Mãe suspeita de ter espancado filho em SV nega crime: "Não fui eu"

Por Santa Portal em 06/10/2022 às 12:04

Presa por suspeita de ter espancado o próprio filho de cinco anos, que teve oito costelas fraturadas, Julia Cristina Pereira, de 24 anos, negou ter agredido a criança, na manhã desta quinta-feira (6), enquanto deixava o 2º Distrito Policial de São Vicente para seguir ao Fórum de Santos. No fim da tarde, ela passará por uma audiência de custódia.

“Não fui eu. Eu tentei defender ele. Peço perdão ao meu filho por deixar ele ter se envolvido com uma pessoa que era totalmente envolvida com drogas. Quero pedir perdão a ele por não ter feito diferente”, disse Julia para a Santa Cecília TV.

Julia foi presa no começo da noite de quarta-feira (5), em Itanhaém. Ela estava foragida após a 1ª Vara Criminal do Foro de São Vicente ter expedido um mandado de prisão no fim da tarde. A mulher passou a noite na Cadeia Pública Feminina de São Vicente.

De acordo com informações apuradas pelo Santa Portal, a vítima foi encontrada por policiais do 2º DP de São Vicente, em um barraco abandonado, em Itanhaém, e não resistiu à prisão. Ao chegar no DP de São Vicente, Julia foi hostilizada por moradores da região.

Mãe nega agressões ao filho ao sair do 2º DP de São Vicente (Foto: Márcio Piriquito/Santa Cecília TV)

O padrasto do garoto foi encontrado morto na última quinta-feira (29), mas teve a confirmação da identidade apenas na última quarta (5).

A investigação corre sob segredo de justiça, mas o Santa Portal teve acesso ao mandado de prisão de Julia. De acordo com o documento, a finalidade da custódia cautelar é a “de prevenir a reprodução de fatos criminosos, tranquilizar o meio social em razão da gravidade do fato e de sua repercussão”.

O documento indica ainda que, no caso, tem “fortes indícios das autorias dos crimes em tela pela averiguada, em especial pelas declarações das conselheiras tutelares, filmagens e relatório de investigação policial”.

“Além disso, como bem ponderou a representante do Ministério Público, o crime a ela imputado é gravíssimo. A forma como foi praticado, bem como seus motivos, denotam ser ela pessoa de índole violenta e perigosa, capaz de agredir de forma cruel o próprio filho, criança em tenra idade”.

Histórico

O padrasto acusado de espancar o enteado de apenas 4 anos, junto com a mãe da criança, causando fratura em oito costelas e em um dos braços do menino, foi assassinado. Ex-presidiário, que cumpria pena por roubo em regime aberto, Julian do Nascimento, de 32 anos, foi morto com tiros no olho direito, nas mãos e no tórax. A criança continua internada na Santa Casa de Santos, mas já saiu da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O corpo de Julian foi achado às margens do km 285+300 metros da Rodovia Padre Manuel da Nóbrega, no Parque das Bandeiras, Área Continental de São Vicente, na noite da última quinta-feira (29), mesma data em que criança deu entrada no hospital em estado grave. A violência contra o garoto aconteceu na residência do acusado, na Favela México 70, Vila Margarida.

Em relação ao assassinato de Julian, inicialmente, desconfiava-se que o corpo encontrado às margens da rodovia fosse dele em uma razão da tatuagem de uma coroa no pescoço com a inscrição “Jair e Neide”. Os nomes são dos pais do padrasto agressor.

Para se ter certeza absoluta quanto à identidade da vítima, foram coletadas as suas impressões digitais e o Sistema de Legitimação à Distância (Lead) confirmou que o corpo é mesmo de Julian. Esta informação foi prestada ao Santa Portal nesta quarta-feira (5) pelo delegado Marco Antônio do Couto Perez, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), da Seccional de Praia Grande.

Julia e Julian, mãe e padrasto da criança espancada em São Vicente (Foto: Reprodução)

A forma como Julian foi executado revela indícios de ação típica dos “tabuleiros”, como são chamados os tribunais do crime organizados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Na comunidade onde o ex-detento residia os comentários dão conta de que a sua companheira, mãe do menino espancado, teria sofrido idêntica retaliação à imposta ao padrasto da criança.

Júlia chegou a gravar um vídeo após ter agredido o próprio filho. Na filmagem, ela repreende o menino e diz que era para ele “não ranger os dentes” e que “ele não ia bagunçar na casa dela”. A violência ocorreu na quarta-feira da semana passada (28). Uma tia do garoto revelou o episódio nas redes sociais e o caso ganhou repercussão, gerando revolta e indignação pela covardia e crueldade.

O Santa Portal apurou que Julian foi condenado a cinco anos e quatro meses de reclusão por roubo. Com uma réplica de pistola, ele e um comparsa assaltaram um homem, em 6 de março de 2014. A sentença da 2ª Vara Criminal de São Vicente foi prolatada em 16 de janeiro de 2017, mas a prisão de Julian só ocorreu em 11 de setembro de 2019. Em 14 de abril de 2020, ele progrediu para o regime aberto e foi solto.

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