Mascote da Briosa relembra partidas históricas e projeta acesso

Por Rodrigo Cirilo em 21/03/2023 às 11:00

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Descendente de portugueses, o professor de Geografia Luiz Paulo, de 42 anos, é torcedor, sócio e conselheiro da Briosa. Desde 2018, o geógrafo também dá vida à Cachopinha, mascote da Portuguesa Santista.

Em entrevista ao Santa Portal, o geógrafo revela que a maioria de seus familiares são torcedores do Santos. Por isso quando criança, frequentava a Vila Belmiro.

“Na infância, meu avô levava meu irmão e eu aos jogos do Santos. Não gostava do ambiente, na década de 1980 a Vila não estava bem conservada e os resultados do time deixavam todos por lá bravos, tinha a impressão que sempre estava prestes a começar uma briga generalizada. Uma criança de 6/7 anos obviamente teria medo”.

Seu avô também o levava a jogos do Jabaquara, entretanto foi em Ulrico Mursa onde Luiz, ainda criança, se conectou ao futebol.

“Também não gostava de ir ao Estádio Espanha, achava longe, muito mosquito, e os velhinhos espanhóis tinham um mau-humor que deixava o ambiente lá “parecido” com a Vila Belmiro. Mas, quando íamos à Ulrico Mursa, a atmosfera era outra, parecia que estava indo visitar a casa da minha bisavó. Mesmo sendo um estádio simples, que muitos falavam que era menor que a Vila Belmiro, para mim, era mais claro, mais iluminado, mais aberto. Via alguns torcedores xingando o juiz e os jogadores, mas, em geral, o semblante das pessoas era outro, muito mais amigável, na minha percepção”.

Imagem: Arquivo Pessoal

Trabalho voluntário

Frequentador assíduo de Ulrico Mursa, Luiz ganhou popularidade em 2017, quando resolveu encomendar um “Cavalinho da Briosa”, com os mesmos artesãos que fizeram os Cavalinhos do Fantástico. A novidade fez enorme sucesso entre os torcedores, incluindo Emerson Coelho, que estava na Presidência e comandando o centenário do clube. Próximo do presidente e sentindo a falta da Cachopinha nos jogos, Luiz viu a oportunidade de incorpora-la no primeiro jogo em Ulrico Mursa da temporada de 2018.

“Perguntei à ele: “Emerson, cadê a Cachopa?”. Ele respondeu que precisou dispensar a pessoa que vestia a fantasia. Olhei pra ele com um sorriso no canto da boca. Ele olhou pra mim, pra minha barriga e exclamou: “Não vai caber!”, retruquei: “E se couber?” – Ele autorizou: “Vai lá e brinca então”. Estou “brincando” até hoje!”.

O geógrafo revela que, para suportar as altas temperaturas debaixo da fantasia, precisou fazer algumas mudanças na versão original.

“A primeira vez que usei a fantasia da Cachopinha, não aguente mais que 20 minutos. A fantasia tem muitas camadas, havia até uma segunda pele de pelúcia. Analisei essas dificuldades e pedi ao Emerson pra fazer alguns ajustes. Assim, deixei a Cachopinha mais ágil e com melhor mobilidade substituindo a “pantufa” por uma chuteira de Society, a segunda pele de pelúcia por uma camisa térmica branca e luvas e nas pernas, uma meia-calça fio 80, que disfarça os pelos e permite a flexão das pernas”.

Momento mais marcante

Na opinião do professor, o momento mais memorável foi a partida de volta da semifinal do Paulista A3 de 2018, contra o Barretos, em Ulrico Mursa. Na ocasião, a Briosa precisava de uma vitória ou empate para garantir o acesso à Série A2.

“No apito final eu desabei. Chorei muito, tomado por uma emoção que, semelhante, senti em 1996 e em 2016, quando a Portuguesa subiu pra série A1 e quando foi campeã da série B. Mas agora era diferente. Eu não era ‘só mais um torcedor’, eu ‘era’ a Portuguesa, personificada, vestindo a fantasia da Cachopinha, todo o clube, sua história, conquistas, tradições, sócios e torcedores. É uma sensação poderosa, única”.

Encontro Nacional de Mascotes

O geógrafo faz parte de um grupo com diversos mascotes do Brasil, a maioria do futebol, mas alguns de outras modalidades, como futsal, basquete e vôlei. O convite surgiu pelo intérprete do Baleião do Santos em março de 2018.

“O Saci do Inter conversou com a sua diretoria de marketing e com o jogador D’Alessandro, que sempre promovia um jogo beneficente no final do ano, em prol da Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre, e sugeriu que os mascotes estivessem presentes no jogo. Assim, ajudei a redigir um manifesto do mascotes do Brasil, dando diretrizes sobre a nossa atuação (profissional e voluntária) e chamando para um Encontro Nacional de Mascotes. Foi uma experiência muito boa, e agora, que conseguimos superar a pandemia de covid-19, estamos pensando e organizar o segundo encontro”.

Imagem: Arquivo Pessoal

Expectativa

Confiante com o acesso, o professor faz uma projeção de uma possível classificação em cima da Ponte Preta, relembrando a histórica decisão de 1964.

“Já pensou, 58 anos depois daquela final da segunda divisão contra a Ponte Preta, que ganhamos deles de 1 a 0, lá, no Moisés Lucarelli, repetirmos a final? Garantiríamos o acesso, voltaríamos a Série A1, e em 2024, teríamos a volta de dois clássicos: O Clássico da Praias, contra o Santos e o Clássico Lusitano, contra a Portuguesa de Desportos!”, finaliza o mascote da Briosa.

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