Lula lança edital do túnel Santos-Guarujá; Tarcísio e ministros participam
Por Santa Portal em 27/02/2025 às 14:00

O Brasil terá seu primeiro túnel imerso, com 870 metros de comprimento, instalado embaixo do mar para ligar as cidades de Santos e Guarujá. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Tarcísio de Freitas participaram nesta quinta-feira (27), em Santos, do lançamento do edital de concessão do Túnel Santos-Guarujá. A estrutura tem investimento estimado em R$ 6 bilhões, divididos entre o Governo do Estado de São Paulo, Governo Federal e a iniciativa privada, que será responsável pela construção, operação e manutenção do túnel.
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, valorizou a união entre os governos estadual e federal para a concretização desse projeto. “O túnel já nos uniu, os ministros Márcio França e Silvio Costa Filho e Geraldo Alckmin, o governador Tarcísio de Freitas e o presidente Lula. O túnel mudará a vida de 2 milhões de habitantes que serão impactados positivamente e beneficiária 1.200 famílias que residem em palafitas em Guarujá, proporcionando uma reparação histórica”, pontuou.
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, também destacou a importância do projeto para a Baixada Santista. “Eu quero publicamente enaltecer esse gesto, que está marcado na história do Brasil. Quero parabenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Sila e o governador Tarcísio de Freitas, que mesmo com diferenças pontuais, fizeram um entendimento em nome do estado de São Paulo e do Brasil. Muitas vezes as divergências constroem as convergências. Governador, quero lhe parabenizar pelo seu desprendimento, capacidade de sentar com o presidente Lula, com o ministro Rui Costa. Lula disse: se é bom para São Paulo é bom para o Brasil. Uma obra que depois de 100 anos está saindo do papel. Vai tirar pessoas da pobreza, melhorar a mobilidade urbana e favorecer o Porto de Santos, que é o maior da América Latina. É a maior obra da história do Brasil e, sobretudo, da história do setor portuário brasileiro. O Porto de Santos está vivendo um momento histórico, com o maior volume de investimentos de sua história”, afirmou.
Tarcísio enalteceu a parceria com o Governo Federal e agradeceu a Lula pelo empenho em tirar o projeto da ligação seca do papel. “Faltava o túnel Santos-Guarujá. Quando a gente discutia isso, falavam que o túnel já era esperado há muito tempo. Primeiro apareceu um registro de 1972, depois da década de 1940, até que veio um registro de 1927, que chegou para o senhor (presidente Lula). Mas há quem diga que a primeira vez que falaram isso foi em 1924, ou seja, 101 anos atrás para hoje publicarmos esse edital, para que marcássemos esse gol, que não é o olímpico do Neymar, mas é tão significativo quanto. Quero agradecer ao senhor presidente, o senhor colocou esse assunto como prioridade. O senhor falou: ‘Não está na hora de disputa política, está na hora de atender o povo’. O túnel vai atender a todos, a ponte não atenderia a região metropolitana, ficaria mais restrita a Santos e poderíamos enfrentar problemas por causa das condições climáticas. Hoje já temos tecnologia para isso (túnel imerso). Temos que celebrar a chegada do investimento. O dia de hoje é para entrar para história”, disse Tarcísio.
O vice-presidente e ministro de Desenvolvimento, Indústira, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, celebrou que uma discussão de anos finalmente esteja sendo resolvida, com uma obra que vai beneficiar a população da Baixada Santista.
“Aprofundamos estudos, fizemos o projeto, mas faltava a parceria do Governo Federal. Com o túnel, a travessia será feita em dois minutos. A importância do Porto é a exportação. Se prepare, Pomini, nesse ano teremos safra recorde e grande parte dela sairá pelo Porto de Santos”, comentou Alckmin.
Já o presidente Lula valorizou a parceria com Tarcísio e garantiu que, em sua gestão, o interesse público estará acima de disputas políticas.
“Tem gente do lado do Tarcísio que não gosta de vê-lo do meu lado e gente do meu lado que não gosta de vê-lo do teu lado. O que temos que ter consciência é que só temos um lado: atender bem o povo de São Paulo e do Brasil. O restante a gente deixa passar. Eu quero trazer o Brasil para a normalidade, entre prefeitos, governadores e deputados federais. Ninguém precisa concordar com ninguém, não precisa ser da mesma religião, torcer pelo mesmo time ou almoçar na mesma mesa. Mas temos que ter em mente o que é preciso para governar. Fomos eleitos para compartilhar o nosso esforço e fazer com que o povo sinta prazer em ser governado por alguém que está preocupado com ele. Não estamos com essa parceria para fazer o túnel porque é bonito, é para melhorar a vida do povo de Santos e de Guarujá”, destacou.
O projeto
A profundidade será de 21 metros. O projeto vai reduzir o tempo de deslocamento entre as duas áreas urbanas. Atualmente, a travessia é feita por balsa ou por cerca de 40 km de rodovia. Mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando barcos de pequeno porte (catraias) e as balsas, além de 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres.
O trecho vai ligar as regiões de Outeirinhos e Macuco, em Santos, ao bairro Vicente de Carvalho, em Guarujá. O estudo de mobilidade do projeto concluiu que a localização mais adequada do túnel é no centro do canal, atendendo as necessidades logísticas da região.
O projeto do Túnel Imerso ligando os municípios de Santos e Guarujá está qualificado no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e será executado por meio de parceria público-privada (PPP), com valor de investimento estimado em R$ 6 bilhões.
A futura concessionária será responsável pela construção, operação e manutenção do ativo, que permitirá o tráfego de veículos de passeio e de transporte público, além de caminhões, bicicletas (ciclovia) e pedestres. A solução não limita o desenvolvimento e a expansão do Porto de Santos.
Os estudos foram realizados pela Fipe, por meio da Companhia Paulista de Parcerias. O projeto-executivo do empreendimento foi validado por duas consultorias internacionais especializadas em projetos de alta complexidade de engenharia e já possui licença ambiental prévia.
As demandas atuais e futuras de viagens, conectando as áreas de maior geração de tráfego nas duas cidades da Baixada Santista, balizaram a formatação da proposta para a ligação seca. O empreendimento ainda permitirá a integração dos sistemas de transportes públicos na região.
Além da passagem de veículos, o túnel contará com uma área de circulação para ciclistas e pedestres instalada entre as seis vias de pista – três faixas por sentido, sendo uma delas adaptável ao VLT (Veículo Leve sobre Trilhos).
A estrutura será composta por seis módulos de concreto pré-moldados que serão construídos em uma doca seca. Em seguida, os módulos serão “mergulhados” na água para o teste de vedação e impermeabilidade. Depois de prontas, as partes serão transportadas por flutuação até o local onde o túnel será instalado no fundo do leito oceânico.
Etapas da construção:
Preparação do solo
A primeira etapa é a preparação do fundo do canal onde o túnel será instalado. Uma trincheira é cavada no local para abrigar os módulos que formarão a estrutura. Também serão instaladas placas de concreto na vala para suportar os elementos de túnel.
Construção
Os elementos de túnel são peças de concreto construídas em uma doca seca, de preferência próxima ao local onde ficará o túnel. Os elementos contam com piscinas provisórias no seu interior. Os reservatórios fazem com que a estrutura não afunde na água em um primeiro momento.
Transporte
Quando as peças ficam prontas, elas passam por testes de vedação e impermeabilidade. Na sequência, a doca seca é inundada. Por conta das piscinas provisórias, os elementos flutuam para, desta forma, serem transportados por rebocadores para o local onde o túnel vai ficar.
Posicionamento
Os elementos são fixados em pontes flutuantes e posicionados por sistemas eletrônicos no ponto exato onde devem ser imersos.
Imersão
A água presente nas piscinas provisórias do interior dos módulos é bombeada, fazendo submergir lentamente os elementos do túnel. Esse processo é monitorado por sensores.
Ligação dos elementos
Por meio de guinchos hidráulicos, os elementos são aproximados, até o contato entre eles.
Acoplagem
A união final dos módulos de túnel contíguos é feita pela diferença de pressão atmosférica no interior do elemento já posicionado e a pressão que a água exerce no novo elemento.
Nivelamento
Em uma das extremidades do elemento, são ancorados macacos hidráulicos, que movimentam pinos de aço para nivelar o módulo. Os pinos são soldados e os macacos hidráulicos, retirados. Em seguida, é injetada areia na base, formando uma “cama” para assentar o elemento de túnel.
Proteção
Por fim, uma camada de pedras é utilizada para recobrir e proteger o túnel contra impactos de embarcações e o enganchamento de âncoras soltas.
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Foto: Divulgação/Governo de SP
Sobre o túnel
Qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP) e integrado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto do túnel imerso prevê investimento total estimado de R$ 6 bilhões, de aportes público dividido entre o Governo de São Paulo e a União, além de participação da iniciativa privada.
A concessionária será responsável pela elaboração do projeto executivo e execução das obras de implantação do túnel e dos acessos viários e pelas atividades de manutenção, conservação e operação da infraestrutura pelo prazo de 30 anos, sendo remunerada por tarifa a ser cobrada dos usuários e, a depender dos resultados dos estudos de viabilidade, de contraprestação pública, durante a fase de operação.
A obra do túnel promete solucionar um dos maiores gargalos logísticos do país.
A ligação entre as duas principais cidades da Baixada Santista vai permitir o tráfego de veículos de passeio, caminhões e transporte público, além de bicicletas e pedestres em vias segregadas. A solução viária também amplia possibilidades de desenvolvimento e expansão do Porto de Santos.
Com projeto executivo elaborado pelo Governo de São Paulo, o empreendimento é uma demanda centenária da população da Baixada Santista e vai reduzir o tempo de deslocamento entre os dois municípios.