Moradora de Santos cai no golpe da maquininha e paga R$ 3 mil em taxa de comida

Por Carolina Iglesias em 16/09/2020 às 12:44

GOLPE DA MAQUININHA – Uma moradora de Santos foi vítima de estelionato e acabou perdendo R$ 3 mil após realizar uma compra por meio de um aplicativo de comida. O crime, conhecido como “golpe da maquininha” ocorreu no último dia 9 de setembro. Após a entrega, o motoboy teria usado uma máquina de cartão com o visor danificado e cobrado uma taxa extra da cliente. Um boletim de ocorrência foi registrado e a vítima entrou com ação contra o restaurante e contra o aplicativo de comida.

Segundo relatou a vítima à Reportagem, essa teria sido a segunda vez que a vítima fez a compra de um lanche por meio da plataforma. No dia do crime, ela conta que estava em horário de trabalho. Assim que fez a entrega do lanche, o funcionário informou que havia uma taxa fixada de R$ 4,90.

Sem suspeitar da ação criminosa, a vítima acabou digitando sua senha em uma máquina de cartões fraudulenta o valor da tarifa cobrada. Ainda segundo a moradora de Santos, a máquina estava conectada ao celular do rapaz, que mostrava a tela do aplicativo, com o valor que estava sendo cobrado.

“Eu só havia feito até hoje um único pedido por meio do aplicativo e não imaginava que isso pudesse acontecer comigo. Na hora, eu estava com fome, em horário de trabalho, e jamais imaginei que pudesse cair nesse golpe. Ele também agiu de forma natural”, relata a vítima.

Assim que o entregador deixou o local, a vítima relata ter ficado desconfiada e, ao verificar seu extrato bancário, confirmou que havia caído em um golpe. “Na hora foi uma sensação horrível. Me senti a pior pessoa do mundo. Já vi várias matérias sobre esses golpes, mas não imaginei que pudesse acontecer comigo. Ao passar por isso, você sente vergonha, se sente ingênua. Você fica se torturando por tudo que aconteceu”. 

Após o golpe, a vítima registrou um boletim de ocorrência de estelionato na Delegacia do Porto de Santos, onde o caso segue investigado. A vítima, que compartilhou sua história nas redes sociais, também entrou com uma ação contra o restaurante e contra o aplicativo de comida.

“Um amigo de trabalho me indicou uma advogada que poderia me representar. Eu não quero ser mais uma vítima desse tipo de golpe. A empresa [aplicativo] tem que ser responsabilizada por quem ela contrata, por quem presta esse serviço de entrega. Ele estava com o meu lanche, confiei nele e na plataforma”, lamenta.

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Ação na Justiça

Advogada da vítima, Adriana Faria conta que já ingressou com a ação contra o restaurante e contra o aplicativo, pedindo além do ressarcimento dos R$ 3 mil cobrados indevidamente, reparação de R$ 30 mil por dano moral.

“O dano moral está constituído através do lado emocional, da fragilidade da cliente, por conta do que aconteceu. Saiu dinheiro da conta dela, houve quebra de sigilo bancário. E a empresa tem a responsabilidade do momento do pedido até o ato da entrega”, afirma a advogada.

A advogada ainda faz um alerta a outros clientes da plataforma. “Fica um alerta para que a sociedade, ao fazer pedido em qualquer plataforma, verifique se está incluída a taxa de entrega. Até porque no caso da minha cliente, esse motoboy possivelmente realizou outras entregas naquele dia e pode ter feito outras vítimas”. 

Para quem cair no golpe, ela recomenda que seja registrado um boletim de ocorrência e, imediatamente, seja cancelado o cartão da vítima. “Nessas máquinas fraudulentas, eles copiam os dados dos cartões e também a senha, o que possibilita que outros saques ou até mesmo compras pela internet sejam realizadas posteriormente”.

Golpe da maquininha

No último dia 18 de agosto, o Procon-SP anunciou que multará o iFood em R$ 2,5 milhões por considerar que a empresa não protegeu seus consumidores do chamado “golpe da maquininha”, no qual golpistas disfarçados de entregadores usam máquinas de cartão com o visor danificado para cobrar quantias altas e indevidas dos clientes da empresa.

Além disso, o Procon-SP considerou que a empresa insere cláusulas abusivas em seu contrato com os clientes. Uma delas estabelece que o iFood não se responsabiliza pela prestação do serviço contratado pelo consumidor e ainda que poderá alterar os termos do contrato de forma unilateral. Há ainda o agravante de a empresa cancelar o cadastro caso o consumidor questione a cláusula.

Resposta

Em nota, o iFood informa que repudia qualquer desvio de conduta por qualquer um dos usuários cadastrados na plataforma, sejam eles parceiros de entrega, estabelecimentos ou usuários finais. Em relação ao caso reportado, o iFood já solicitou e aguarda o envio do Boletim de Ocorrência (B.O.) pela consumidora para tomar as medidas cabíveis. As pessoas afetadas pela fraude devem registrar boletim de ocorrência e entrar em contato com o iFood pelos canais oficiais de atendimento ao cliente via aplicativo, enviando o B.O. e extrato bancário para que a empresa possa retornar o mais breve possível.

É importante ressaltar que a prática fraudulenta da maquininha afeta tanto os consumidores quanto o iFood, que, em apoio aos clientes, após análise, faz o ressarcimento mesmo diante de fraudes aplicadas por meio de aparelhos de pagamento que não pertencem à empresa e descadastra o entregador. Por meio de notificações, o iFood orienta os clientes a não aceitar cobrança de valores adicionais na entrega e informa a confirmação de pagamento via app.

O iFood reforça ainda que ao optar pelo pagamento online, em nenhuma hipótese é exigido pagamento adicional presencial, no momento da entrega do pedido. A orientação ao consumidor é de que ao ser questionado pelo entregador, se recuse a realizar qualquer tipo de pagamento e acione a empresa pelo chat para reportar atividade suspeita.

A empresa recomenda ao consumidor que, em qualquer tipo de transação envolvendo pagamento por meio de cartão, cheque o valor no visor da máquina de pagamento e não insira a senha caso não exiba claramente o valor. Caso tenha efetuado qualquer operação sem que haja certeza do valor, recomenda-se que, assim que finalizada a transação, verifique no aplicativo do seu banco o valor debitado e, havendo divergência, solicite o cancelamento imediato.

Os pagamentos offline (dinheiro e maquininha de cartão) do iFood foram desativados para restaurantes com Entrega iFood em algumas cidades de sua base. A medida tem como objetivo concentrar os pagamentos no app para proteger a segurança de clientes e entregadores evitando o contato na hora de pagar e auxiliar a cidade a conter a disseminação do covid-19.

O iFood repudia qualquer desvio de conduta por qualquer um dos usuários cadastrados na plataforma, sejam eles parceiros de entrega, estabelecimentos ou usuários finais. Ao receber relatos de fraudes e confirmar qualquer conduta irregular, a empresa desativa imediatamente os cadastros e reforça que está à disposição das autoridades.

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