Especialistas defendem terceira dose e aprovam aplicações com fabricantes diferentes

Por Rodrigo Martins em 26/08/2021 às 13:40

Divulgação/Prefeitura de São Vicente
Divulgação/Prefeitura de São Vicente

O Santa Portal ouviu infectologistas sobre a decisão do Ministério da Saúde de aplicar a terceira dose da covid-19. A reportagem entrevistou especialistas, que falaram sobre a importância dessa dose extra para reforçar a proteção das pessoas, em um momento no qual o país registra um aumento de casos da variante delta.

“A decisão de aplicar a terceira dose é absolutamente correta. Existem evidências robustas na literatura científica e na observação da vida cotidiana de que os pacientes mais idosos e imunodeprimidos sofrem uma perda da proteção vacinal com o passar dos meses. A gente sabe que em algum momento as vacinas iriam perder um pouco do seu efeito e, nesse sentido, eu considero extremamente positiva essa decisão, alinhada com o que muitos países já estão fazendo. É absolutamente necessário que as pessoas se vacinem porque essa é uma dose que vai reestabelecer a proteção vacinal”, disse o médico Evaldo Stanislau, em entrevista ao Santa Portal.

A também infectologista Elisabeth Dotti também se mostrou a favor da aplicação da dose extra. Porém, ela destacou a necessidade de que os públicos que ainda não receberam a segunda dose sejam imunizados com essa aplicação o mais rápido possível.

“Na realidade a gente ainda não tem a população vacinada com as duas doses. Então, apesar de a gente ter cerca de 80% da população vacinada com a primeira dose, agora a gente tem que agora correr atrás da segunda dose para todo mundo e, depois, pensar na terceira dose”, afirmou.

Elisabeth é favorável a aplicação da terceira dose de uma fabricante diferente em relação ao que a pessoa tomou nas duas aplicações anteriores. “Eu acho uma coisa muito legal (a terceira dose), principalmente se for de uma vacina diferente da que você tomou. O que que vai acontecer? Tem um estudo na Inglaterra que mostra que quem tomou uma vacina, eles vão te dar a terceira dose de outra vacina, que vai seguir um outro caminho. Com isso, a imunidade da pessoa vai aumentar, ela vai estar duplamente estimulada para fabricar anticorpos que possam lhe proteger do vírus”, explicou.

Stanislau também reforçou que a imunização com uma fabricante diferente das doses anteriores não trará prejuízos para as pessoas. “É plenamente factível você fazer essa intercambialidade de marcas, não vejo nenhum problema de segurança nesse sentido. Creio que esse é o caminho e é o que o mundo todo tem feito. Então a gente pode tomar uma terceira dose da mesma marca ou pode tomar uma terceira dose de qualquer outra marca que isso vai gerar um resultado da mesma maneira. A estimulação da resposta imune e proteção plena da vacina que tenha perdido a sua potência vai restabelecer a proteção plena”, analisou.

Estudo regional comprova queda da produção de anticorpos

O infectologista Marcos Caseiro contou ao Santa Portal que desenvolveu um estudo no Hospital Guilherme Álvaro, que reforça a tese de que pessoas com uma faixa etária maior sofrem uma perda da capacidade da produção de anticorpos contra a covid-19 ao longo do tempo.

“Estamos para publicar um estudo com 1.600 funcionários no Guilherme Álvaro, feito a cada três meses, que mostra que a resposta da vacina cai de maneira muito intensa nas maiores faixas etárias. 19% das pessoas mais jovens que tomaram as duas doses da CoronaVac não fizeram a conversão sorológica. Mas quando você pega a faixa etária acima de 60 anos, 80% das pessoas não pegaram anticorpos. Entre 50 e 60 anos, esses números são meio a meio. Esse é um fator que detectamos nas vacinas em geral, não é só com a CoronaVac que isso acontece. Se você pegar a Pfizer em Israel também apresentou dados parecidos”, contou.

Com isso, Caseiro ressalta ser fundamental a aplicação da terceira dose da vacina nas faixas etárias acima de 50 anos. “É de fundamental importância garantirmos a vacinação dessa população (acima dos 50) com a terceira dose. Com a dose extra, a tendência é gerar uma resposta melhor e ampliar a sua capacidade de proteção. Já fizemos esquema semelhante com outras doenças e funcionou. Certamente é uma tendência que será adotada e que vai ajudar no controle da pandemia”, concluiu.

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