Juíza não determina remoção de Rollo e diz que essa questão é entre SSP e SAP
Por Santa Portal em 13/01/2023 às 12:24
Após alegar falta de segurança no Presídio da Polícia Civil e requerer à Justiça a transferência do investigador santista Orlando Rollo e de mais três policiais, devido a suposto risco de resgate para “queima de arquivo”, o diretor da unidade, delegado Guilherme Lazo Solano Filho, teve o seu pedido negado.
O indeferimento do pedido foi dado de forma indireta, na quinta-feira (12) à noite, pela juíza Luciana Castello Chafick Miguel, da 5ª Vara Criminal de Santos. “A transferência de presos entre estabelecimentos prisionais é questão administrativa e deve ser avaliada de acordo com a conveniência das secretarias de Governo do Estado afetas à matéria”.
No caso em exame, as secretarias envolvidas na discussão são a da Segurança Pública (SSP), responsável pelo Presídio da Polícia Civil, localizado na Zona Norte de São Paulo, e a da Administração Penitenciária (SAP), que controla as penitenciárias, os centros de detenção provisória e outros tipos de unidades prisionais no Estado, totalizando 181.
Segundo a juíza, SSP e SAP possuem melhores condições técnicas e organizacionais para realizar o ato de modo mais seguro e eficaz. “Este juízo não tem condição de verificar a gravidade das ameaças de resgate, tampouco a capacidade de defesa do estabelecimento prisional em caso de ação por parte de organização criminosa”.
Solano pediu a remoção dos policiais, acusados do suposto desvio de 790 quilos de cocaína do Primeiro Comando da Capital (PCC), por meio de e-mail encaminhado à 5ª Vara Criminal de Santos, no início da noite de segunda-feira (9). Segundo ele, rumores de resgate surgiram após reportagem de TV ser exibida no último domingo (8).
Conforme o diretor do presídio, a reportagem foi como “acender um barril de pólvora” e deflagrou “boatos” de resgate. Exibida no programa Domingo Espetacular, da Record, a matéria mostra trechos editados de videoconferência entre Rollo e promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público.
Ex-presidente do Santos, Rollo diz no início da reportagem: “Eu tenho muita informação para passar para os senhores”. Ao final, o policial declara: “Eu quero colaborar não só nesse caso como em outros casos também. Tenho informações sobre tráfico de drogas, tráfico internacional”.
A remoção dos policiais para protegê-los não garante, por si só, esse objetivo, destacou Luciana Miguel. “O boato do resgate pelo PCC, com a finalidade de queima de arquivo, e a transferência para estabelecimento dominado pelo crime organizado poderiam resultar em idêntica consequência aos presos, ainda que em isolamento dos demais detentos”.
Defensor de Rollo e do investigador Joaquim Bonorino, o advogado Alex Sandro Ochsendorf se manifestou contra o pedido de transferência, que classificou de “contrassenso”. Segundo ele, o delegado fez “meras ilações”, sem apresentar qualquer elemento concreto e comprobatório dos supostos boatos.
Ochsendorf defendeu a segurança do presídio especial, principalmente por estar no perímetro de bases de grupos de elite das polícias Civil e Militar. Acrescentou que os clientes correrão potencial risco se forem para unidades de presos comuns, dominadas por facções criminosas. Os advogados dos demais policiais têm idêntica posição. (EF)