Kayo Amado e Rogério Santos trocam farpas durante entrega de moradias em São Vicente

Por Rodrigo Martins em 03/07/2023 às 16:30

Fabiano Roma/Santa Cecília TV
Fabiano Roma/Santa Cecília TV

Os prefeitos de São Vicente, Kayo Amado, e de Santos, Rogério Santos, trocaram farpas nesta segunda-feira (3) durante o evento de entrega de 2.240 moradias, em uma ação conjunta do Governo do Estado, Prefeitura de Santos e União para beneficiar 8,5 mil pessoas. O vice-presidente Geraldo Alckmin e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também estavam presentes ao evento, assim como os deputados federais Paulo Alexandre Barbosa, Alberto Mourão e Rosana Valle e o deputado estadual Tenente Coimbra. Veja no vídeo abaixo.

Primeiro a fazer uso da palavra, Kayo destacou que os novos moradores da cidade são bem-vindos no conjunto Tancredo Neves 3, localizado no bairro Cidade Náutica, mas alertou sobre os problemas enfrentados por São Vicente.

“Vocês são bem-vindos, mas eu preciso falar, fazer uma alerta aos nossos mandatários e parlamentares. Hoje é dia de celebrar, trata-se de um dia muito especial, onde vamos ter muitas famílias chegando para a nossa cidade. Mas é importante saber que essas famílias estão saindo de Santos, cujo IDH é o 3º no estado de São Paulo e 6º no Brasil, para São Vicente, onde o nosso IDH é 121º no estado e 249º no Brasil. Essas pessoas estão vindo para uma cidade onde a população formal ocupada está na posição 590 do estado de São Paulo, com apenas 10% da população formal no mercado de trabalho. Em Santos, está na 22ª posição. É importante saber que a população na extrema pobreza em Santos está em 8%, em São Vicente é mais que o dobro: 18%. Neste mês de julho, Santos já arrecadou tudo e mais um pouco que São Vicente não arrecadará neste ano. Essas são as desigualdades entre os municípios”, afirmou o chefe do executivo vicentino.

Kayo ainda acrescentou que São Vicente precisa receber uma maior ajuda, tanto do governo estadual quanto federal. “Eu precisava fazer esse alerta. Estamos de braços abertos para receber vocês, mas sem ajuda para custear o serviço público esse município não vai conseguir atender (essa demanda). Por isso eu digo, vice-presidente (Geraldo Alckmin), governador (Tarcísio de Freitas) e deputados, nós precisamos de vocês para que esse povo tenha o melhor serviço público que possa ser entregue”, completou.

Na sequência, o prefeito Rogério Santos discursou e rebateu alguns trechos da fala de Kayo Amado.

“Santos inaugurou agora uma estação elevatória que ajuda a população do Castelo, da Areia Branca e também de São Vicente, na questão da drenagem. As nossas UPAs, prefeito Kayo, atendem mais de 50% da população de São Vicente. É nesse espírito que o prefeito Kayo e eu trabalhamos, não ficamos só no discurso. Prefeito, nós trabalhamos juntos, se estivermos juntos, vamos resolver os problemas da população como é hoje o Tancredo. Santos tinha o terreno e fez essa parceria com São Vicente, São Vicente conseguiu o terreno e construiu antes que Santos o primeiro Tancredo. Santos ergueu quatro escolas, garantindo mais de 1.900 vagas para essas crianças de Santos e São Vicente. Construímos a nova policlínica e reformamos a atual. Essa parceria, esse espírito de trabalharmos juntos, é assim que nós vamos avançar”, disse.

Durante o discurso do chefe do executivo santista, o prefeito de São Vicente chegou a levantar da cadeira onde estava montado o palanque para o evento e sair do local. Minutos depois, Kayo voltou.

Rogério ressaltou que a união de esforços é realmente o que pode melhorar a vida da população. “Hoje, o que nós queremos é referendar essa união, porque vocês (moradores) são gente de coragem, trabalhadores. Tancredo Neves já falava há 40 anos: no Brasil de hoje, não cabe o exclusivismo do governo e nem da oposição. Temos que trabalhar juntos até o fim”, concluiu.

Kayo Amado reafirma problemas; Rogério ameniza

Após as ‘alfinetadas’ em público, os dois prefeitos foram questionados sobre a troca de farpas.

Kayo Amado voltou a frisar que São Vicente precisa de ajuda, pois possui uma arrecadação bem inferior à de Santos.

“Estamos buscando nos esforçar muito para fazer coisas inéditas. Por exemplo, (fornecer) material escolar e uniformes. A duras penas a gente conseguiu entregar. A nossa população que precisa desse serviço público aumenta. Na hora do vamos ver, o custeio, que é o que mais dificulta para São Vicente, não veio. A gente sabe onde o ‘calo’ de São Vicente aperta. No fim das contas, por exemplo, o custo da saúde por mês é de R$ 10 milhões e o município tem R$ 4,5 milhões para essa área. Estamos falando de dinheiro para custear serviços. Município pobre com o nosso sofre mais para custear do que município rico”, finalizou.

Rogério Santos, por sua vez, amenizou a tensão com o seu colega vicentino e salientou acreditar no processo de metropolização, para que os moradores da Baixada Santista tenham garantias de acessar as melhores condições do serviço público.

“Santos nasce de São Vicente. Já dividimos muitos serviços em comum. Tanto eu quanto ele trabalhamos nesse sentido da metropolização. Trabalhamos com esse sentimento, não fica só discurso ou no papel, é de forma efetiva. A gente vai estar junto, nessa batalha para melhorar cada vez mais os serviços da Baixada Santista”, comentou.

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.