Liderança feminina abre V Congresso de Direito Marítimo e Portuário da ABDM

Por Rodrigo Martins em 15/09/2022 às 11:10

Liderança feminina abre V Congresso de Direito Marítimo Portuário da ABDM
Liderança feminina abre V Congresso de Direito Marítimo Portuário da ABDM

O primeiro painel do V Congresso de Direito Marítimo e Portuário da ABDM debateu, na manhã desta quinta-feira (15), o tema “Liderança feminina no setor marítimo e portuário”. O evento acontece nesta quinta e sexta-feira (16) no Sheraton Hotel, em Santos.

A mesa foi presidida pela advogada e professora de Direito Marítimo e Portuário do Curso de Direito da Unisanta, Maria Cristina Gontijo, que falou sobre a importância do tema ao abrir o painel. “Tenho muito orgulho de estar ao lado de mulheres com tanto destaque em suas áreas de atuação. É um privilégio estar aqui e ficamos muito felizes pelo fato de as mulheres estarem cada vez mais conquistado seu espaço em todas as áreas e esse painel mostra a importância do trabalho da mulher também no setor portuário”, disse.

A moderadora Luciana Marques, gerente jurídica da MSC Mediterranean Shipping do Brasil e vice-presidente da Associação Brasileira de Direito Marítimo (ABDM), acredita que a sociedade está em um processo de evolução sobre o assunto.

“Estamos em uma fase de consciência coletiva, ascensão da consciência. Somos todas diferentes, mas isso é excelente. Se fossemos todas iguais não seria bom. É essa diferença que nos traz a inteligência coletiva. Só alcançamos isso se tivermos diversidade, isso é muito importante”, comentou Luciana.

Na sequência, as debatedoras começaram a discutir o tema. A primeira a fazer uso da palavra foi a presidente da Wista Brazil e coordenadora Jurídica na Log-In Logística Intermodal, Flávia Maya. Ela destacou que a empresa onde ela atua surgiu justamente com a missão de fomentar o papel da mulher nos segmentos marítimo e portuário.

“A nossa empresa veio para ser um ponto de força e encontro de mulheres no setor portuário, que permanece em mais de 50 países e com papel fundamental. Temos muitos avanços, mas precisamos trazer o tema para o foco da discussão. Mulheres na liderança ainda é um tema muito amplo. Estamos falando sobre diversos aspectos econômicos e globais. No Brasil, sabemos que temos o nosso afunilamento, dificuldades de progresso, de ascensão e esse é um elemento que se contrapõe com o crescimento nos mais diversos setores. Precisamos enxergar que o progresso da mulher no mercado é o progresso do Brasil.  Olhar para isso é olhar para o desenvolvimento do Brasil”, opinou.

Para a diretora-executiva da ATP (Associação de Terminas Portuários Privados), Luciana Guerise, a mulher ainda está longe de ter oportunidades justas de se desenvolver tanto no ramo marítimo quanto portuário.

“A liderança feminina precisa estar em todos os lugares. O Brasil tem um dos maiores gaps de equidade de gênero não só no mundo, como na América Latina. Se a gente não se alertar a sociedade para isso ficaremos para trás, em uma vanguarda de retrocesso grande. Existe um conforto em estar assim, afinal sempre foi desse jeito. Mas essa luta que fazemos precisa ser lutada por todas as mulheres e, também, pela sociedade como um todo. Dentro da organização marítima internacional, temos apenas 2% de mulheres e 94% delas ocupam cargos em navios de cruzeiro. Esse número é alarmante, pois em navio de cruzeiro a mulher basicamente é contratada para passar roupa e fazer comida. Por outro lado, agora vemos engenheiras que antes eram operadoras de máquina deixando esses cargos para serem líderes em cargos que antes eram masculinos. Mas ainda estamos longe do ideal. Muita gente diz que tenho coragem de falar o que eu digo, mas como não vou falar se as empresas assinaram um pacto global sobre isso. Se o empresário não capitalizar em cima da minha narrativa ele está preso em algum lugar do passado. Precisamos mudar isso, pois o setor portuário brasileiro é o que menos emprega mulher e menos tem equidade de gênero”, comentou.

A delegada de Polícia Federal, coordenadora da Cesportos, Luciana Fuschini Nave, corroborou o discurso de Luciana Guerise e apontou que até mesmo na PF as mulheres ainda estão em um número menor em cargos na corporação em Santos na comparação com os homens.

“Quando fui convidada pensei que era um tema muito aberto, amplo. Na verdade, o tema somos nós, essas mulheres que chegaram aqui, em um ambiente predominantemente masculino. Fui a primeira delegada a chegar a ser chefe da PF em Santos, a ser coordenadora da Cesportos. Isso aconteceu recentemente, quer dizer que estamos evoluindo a passos curtos. Temos 10% de mulheres na Polícia Federal. Em cargos de gestão, eu coloquei sete mulheres, mas não tinha percebido isso. Coloquei 70% das mulheres, mas não foi por gênero, foi porque elas estavam desenvolvendo bons trabalhos e mereciam exercer cargos de gestão. Hoje somos a bola da vez, o mercado exige que a gente seja multitarefa. Nós mulheres sempre fomos isso. Isso é uma vantagem competitiva para nós atualmente. Foi isso que eu percebi quando escolhi essas sete mulheres, que o mercado quer isso hoje”, concluiu.

O V Congresso de Direito Marítimo e Portuário da ABDM é uma iniciativa da Associação Brasileira de Direito Marítimo (ABDM) e realização conjunta da Universidade Santa Cecília (Unisanta) e do Sistema Santa Cecília de Comunicação.

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