Inteligência artificial pode ajudar a polícia a desvendar execução de sérvio em Santos
Por Santa Portal em 20/01/2024 às 08:00
A execução a tiros do sérvio Darko Geiser Nedeljkovic, de 43 anos, completa neste sábado (20) 15 dias e a Polícia Civil segue sem pistas do homem que o matou, bem como da existência de eventual mandante e da motivação do crime. Porém, recursos de IA (inteligência artificial) poderão ajudar a desvendar o caso, revelou Luiz Ricardo de Lara Dias Júnior, delegado titular do 3º DP de Santos, com exclusividade ao Santa Portal. Procurado pela Interpol, o estrangeiro era considerado “matador de aluguel” em seu país.
Darko foi assassinado no momento em que chegava com a mulher, de 34 anos, e o filho do casal, de 4, no prédio onde residiam, na Rua São José, no Embaré, no início da noite de 5 de janeiro. A criança estava na cadeirinha da bicicleta que o pai empurrava e a mãe ocupava outra bicicleta. O sérvio se preparava para abrir o portão do edifício quando o executor surgiu correndo pelas suas costas, disparou seis vezes e fugiu. A companheira do sérvio e o menino são brasileiros. Eles escaparam ilesos ao ataque.
Câmera de segurança instalada na rua filmou a ação. Dias depois, a polícia obteve as imagens do equipamento de outra via, que mostram o assassino, de frente, fugindo. O novo vídeo trouxe a expectativa de que o autor dos disparos pudesse ser reconhecido, mas isso ainda não ocorreu. “Nada de identificação do executor. Os frames (quadros da filmagem) não estão nítidos. Vamos recorrer a programas de inteligência artificial para tentar melhorar a qualidade das imagens”, informou Lara.
O delegado seccional de Santos, Rubens Eduardo Barazal Teixeira, declarou à imprensa que a execução do sérvio não corresponde ao “padrão” dos homicídios cometidos por facções nacionais. Por esse motivo, segundo ele, ganha força a hipótese de que a vítima tenha sofrido uma retaliação relacionada aos crimes pelos quais ela era acusada em seu país de origem. No entanto, Lara assegura que nenhuma hipótese é descartada e pedirá o compartilhamento de provas de uma prisão por tráfico de drogas em Santos.
Falso croata
No mesmo dia da execução, pela manhã, policiais do 5º DP de Santos cumpriram mandado de busca e apreensão em uma casa do Caminho da Capela, no Castelo (Zona Noroeste). No endereço vistoriado dormia o brasileiro Fábio Costa Neri, de 42 anos, alvo de investigação por tráfico de drogas. No imóvel foram recolhidos tablet, celular, balança de precisão, celular, 190 gramas de haxixe e uma Cédula de Identidade de Estrangeiro com a foto do acusado, mas em nome de Darko Malic, de “nacionalidade croata”.
Fábio foi autuado em flagrante por tráfico. Condenado a dois anos, sete meses e cinco dias de reclusão por porte de entorpecente (para uso próprio) e uso de documento falso (CNH), em processo da 2ª Vara Criminal de Cubatão, ele também era procurado da Justiça, porque fugiu do estabelecimento onde cumpria a pena em regime semiaberto. O Santa Portal apurou que o acusado também cumpriu pena por tráfico de drogas, de três anos e nove meses, referente a inquérito da Polícia Federal, em Dourados (MS).
Devido à sua condição de foragido internacional, o sérvio usava no Brasil o passaporte extraviado de outro homem, de nacionalidade eslovena. Antes da sua verdadeira identidade ser descoberta, surgiram rumores nos bastidores policiais de que ele e o falso croata se conheciam. Por mera coincidência, ou não, o prenome do homem executado (Darko) é o mesmo que o brasileiro usava no documento falsificado apreendido pelos investigadores do 5º DP de Santos. Darko é um nome comum no Leste Europeu.
“A princípio, não há nada que ligue os casos (a execução do sérvio e o flagrante do brasileiro), mas pedirei o compartilhamento do laudo da perícia no telefone do homem preso por tráfico”, disse Lara. Segundo o delegado Luiz Fernando Salvador, que autuou Fábio, a Justiça autorizou a quebra do sigilo dos dados do celular do acusado. O aparelho foi remetido à Seção de Criminalística de Santos, mas ainda não foi concluída a sua análise, que poderá trazer à tona informações para futuras investigações. (EF)
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