Literatura infantil é destaque na primeira edição da Flis

Por Beatriz Pires em 24/08/2025 às 19:00

Reprodução/ Instagram
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A primeira edição da Feira Literária de Santos (Flis) levantou neste domingo (24) um debate sobre os desafios de formar novos leitores. O encontro, intitulado O Livro para a Infância, aconteceu no Salão Orquídea do Hotel Parque Balneário, no Gonzaga, das 14h às 14h45, e contou com a participação da colunista da Revista Crescer, Cristiane Rogério, sob coordenação da jornalista Ana Maria Sachetto. O tema escolhido foi “Se essa rua fosse minha… Santos nos encantos da leitura”.

Mestra em Arte Educação, Cristiane destacou que a leitura está diretamente ligada ao vínculo — seja entre pais e filhos, professores e alunos ou até entre crianças. Segundo ela, essas relações devem não apenas incentivar o hábito da leitura, mas também torná-lo um momento prazeroso e divertido. Em tempos em que as telas chegam cada vez mais cedo à infância, a variedade torna-se essencial, tanto no conteúdo quanto na apresentação: capas atrativas, diferentes formatos e até edições sanfonadas ajudam a despertar a curiosidade.

Na era digital, Cristiane defende que a leitura não deve ser usada como moeda de troca — como condicionar o acesso ao celular após ler um livro, por exemplo. Para ela, é preciso educar para que a criança entenda o formato e valorize o ato de folhear, observar e parar. A leitura, explica, deve ser um convite para desacelerar, em contraponto ao ritmo acelerado das telas.

“A própria autoria, a autoria negra, a autoria indígena, a autoria branca, a autoria amarela… são pessoas diferentes, que pensam de formas diversas. Por que não oferecer já de início essa pluralidade? Isso é um convite para que adultos e crianças encontrem o que realmente gostam”, reflete Cristiane.

Apesar da importância da estética chamativa, ela alerta que o essencial está no enredo. Texto, corpo e imagem devem trabalhar em conjunto para transmitir uma mensagem. A leitura, desde cedo, contribui para a construção do senso crítico e, segundo Cristiane, a imagem também deve ser valorizada como forma de arte, capaz de ajudar na elaboração emocional e na compreensão de novos mundos e personagens.

A especialista reforça que não existe uma “receita de bolo”. Cada criança deve ser vista como um ser em constante evolução. O que encanta hoje pode não despertar interesse amanhã. Por isso, é fundamental oferecer diferentes estilos, respeitando sua individualidade e reconhecendo o direito da criança de vivenciar, por meio dos livros, todas as questões da vida.

“Muitos livros que antes considerávamos perfeitos hoje são questionados. Estamos com um olhar assumidamente antirracista e decolonial e isso, felizmente, também está transformando a literatura para a infância”, afirma.

Cristiane conclui ressaltando que a leitura infantil não é apenas para crianças: pais também devem cultivar o hábito de ler junto com seus filhos. Seguir listas de recomendações, como as da Revista Crescer, acompanhar perfis especializados e oferecer liberdade de escolha são formas de aproximar ainda mais os pequenos do universo literário.

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