17/03/2014

Gabriel Chaim conta como retratou refugiados na Síria

Por #Santaportal em 17/03/2014 às 20:45

Conhecido por desenvolver um trabalho que requer coragem, Gabriel Chaim surpreende a todos pela sua trajetória e a maneira como mudou o rumo da sua vida. Formando em Gastronomia, Fotografia, Publicidade e especializado em fotografia de alimentos, o rapaz atualmente é fotógrafo de refugiados em campos de guerra no Oriente Médio. Em entrevista ao Santaportal, ele contou as dificuldades em realizar os registros e lidar com o medo constante.

Nascido em Oriximiná, no Pará, o fotógrafo confessou que sua meta de vida nunca foi fazer parte desse mundo e disse que tudo aconteceu por acaso.Inicialmente, Gabriel era empreendedor no Brasil. “Montei uma sorveteria há muitos anos e trazia sorvetes do Pará, com sabores de frutas exóticas. Por força do destino, o empreendimento não foi para frente e parti para outro rumo”, diz.

Por meio da sorveteria, o fotógrafo paraense se envolveu com fotografia de comida e aprendeu a gostar dessa área. Após o curso, ele foi para a Itália estudar fotografia e começoua seaproximar mais doramo gastronômico. “Quando estava de férias fui conhecer o Irã e também alguns campos de refugiados. Resolvi fotografar as comidas deles, mas eles comem as mesmas coisas que as outras pessoas, não é que nem os refugiados que vivem na África, por exemplo, por isso não achei que deveria investir nesse segmento”, conta.

A partir daí, o profissional começou a percorrer campos de refugiados de todo Oriente Médio, como Iraque, Irã, Palestina, Egito, Turquia, entre outros. “O primeiro conflito que fotografei foi a queda do Mursi no Egito. Estava ali para fotografar pessoas que estavam a margem da sociedade e acabei presenciando aquilo tudo, foi único”, relembra.Gabriel revelou que entrou nesse meio de conflitos para retratar severamente o que é a vida daquelas pessoas e ressaltou as complicações de fazer os registros. “É preciso entrar na vida da pessoa e viver tudo aquilo com ela, consequentemente entrar na guerra também”, declara.

O fotógrafo de refugiados confessou que já recebeu diversas ameaças de morte e que o medo é um sentimento constante. “O propósito do meu trabalho é muito maior do que a minha vida. Meu objetivo com tudo isso é mostrar a esperança que nasce nos escombros. A vida de pessoas que perderam tudo e querem viver”, afirma.

Cena inesquecível

“De todos os meus registros e memórias, uma cena na Síria não sai da minha cabeça. Estava indo filmar para a CNN, a rotina de um hospital em guerra, que recebia feridos, combatentes e pessoas normais. Fui entrevistar o médico, sai para fumar e presenciei um avião atacando com metralhadora um carro.Todo mundo entro em pânico, uma cena muito forte que chocou, porque você não sabe o que pode acontecer”.

Outro problema enfrentado por Gabriel foi lidar com o governo do Bashar al-Assad. Ele era da oposição.”O governo mandava bombardear todos os hospitais e escolas infantis, então o local onde eu estava era um alvo eminente e foi bombardeado depois. Com tudo isso, você percebe e aprende que a vida é muito vulnerável”, relata.

Parceria com a ONG ‘Syrian team for progress and prosperity’
As fotos de Chaim fazem parte do projeto ‘Kitchen4life.org’ onde ele retrata campos de refugiados que visitouno Oriente Médio há dois anos. O projeto tem parceria com a ‘ONG Syrian team for progress and prosperity’, que fica localizada em Aleppo na Síria e ajuda 600 crianças diariamente com comida, escola e remédio. “As crianças sem estudo, e diante de tudo que presenciam em suas vidas, podem se tornar futuros terroristas, por cultivar o ódio, por causa da situação vivida e não é isso que queremos”, conclui.

Dia 24 deste mês, o fotógrafo embarca para a Turquia e depois segue novamente para a Síria. “Fotografia pra mim é tentar mostrar para o mundo a realidade que você está presenciando e os caminmhos para mudar a situação, sem se conformar com os conflitos. E não desistir nunca, quando se tem um sonho é preciso lutar por ele”, realça.

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