Familiar de vítimas de lancha naufragada revela estado mental ‘crítico’ e confirma identificação de irmão
Por Santa Portal em 31/08/2025 às 06:00
Jeferson Dias, filho e irmão das vítimas do naufrágio da lancha “Jany”, em Itanhaém, no litoral de São Paulo, desabafou sobre o impacto psicológico da tragédia e atualizou situação das buscas. O advogado publicou um vídeo nas redes sociais neste sábado (30), exatamente uma semana após a embarcação com Lucídio Francisco Dias, Bruno Silva Dias e Maria Aparecida Dias – esta última era a única identificada oficialmente até então – desaparecer nas proximidades da Ilha da Queimada Grande.
No registro, ele comentou sobre o corpo encontrado na sexta-feira (29), próximo à Ilha Anchieta, em Ubatuba, acreditando que podia ser do pai, Lucídio. No entanto, os dados digitais e uma tatuagen mostraram que o cadáver, já muito deteriorado, é de Bruno. O reconhecimento aconteceu no IML de Caraguatatuba, que fez a análise excepcionalmente neste sábado, fora do expediente comum.
Bruno era médico-veterinário e mantinha uma clínica no bairro das Pitangueiras, em Guarujá. Aliás, um corpo chegou a ser encontrado na cidade, nas proximidades da Ilha das Palmas, mas não foi identificado.
Visivelmente abalado, Jeferson explicou que se afastou momentaneamente das buscas. “Meu estado mental já está bem crítico. Sou uma pessoa ativa, gosto de estar na linha de frente, mas hoje fiquei longe porque disseram que, no estado em que os corpos estão, nenhum filho deve ver o pai, nenhum irmão deve ver o irmão. Isso seria muito difícil para mim”.
O primeiro corpo localizado foi o de Maria Aparecida da Silva Dias, encontrado na terça-feira (26), em São Sebastião, e reconhecido por Jeferson. Além de expor o drama pessoal, ele agradeceu às doações e ao apoio recebido, principalmente da população de Matão, cidade da região central de São Paulo onde a família tem raízes. As contribuições, segundo ele, têm viabilizado combustível e embarcações para auxiliar as equipes de voluntários, além das buscas comandadas pela Marinha.
“Não sou uma pessoa de pedir dinheiro, sou reservado, mas a situação escalonou de um jeito que eu não imaginaria. Geralmente os corpos são encontrados em até três dias. Se não fosse o apoio financeiro e, principalmente, emocional de todos, não teria conseguido enfrentar isso”.
Apesar da dor, Jeferson demonstrou esperança de que em breve consiga reunir todos os corpos das vítimas da lancha naufragada e fazer um velório coletivo. Contudo, os corpos só podem permanecer no IML de Caraguatatuba até o dia 10. “As buscas seguem. Estamos com cinco barcos na água. Se Deus quiser, logo logo vou conseguir unir os três corpos para levar para Matão”.