13/08/2025

Meligeni defende João Fonseca, cita 'pressão injusta' e critica polarização

Por Folha Press em 13/08/2025 às 17:35

Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais

O ex-tenista Fernando Meligeni saiu em defesa de João Fonseca em meio à oscilação do atual número 1 do Brasil. O veterano destacou que o carioca de 18 anos está vivendo a “pressão do circuito” pela primeira vez na carreira e reclamou da reação de parte dos torcedores.

Meligeni disse que Fonseca enfrenta uma pressão injusta e a intolerância dos efeitos da polarização brasileira na torcida por ele. O nesta quarta-feira (13) comentarista de tênis na ESPN fez uma publicação nas redes sociais após eliminação do jovem atleta na terceira rodada do Masters 1000 de Cincinnati.

“O João, pela primeira vez, vive a pressão do circuito. Sente a desconfiança de alguns, a pressão injusta sobre seu time e a intolerância que a polarização política trouxe ao país: sim ou não, bom ou ruim, ídolo ou ‘uma mentira’.”, disse.

“O Brasil já tem experiência de sobra em destruir ídolos. E continua errando ao atacar, em vez de simplesmente torcer ou deixar de torcer, mas com respeito. Muitos se acham no direito de mandar mensagens agressivas e destrutivas, sem perceber que o atleta está apenas exercendo sua profissão. Ganhar e perder, jogar bem ou mal, faz parte do jogo. Ser estúpido, agressivo e intolerante, não.”

O ex-número 25 do mundo acrescentou que João precisa de tempo para conseguir encontrar soluções em quadra. Ele elogiou a atuação de Atmane e reconheceu que o brasileiro esteve abaixo na derrota para o adversário francês. Meligeni ainda ressaltou que não está “passando pano” e que Fonseca vai aprender conforme for ganhando experiência —mesmo que na marra.

“Um jovem ainda não passou por certas experiências e, ao não ter vivido, se perde. Quando digo que ele precisa de tempo, alguns acham que é “passar pano”. Mas ninguém nasce sabendo. Ele se assustou e não soube “brecar” o ímpeto do adversário.”

“Como se faz isso? Usando o tempo, jogando mais devagar, mudando a forma, variando as jogadas… e até, para os mais provocativos (o que não é o caso dele), tentando entrar na cabeça do adversário. Existem formas. Não é garantia de que vá mudar o jogo, mas aprendemos que não podemos –e não devemos, perder uma partida sem tentar mudar o caminho. Isso é imperdoável”.

Veja o texto de Meligeni na íntegra

“Já venho dizendo que me chama muito a atenção como, dificilmente, conseguimos analisar as coisas com tranquilidade.

O esporte, de alguma maneira, sempre foi a válvula de escape do brasileiro, uma forma de se orgulhar e até de desopilar. Mas é injusto e preocupante o que fazem com os atletas.

Já escrevi sobre isso antes. Já me disseram para parar, que nada mudaria. Mas, ao fazer um comentário sobre um jogo perdido e ver o tom das críticas, fico pensando em como ajudar. Aí volta à minha mente a frase que meu pai me disse: “Devolva ao tênis tudo que ele te deu”. Com informação.

nesta terça-feira (12) [segunda] foi um dia em que o João jogou bem abaixo. Antes de falar dele, é preciso dizer que seu adversário estava muito bem. Canhoto, agressivo, nada a perder, entrou em quadra sem pensar nem duvidar. Em minutos, já tinha entrado na cabeça do brasileiro. E é aí que muita gente não entende ou não quer entender, e alguns deixam até a maldade estampada na escrita. Um jovem ainda não passou por certas experiências e, ao não ter vivido, se perde.

Quando digo que ele precisa de tempo, alguns acham que é “passar pano”. Mas ninguém nasce sabendo. Ele se assustou e não soube “brecar” o ímpeto do adversário. Como se faz isso? Usando o tempo, jogando mais devagar, mudando a forma, variando as jogadas… e até, para os mais provocativos (o que não é o caso dele), tentando entrar na cabeça do adversário. Existem formas. Não é garantia de que vá mudar o jogo, mas aprendemos que não podemos — e não devemos, perder uma partida sem tentar mudar o caminho. Isso é imperdoável.

O João, pela primeira vez, vive a pressão do circuito. Sente a desconfiança de alguns, a pressão injusta sobre seu time e a intolerância que a polarização política trouxe ao país: sim ou não, bom ou ruim, ídolo ou “uma mentira”.

O Brasil já tem experiência de sobra em destruir ídolos. E continua errando ao atacar, em vez de simplesmente torcer ou deixar de torcer, mas com respeito. Muitos se acham no direito de mandar mensagens agressivas e destrutivas, sem perceber que o atleta está apenas exercendo sua profissão. Ganhar e perder, jogar bem ou mal, faz parte do jogo. Ser estúpido, agressivo e intolerante, não.

Pensem a respeito.”

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