Evento impulsiona Santos na economia azul com foco no desenvolvimento sustentável
Por Santa Portal em 26/10/2024 às 13:00
O objetivo é trazer o futuro para Santos. A mensagem do economista belga Gunter Pauli, criador do conceito de economia azul, guiou o evento Blue Economy Santos, que aconteceu na última quinta-feira (24), na Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos (AEAS).
O evento reuniu líderes de diversos setores em rodas de conversa para discutir o conceito da economia azul, que propõe um desenvolvimento econômico sustentável através do uso inteligente dos recursos marinhos e costeiros, preservando o ecossistema. O presidente da AEAS, Marcos Teixeira, celebrou a iniciativa, destacando o protagonismo da associação em temas relevantes para Santos. Piu, como é conhecido, enfatizou que a associação busca reafirmar seu papel em debates estratégicos para a cidade, como o do túnel submerso e das hidrovias.
“Para a associação, é um grande passo. Tivemos um encontro em agosto do Programa Blue Santos que atraiu muitos adeptos, e hoje vemos setores de toda a cidade absorvendo essa ideia. A AEAS sempre esteve à frente de projetos importantes para a cidade e queremos ser protagonistas novamente nesse movimento que trará benefícios para a sociedade”.
Já para Fábio Tatsubô, um dos articuladores do Movimento ODS, o evento foi a oportunidade de conectar todos os ecossistemas ODS e ESG da Cidade. “O Blue Economy Santos pode ser um momento histórico, com a integração do Comitê ODS Santos, Movimento ODS Santos, Manifesto ESG da Autoridade Portuária, Manifesto ESG das Micro e Pequenas Empresas e Corredor Azul do Sebrae para ações conjuntas e planejamento de um calendário unificado para 2025”.
O vice-presidente de Transformação Industrial da RethinkingWorks, Gerson Seacomandi, reforçou que o Blue Santos deverá impactar positivamente a vida dos santistas. “Trouxemos este projeto para a Baixada Santista porque acreditamos no potencial da região. Hoje, mais associações e profissionais estão embarcando conosco, certos de que vamos traçar diretrizes concretas para o futuro da economia azul”.
O conceito foi abordado no primeiro painel do evento, ‘Conceito e Impacto da Economia Azul na Baixada Santista’, com o diretor da AEAS, Áureo Figueiredo, e o presidente da RethinkingWorks, Mathias Mangels. “No Brasil, a Amazônia Azul sempre trouxe um enorme potencial. A Marinha faz um trabalho exemplar para manter essa região preservada. Agora, com a economia azul, temos a oportunidade de ampliar essa visão e explorar novos caminhos para uma sustentabilidade real”, disse Figueiredo. Mangels complementou: “A integração do oceano com o bioma da Mata Atlântica, que vemos aqui em Santos, cria uma oportunidade única para a Baixada Santista”.
Após o debate inicial, um vídeo de Gunter Pauli foi exibido, seguido por um painel com o capitão de corveta da Capitania dos Portos de São Paulo, Rafael Saidel da Costa, e o chefe do Estado-Maior do Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Sul Sudeste, Bernardo Dias de Souza, detalhando ações da Marinha voltadas à economia azul.
Desenvolvimento sustentável e ESG
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e a agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) também foram destaque. O CEO da ModalGR, Danilo Abbondanza, o sócio-fundador da Nunes Projetos Incentivados, Diego Nunes, e a CEO do Juicyhub, Ludmilla Rossi, ressaltaram que as práticas ESG vão além de filantropia, são parte do modelo de negócios.
“Hoje entendemos melhor questões essenciais de desenvolvimento sustentável, especialmente com as contribuições da economia azul. Nosso objetivo é criar estratégias de incentivo que unam os pilares econômico, social e ambiental, permitindo que as empresas direcionem parte de seus tributos para fins sociais e ambientais”, destacou Nunes.
Porto e Cidade
O Porto de Santos e micro e pequenas empresas da Baixada também têm manifestos ESG. O superintendente de Relações Educacionais e Culturais da Autoridade Portuária de Santos (APS), Caio Moretti, citou o projeto vencedor do ESG Challenge, hackathon que desafiou profissionais a criar soluções tecnológicas integrando práticas ESG. “O grupo DataOverSeas propôs uma solução de inteligência artificial para identificar resíduos no estuário, comunicando rapidamente as autoridades,” explicou. “Com apoio do Sebrae e do Parque Tecnológico, estão desenvolvendo a aplicação e têm 12 meses para apresentar resultados”.
A gerente de Relações com Investidores e ESG da CLI, Denise Batista, destacou a importância da conexão com a população. “Ouvir as dores da comunidade fortalece nossa ação e permite uma abordagem mais alinhada à realidade local”. Ela mencionou os planos da CLI para descarbonização. “Estamos investindo R$ 25 milhões para reduzir as emissões, incluindo a introdução de caminhões elétricos”.
Já Thalita Cardoso, do Sebrae-SP, apresentou o projeto Corredor Azul. “Somos uma ilha, falar de pequenos negócios aqui é falar de economia azul e sustentabilidade. Não tem mais volta. O Corredor Azul é um movimento que conecta nossos empreendedores com as grandes empresas, o setor portuário, o Estado e a população, sempre com o ESG como guia central. Cada negócio precisa estar alinhado a essa pauta”.
O gerente de Negócios e Práticas ESG do Instituto Nova Maré, Nycolas Gomes, reforçou a importância de capacitar micro e pequenas empresas para a sustentabilidade. Uma das empresas signatárias do Manifesto ESG das MPEs é a Vister Pay, que esteve representada no painel através de seu CEO, Daniel Branco.
“É preciso conectar ações globais a contextos locais. O manifesto ESG das micro e pequenas empresas oferece capacitações e treinamentos para que empreendedores se empoderem dos ODS como uma estratégia de negócio. Após completarem os cinco primeiros módulos, com cerca de 10 horas, saem com uma matriz de materialidade, identificando as temáticas mais importantes para suas operações”, detalhou Gomes, um dos organizadores do manifesto.
Após as discussões sobre a governança e os próximos passos do Programa Blue Santos, a AEAS encerrou o evento, celebrando seus 87 anos.