Europa tem votação mais tranquila no 2º turno, apesar de longas filas em Paris, Lisboa e Milão

Por Ivan Finotti, Giuliana Miranda, Michele Oliveira e Sylvia Colombo/Folha Press em 30/10/2022 às 14:05

Fábio Pazzebom/Agência Brasil
Fábio Pazzebom/Agência Brasil

Madri, Berlim e Londres as eleições estão mais tranquilas neste domingo (30) de segundo turno em relação ao primeiro, em 2 de outubro. Mudanças pontuais de organização promovidas pelas embaixadas e consulados brasileiros nessas cidades contribuíram para a redução das filas. Também houve menos registros de confusões entre eleitores.

“No primeiro turno, esperávamos 5.000 pessoas e vieram 6.000. Por isso, tiramos todos os móveis do local e fizemos filas tipo aeroporto, uma para cada seção. O resultado foi que, mesmo com o maior movimento pela manhã, não houve demora”, disse a cônsul-geral, Gisela Padovan, no Colégio Mayor Casa do Brasil, onde se vota em Madri. A cidade tem cerca de 45 mil eleitores aptos.

A tranquilidade era tanta que Padovan não descarta que um número menor de brasileiros tenha aparecido para votar. “Saberemos após às 17h”, afirmou. A maior fila no Colégio Mayor era a da lanchonete, que vendia pães de queijo grandes a € 2 (R$ 10,55) e coxinhas e cachorros-quentes a € 4 (R$ 21,10).

Em outras cidades europeias, como Lisboa e Milão, porém, as filas longas continuaram. Em Paris, houve pessoas relatando até 4 horas de espera para votar, enquanto em Zurique esse tempo chegou a 3 horas.

Brasileiros residentes em Portugal – segundo maior colégio eleitoral no exterior, atrás apenas dos EUA – também enfrentaram longas filas para votar, embora o fluxo de pessoas esteja mais organizado do que no primeiro turn o.
Lisboa, cidade com mais eleitores fora do Brasil, teve reforço na organização da votação. Uma empresa foi contratada para fazer a gestão da entrada e foram instaladas placas de orientação, além da criação de duas filas únicas: uma geral e outra para prioridades.

Ainda assim, na parte da manhã, a estrutura montada não foi suficiente para atender ao fluxo intenso de pessoas, que relataram problemas para encontrar o fim da fila em meio à multidão.

Segundo dados do consulado do Brasil na cidade, mais de 5.000 pessoas já haviam votado na capital portuguesa até as 10h (7h do Brasil). Há 45.273 brasileiros aptos a votar, um aumento de mais de 113% em relação a 2018.

Após as 11h30, a afluência diminuiu, e os eleitores esperavam menos de 45 minutos para entrar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, local único de votação.

A estrutura de grades montada para as filas, em frente à entrada principal, também impediu a aglomeração de “torcidas” dos candidatos no local, como aconteceu no primeiro turno.

Grupos pró-Lula e pró-Bolsonaro migraram então para um local mais distante, entoando gritos de provocação uns para os outros.

Embora a manifestação esteja majoritariamente pacífica, houve um princípio de confusão e a polícia portuguesa precisou intervir.

Em Paris, a professora universitária Márcia Consolim disse à Folha que a espera para votar é de quase 4 horas, e que o esquema realizado no primeiro turno, com uma zona eleitoral para toda a França, foi replicado neste segundo turno.

Ela também afirmou que os eleitores, a maioria vestidos de vermelho ou com algum adesivo ou símbolo de apoio à Lula, estão se manifestando timidamente, sem mais confusões ou problemas.

A votação do segundo turno em Milão, décimo maior colégio eleitoral do Brasil no exterior, com 20 mil inscritos e 31 seções, registrou menos filas do que em comparação com o primeiro turno, quando foram registradas esperas de mais de três horas no início da tarde.

Desta vez, a chegada dos eleitores ao local de votação, uma universidade alugada pelo consulado brasileiro na cidade, era acompanhada desde a saída da estação de metrô mais próxima. Agentes de uma empresa de segurança privada indicavam o final da fila e monitoravam toda a sua extensão.

A fila para votar às 8h30 (horário local, 3h30 no Brasil) dava a volta na quadra do Milano Luiss Hub. Uma eleitora que votou nesse horário esperou 1 hora e 15 minutos para entrar na seção e mais meia hora para votar. Eleitores de Lula e

Bolsonaro cantavam slogans de suas campanhas de preferência, mas não havia discussões nem tumulto. Por volta das 9h30 (hora local), foi necessário esperar 1h30 para votar.

No primeiro turno, a fila foi formada de forma espontânea, sem orientação, e centenas de eleitores precisavam percorrer um trecho de calçada ao lado de uma via de alta velocidade. Neste domingo, a fila foi organizada para ocupar a parte de uma ponte, que foi parcialmente fechada para automóveis.

Uma equipe de fiscais ligados ao PT fez um relatório após o primeiro turno, indicando os problemas referentes às longas filas, ao TRE-DF, responsável pela votação no exterior.

Segundo um mesário, o fluxo de eleitores também mudou, com muitos brasileiros antecipando o horário de votação em relação ao primeiro turno. Por volta das 12h30, a fila para entrar na universidade se concentrava somente na entrada, sem ocupar mais a parte de cima da ponte. Às 14h30, não havia fila nenhuma para votar.

“A organização está melhor, mas tem mais gente fazendo arruaça e provocação. Hoje o clima está mais pesado”, disse Renata Ramos, que viajou 170 km de Verona para Milão para votar e ficou uma hora e meia na fila -uma hora a menos do que no primeiro turno.

“Vi um pouco de baixaria e falta de respeito entre os grupos, com xingamentos. Muita torcida. Mas a fila foi mais rápida, pelo menos isso”, contou Elizabeth Fernandes, que mora em Vigevano, a 30 km de Milão.

Em Roma, onde estão inscritos 12 mil eleitores com 20 seções, o cônsul-geral Luiz Cesar Gasser afirmou, por volta das 16h (hora local), que a votação ocorria sem incidentes. “Um dia tranquilo, com número de eleitores equiparável ao número do primeiro turno. Redistribuímos seções e tivemos pico de filas de no máximo 15 pessoas, na hora do almoço”, disse à Folha.

Nas redes sociais, uma brasileira chegou a filmar a aglomeração que se formava em Zurique, na Suíça, e afirmou que, apesar de ter levado 3 horas para votar, a organização estava melhor que a do primeiro turno, quando levou 4 horas na fila. Em Genebra, o segundo local de votação na Suíça, no entanto, o movimento é mais tranquilo neste domingo.

Uma voluntária da embaixada brasileira em Berlim contou que foram chamados mais colaboradores para organizar as filas tanto do lado de fora quanto do lado de dentro. Também foram alugadas grades para separar melhor as filas e seções.

No primeiro turno, os eleitores em Berlim enfrentaram até três horas de espera para votar. Neste domingo (30), não havia ninguém aguardando por volta das 14h.

O mesmo aconteceu em Londres, onde um novo andar para votação foi aberto no prédio da escola usada pela embaixada, distribuindo melhor as seções e diminuindo as filas. Eleitores que demoraram duas horas no início do mês relataram ter votado em 20 minutos agora.

No primeiro turno, Lisboa, Londres, Paris e Milão registraram espera de mais de uma hora. Cidade com maior número de eleitores brasileiros no exterior, a capital portuguesa ainda registrou tumulto entre grupos que apoiam Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Nas capitais francesa, britânica e alemã, o tempo de espera chegou a ser de três horas no primeiro turno. Quando o horário de votação se encerrou em Paris, às 17h (12h em Brasília), cerca de 2.000 senhas foram distribuídas pelo consulado brasileiro para dar conta das pessoas que ainda seguiam na fila. Com isso, a votação seguiu até as 19h (14h em Brasília).

Na América Latina, Buenos Aires, capital argentina, amanheceu chuvosa e fria. Houve filas grandes para votar pela manhã, chegando a dobrar o quarteirão da embaixada, no bairro da Recoleta. A votação começou às 7h (mesmo horário de Brasília). Ainda assim, o processo esteve mais rápido com relação ao primeiro turno. A espera para votar era de aproximadamente uma hora e meia.

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