a atenção dos moradores, que fizeram diversos registros nas redes sociais. A neblina chamou a atenção tanto pela intensidade quanto pelo tempo que perdurou, desde a manhã até o fim da tarde.
Segundo o meteorologista da Defesa Civil de Santos, Franco Cassol, o nevoeiro foi formado pela saturação do ar em relação ao vapor d’água. “Fica muito úmido para aquela parcela de ar, o vapor condensa em forma líquida. Basicamente, para formar um nevoeiro, podem ser dois princípios: ou a massa de ar resfria muito, ou não resfria tanto, mas acrescenta muita umidade”, explica.
Normalmente, a neblina é presságio de mudança no tempo. Desta vez, porém, ela foi causada pelo aumento da umidade no ar, e não necessariamente indica uma onda de calor, segundo especialista.
“No caso de hoje, não resfriou muito. Esse processo de formação de nevoeiro por esfriar muito tem mais jeito de interior ou serra. A temperatura cai durante a noite e se forma a nuvem. Aqui, foi outro processo: o “nevoeiro marítimo”, que tem influência do mar”, diz Cassol.
Ele conta que a parcela de ar que está junto ao mar está mais fria, com temperatura mais baixa. Na última semana, a Baixada Santista teve temperaturas mais frias, depois chuva, e as temperaturas começaram a subir nesta semana, o que influenciou na formação da neblina.
“Foi tomando espaço outra massa de ar, de característica mais quente e úmida. Quando ela entra em contato com essa parcela de ar que fica mais baixa, junto ao mar, acontece isso. Essa chegada do ar mais úmido e mais quente, com a parcela junto ao oceano, tem mais facilidade para formar o nevoeiro”, completa o especialista.
Apesar do fenômeno ser relativamente comum, não é normal observar a neblina durante todo o dia, como aconteceu nesta quarta-feira (18). Franco Cassol diz que, geralmente, o nevoeiro se dissipa pela manhã. “Durante a manhã, é relativamente comum nessa época do ano, mas a persistência à tarde é mais difícil”.
O meteorologista conta que a expectativa é de que o fenômeno não se repita amanhã, e caso aconteça, poderá ser visto apenas pela manhã. Apesar da previsão de altas temperaturas para os próximos dias, não é esperada uma onda de calor.
“As temperaturas vão se elevar mais na quinta e sexta-feira, mas não há intensidade para uma onda de calor ainda. Tivemos, no fim do ano passado, temperatura perto de 40 ºC, isso sim foi onda de calor, mas os 32 ºC previstos para os próximos dias não podem ser chamados assim. É um calor anormal para o inverno, mas não pode ser chamado de onda de calor”, finaliza.
Visibilidade
A meteorologista Josélia Pegorim, do Climatempo, diz que trata-se de um nevoeiro marítimo. “O que ocorreu em Santos, e em todo o litoral paulista, foi um nevoeiro marítimo. A formação deste tipo de nevoeiro aconteceu porque tivemos grande aquecimento sobre o continente e esse ar quente avançou sobre o mar que estava com temperatura menor do que a do ar. A camada de umidade que estava sobre o mar (mais frio que o ar) condensou formando a neblina”.
“O ar quente que veio do continente formou uma espécie de “tampa” que segurou a neblina. Além do contraste térmico, o vento fraco da madrugada ajudou na formação do nevoeiro. Quando está ventando, as camadas de ar se misturam facilmente e não ocorre esse aprisionamento”, explicou a meteorologista.
Por conta da neblina, a Base Aérea de Santos, que fica em Guarujá, registrou uma grande redução de visibilidade, que chegou a apenas 250 metros, às 8 horas da manhã, o que impede as operações no aeroporto. Por lá, o nevoeiro se dissipou só por volta das 10 horas.
“Mesmo assim o restante do dia foi com uma muita névoa. A melhor visibilidade chegou aos 7000 metros, mas no fim da tarde/ começo da noite, houve uma brusca queda da visibilidade novamente, que baixou para 2500 metros, às 18h30. A visibilidade pode baixar mais no decorrer da noite de hoje e madrugada desta quinta-feira (19). Se a visibilidade ficar abaixo de 1000 metros, tecnicamente teremos a formação de nevoeiro novamente”, completou a especialista.