Jovem luta com bandidos e tem corrente do pai falecido roubada: 'Como se ele fosse embora de novo'
Por Vanessa Ortiz em 09/03/2022 às 06:00
Menos de uma semana depois de perder o pai, uma médica veterinária, de 24 anos, foi roubada e teve a correntinha que guardava de recordação dele levada por dois bandidos em Santos, na tarde desta terça-feira (8). Em entrevista ao Santa Portal, a jovem, que prefere não se identificar, contou que chegou a entrar em luta corporal para que os criminosos não levassem o item, mas não conseguiu contê-los. O caso é investigado pela Polícia Civil.
O crime ocorreu por volta das 16h, na praia do Gonzaga, em frente à Praça das Bandeiras. Ela estava com alguns amigos, e se afastou deles para atender à uma ligação. Quando estava voltando, dois suspeitos a abordaram, já na faixa de areia.
“Eles me fecharam, começaram a encarar o meu peito, e eu nunca havia sido roubada, então encarei aquilo como um assédio. Eu estava com uma bolsa e meu celular na mão. A única coisa que me lembro era um deles me perguntar se as correntes eram de ouro, e nisso, eu segurei as duas correntes, a do meu pai, e uma que minha mãe havia me dado”, explica.
Ainda segundo a jovem, ela teve um embate físico com eles, momento em que puxaram as correntes e saíram correndo. A dupla conseguiu levar a do pai dela. “Algumas pessoas que trabalham na praia tentaram ir atrás, mas relataram que quando chegaram na ciclovia, eles haviam deixado bicicletas aguardando prontos para a fuga. Caí no chão, só lembro de gritar pelo meu pai”, relata. Ela teve algumas escoriações no pescoço.

O pai da veterinária morreu na última quinta-feira, aos 61 anos, após ter sequelas da covid-19. Ele tinha artrite reumatoide, e uma pequena área de fibrose pulmonar há anos, que estava paralisada. No entanto, o idoso contraiu o vírus em outubro, o que fez a fibrose avançar. Após quase foi meses internado, ele não resistiu.
A corrente levada, representava um pedaço do pai da jovem. Além do luto, ela agora sofre a perda de uma lembrança material que tinha dele. “Não ligo pra ouro, joia. Pra nada disso, mas era uma corrente que ele tinha há anos, antes mesmo de eu nascer. Poderiam ter levado qualquer coisa, eu passaria pelo trauma sem problema, mas isso, foi como arrancar meu pai de mim mais uma vez”, lamenta.

Para ela, foi como se o idoso “fosse embora de novo”, em menos de uma semana. Após todo o caso, ela procurou a Guarda Civil Municipal e a Polícia Civil no 7º DP de Santos, onde o caso foi registrado. As imagens de câmeras de monitoramento foram resgatadas pelas autoridades e encaminhadas à delegacia para análise. “Eu sei que é só um objeto, mas representava muito pra mim”, finaliza.