07/03/2023

Maioria no ensino superior, o número de mulheres no mercado formal subiu 18,2%, aponta Semesp

Por Santa Portal em 07/03/2023 às 17:35

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Na semana do Dia Internacional da Mulher, as mulheres podem comemorar algumas conquistas, mas ainda enfrentam desafios e desigualdades no mercado de trabalho. É o que mostra o levantamento do Instituto Semesp, centro de inteligência analítica criado pela entidade que representa as instituições de ensino superior no Brasil (Semesp).

De acordo com o levantamento do Instituto Semesp, as mulheres seguem sendo a maioria entre os alunos matriculados em cursos de graduação. Em 2021, o Brasil contabilizou mais de 5,2 milhões de mulheres matriculadas no ensino superior, presencial ou EAD, o que representa 58,4% do total de estudantes. Essa participação aumentou 2,5% de 2011 a 2021, sendo a rede privada a maior responsável por esse aumento.

Em relação aos ingressos de 2021, 58,7% dos calouros são mulheres, mais de 2,3 milhões de alunas, um aumento de 5,2% de 2011 a 2021. Entre os que concluíram, as mulheres também são maioria (61%), o que corresponde a 809 mil egressos. Esses percentuais se mantiveram estáveis na última década.

Outro dado positivo, é que, entre 2015 e 2021, o número de mulheres na empregabilidade formal subiu 18,2%, passando de 5,75 milhões para 6,79%, o que representa 60% dos empregos formais com ensino superior.

Em contrapartida, quando analisados os dados de representatividade em cargos de liderança e renda salarial, a tendência se inverte e com pouca variação nos últimos anos, reforçando que as mulheres ainda têm pouca evolução salarial ao longo da carreira.

Em cargos de liderança, também com base em empregos formais, as mulheres ainda são minoria, 44,5%. Entre 2015 e 2021, o crescimento foi de apenas dois pontos percentuais.

Considerando a remuneração média, em 2015, no geral, as mulheres ganhavam 17% a menos que os homens. Em 2021, esse percentual de diferença salarial por gênero caiu para 11% (R$ 3.664 homens e R$ 3.269 mulheres).

Agora, considerando apenas mulheres e homens com ensino superior completo, essa diferença salarial aumenta. Em 2015, elas ganhavam 37% a menos e, em 2021, esse percentual passou para 32% (R$ 8.722 homens e R$ 5.894 mulheres).

“Mesmo com todas as conquistas, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos, como a desigualdade salarial e a menor representatividade em cargos de liderança. Vamos aos poucos superando esses desafios”, pondera Lúcia Teixeira, presidente do Semesp, entidade que representa mantenedoras de ensino superior no Brasil. “Por outro lado, a remuneração das mulheres com ensino superior é 188% superior em relação às mulheres que possuem apenas o ensino básico. Isso comprova a transformação social e econômica que a realização de uma graduação gera na vida das mulheres”.  Segundo dados da RAIS, a remuneração média das mulheres com ensino básico completo era de R$ 2.048,00 em 2021, enquanto a das mulheres com ensino superior completo recebiam, em média, R$ 5.894,00, no mesmo período.

O Instituto Semesp também analisou os cursos presenciais e EAD com maior aumento no percentual de mulheres. Entre diversos cursos, chama a atenção o avanço da participação feminina na última década em cursos tradicionalmente com mais predominância de homens, como Investigação e Perícia (33,7), Medicina Veterinária (12,1), Engenharia Florestal (9,7), Segurança Pública (5,2), Engenharia Civil (3,2), respectivamente em pontos percentuais.

Já em relação aos cursos presenciais com maior percentual de estudantes por gênero, permanecem os cursos de Estética e Cosmética, Pedagogia, Terapia Ocupacional, Fonoaudiologia e Moda têm maioria do sexo feminino, todos com mais de 88% de alunas.

“Os dados apontam uma mudança significativa no perfil dos alunos do ensino superior no Brasil e reforçam a importância de políticas públicas que incentivem a igualdade de gênero no acesso à educação”, afirma a presidente do Semesp.

O levantamento do Instituto Semesp aponta também um crescimento do número de mulheres docentes no ensino superior. De 2011 para 2021, esse percentual passou de 45,1% para 47,0% (aumento de 1,9 ponto percentual), ocasionado principalmente pela contratação de professoras na rede privada (49,4% dos professores na rede privada são do sexo feminino). Já entre os funcionários técnico-administrativos, 55,6% são mulheres. De forma geral, considerando docentes e funcionários-administrativos, em 10 anos, o percentual de mulheres atuantes no ensino superior ultrapassou o de homens, passando de 49,8% em 2011 para 51,2% em 2021.

Para a presidente do Semesp, “a universidade é um espaço de oportunidades e experiências que vão além do aprendizado. Ter um quadro de alunos e docentes formado por pessoas de diferentes gêneros, raça, etnias, classe social e qualquer outra natureza promove vivências mais condizentes com a realidade social”.

A presidente do Semesp também lembra que as mulheres, que são maioria nos cursos de graduação do país, são também trabalhadoras, e geralmente desempenham a tripla jornada: estudam, trabalham, assumem as responsabilidades domésticas e familiares. “O melhor reconhecimento desses esforços realizados pelas mulheres brasileiras é rever os papéis sociais desempenhados por homens e mulheres, garantir a adequada divisão do trabalho doméstico e a superação de qualquer desigualdade social e de gênero”, aponta Lúcia Teixeira.

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