Gaeco marca depoimento de Rollo, mas o silêncio deve imperar

Por Santa Portal em 12/12/2022 às 09:30

Ivan Storti/Santos FC
Ivan Storti/Santos FC

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público (MP), agendou para a tarde desta segunda-feira (12) os depoimentos dos quatro investigadores do 3º DP de Santos acusados do suposto desvio de 790 quilos de cocaína para revendê-los ao próprio dono da droga, mediante o pagamento de R$ 4 milhões de resgate. Um dos acusados é Orlando Rollo, ex-presidente do Santos. Os demais são Ricardo Razões, Joaquim Bonorino e Marcelo Silva Paulo.

Os depoimentos acontecem a seis dias de expirar o prazo de 30 dias da prisão temporária dos acusados, que se esgota no próximo domingo (18). Por esse motivo, a expectativa é a de que, após os policiais serem ouvidos, o Gaeco conclua o Procedimento de Investigação Criminal (PIC) sobre o suposto desvio de cocaína e peça a prisão preventiva (sem tempo de duração estabelecido) dos acusados. Outra hipótese é a de que seja requerida a prorrogação da temporária, o que é possível uma vez, por idêntico período.

Não importa qual seja, o pedido a ser feito pelo Gaeco deve chegar em tempo hábil ao juiz Walter Luiz Esteves de Azevedo, da 5ª Vara Criminal de Santos. O julgador deve apreciá-lo e deferi-lo até sexta-feira (16), caso contrário, os investigadores deverão ser soltos ao término da prisão temporária inicialmente decretada. Esse tipo de custódia não exige apreciação de mérito e prova de certeza, porque ele é cabível nos casos em que a prisão se revela “imprescindível” para as investigações ainda em curso.

Já na preventiva, pressupõe-se que a investigação foi concluída, sendo a prisão necessária por outros motivos, como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. Nessa modalidade de cautelar, é necessário que haja prova da existência do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do acusado, conforme previsão do artigo 312 do Código de Processo Penal.

Silêncio deve imperar

O juiz Esteves decretou, a pedido do Gaeco, o “sigilo absoluto” dos autos. Porém, o Santa Portal apurou que a tendência é a de que Rollo e os demais investigadores, orientados pelos seus advogados, permaneçam em silêncio. Os depoimentos agendados para esta segunda-feira deverão ocorrer por meio de videoconferência. Os acusados foram presos no dia 18 de novembro e se encontram recolhidos no Presídio Especial da Polícia Civil, localizado na Zona Norte de São Paulo.

A justificativa para o provável silêncio é a de que os advogados reclamam da falta de acesso integral ao PIC. Segundo eles, não é possível o exercício da defesa sem o conhecimento pleno da acusação e, sobretudo, das provas ou indícios que a embasariam. Os defensores querem ter total ciência dos arquivos extraídos do celular de um advogado que negociou a devolução da cocaína supostamente desviada do seu cliente, Vinicyus Soares da Costa, o Evoque, recolhido na Penitenciária II de Presidente Venceslau.

O PIC apura a operação deflagrada pelos policiais civis na madrugada de 6 de agosto de 2022. Nessa data, eles apreenderam 168 quilos de cocaína em um caminhão. O veículo estava na estrada que liga a Rodovia Cônego Domênico Rangoni à Ilha Barnabé, em Santos. Segundo os agentes, três homens conseguiram fugir por um matagal e a destinatária do entorpecente seria a facção criminosa carioca Amigos dos Amigos (ADA), no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

No pedido de prisão temporária feito à Justiça, o Gaeco narrou que, na realidade, havia 958 quilos de cocaína no caminhão, sendo desviados 790. A defesa dos investigadores nega essa acusação, mas o MP busca elementos para prová-la e identificar outros eventuais envolvidos. Um deles se identifica como “Todo lo peligro se covierte em plata” (Todo perigo vira prata – frase atribuída ao narcotraficante colombiano Pablo Escobar) e travou diálogos comprometedores por celular com o advogado de Evoque. (EF)

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