09/09/2022

Maioria mantém máscara no primeiro dia de liberação no transporte de SP

Por Bruno Lucca/Folhapress em 09/09/2022 às 17:22

Movimentação de pessoas no centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do uso de máscaras ao ar livre no Estado do Rio de Janeiro.
Movimentação de pessoas no centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do uso de máscaras ao ar livre no Estado do Rio de Janeiro.

Às 7h desta sexta-feira (9), o terminal Grajaú, no extremo sul de São Paulo, estava lotado. Entre a multidão que se aglomerava nas plataformas, além de outras tantas pessoas que se espremiam para subir a escada rolante até a estação na linha 9-esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), a grande maioria usava máscara de proteção contra a Covid-19.

O acessório deixou de ser obrigatório em ônibus, metrô e trem, por decisão do governo paulista e a Prefeitura de São Paulo. No primeiro dia da medida, porém, era raro encontrar passageiros sem a proteção. “Não vou tirar, quem disse que a pandemia acabou? Não faz sentido”, disse a estudante Camila Alves, 21, que aguardava por um ônibus para o município de Embu das Artes (Grande SP).

Já a assistente administrativa Maria Mayrla, 22, e a auxiliar de cafeteria Mara Maciel, 29, não se incomodaram em ser minoria. “Eu não aguentava mais usar máscara. Não via propósito também. Se for pela Covid, olha a quantidade de gente nesse lugar. A máscara previne o quê?”, disse Maria.

Apesar da liberação da máscara, a prefeitura e o governo afirmam que uso ainda é recomendado, principalmente, para os grupos vulneráveis, como pessoas acima de 60 anos e imunossuprimidos. A utilização segue obrigatória em hospitais e postos de saúde.

Nem todos sabiam da nova regra. Logo atrás de Camila, um grupo de mulheres, que partia para uma missa, ficou surpreso com a informação, mas nenhuma delas retirou o equipamento de proteção.

Todos os funcionários do terminal e da estação usavam máscara, e nenhuma sinalização sobre o fim da obrigatoriedade estava à vista.

Dentro do trem, poucos ficavam sem o acessório opcional. Alguns passageiros que entravam no vagão mostrando o rosto, ao observarem a aglomeração, prontamente colocavam a máscara.

Na estação Santo Amaro, onde há acesso para a linha 5-lilás do metrô, a situação era simular à observada no Grajaú. Poucos, como as amigas Crislaine Bispo, 33, e Martiane Santos, 32, optaram por deixar a máscara em casa. “Eu não via a hora. A gente precisa mostrar o rosto. A máscara tira a nossa identidade”, disse Martiane.

A obrigação do uso de máscara foi determinada em 29 de abril de 2020, no início da pandemia de Covid.

A flexibilização ocorre após o conselho gestor da Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde de São Paulo, o antigo comitê científico, apontar altas taxas de cobertura vacinal, expressiva quedas nas internações pela doença e uma taxa de mortes por milhão de habitantes menor do que em países em desenvolvimento.

O secretário David Uip disse que o quadro “dá a segurança necessária para a flexibilização do uso de máscaras neste momento”. O governo, segundo ele, vai monitorar os dados epidemiológicos de forma constante.

Para o infectologista Leonardo Weissmann, membro da diretoria da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), os indicadores epidemiológicos permitem a flexibilização, porém com cuidados. A máscara deixa de ser obrigatória, porém segue recomendada principalmente em locais fechados.

“A pandemia ainda não acabou. Enquanto houver circulação do vírus, não se pode descartar a possibilidade do surgimento de novas variantes, mais transmissíveis ou até mesmo com evolução diferente do que vimos até o momento. Sendo assim, podemos ter uma nova subida de casos. Se isso acontecer, essa medida poderá ser revertida”, disse o médico.

Segundo a Secretaria da Saúde paulista, em comparação com o início deste ano, houve mais de 90% de queda das internações por Covid. No início de fevereiro, o número de pacientes internados era 4.091. Hoje, são 363 pacientes.

A média móvel de mortes caiu de 288 em 9 de fevereiro e agora, no estado, está em 27.

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