Espanha estima mais de 1.100 mortos devido a onda de calor
Por Folhapress em 19/08/2025 às 16:29
Mais de 1.100 mortes podem ser atribuídas à onda de calor de 16 dias que acaba de terminar na Espanha, de acordo com estimativas do Instituto de Saúde Carlos 3º (ISCIII). Embora as temperaturas tenham finalmente diminuído, os incêndios florestais que devastam o país continuam fora de controle em várias regiões.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, alertou nesta terça (19) que ainda “restam horas difíceis” na luta contra as chamas. “Peço aos meios de comunicação e também aos cidadãos que tomem precauções extremas. Não confiemos, restam momentos críticos”, afirmou Sánchez, após visitar o centro de comando de uma operação em Extremadura, no oeste do país.
Foi sua segunda viagem a áreas afetadas -no domingo ele já havia estado na Galícia- e, novamente, defendeu a necessidade de “um pacto de Estado diante da emergência climática”
O número de mortes atribuíveis à onda de calor, que durou de 3 a 18 de agosto, é de 1.149, segundo o sistema “MoMo” do ISCIII, que estuda as variações na mortalidade geral diária em comparação com o que seria esperado com base em dados históricos. Em julho, o mesmo sistema já havia atribuído cerca de 1.060 mortes ao calor, alta de mais de 50% em relação a 2024.
Com o fim das altas temperaturas, as condições meteorológicas começaram a favorecer o trabalho dos bombeiros, que contam com apoio de soldados espanhóis e de outros países. Ainda assim, autoridades alertam que a extinção completa dos focos levará semanas.
Três regiões do oeste -Galícia, Castilla y León e Extremadura- seguem combatendo incêndios de grandes proporções que queimaram dezenas de milhares de hectares em menos de duas semanas.
Segundo dados do satélite europeu Copernicus, desde o início do ano foram queimados na Espanha cerca de 373 mil hectares, um número em constante aumento que já representa um recorde anual para o país desde que o Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (Effis) começou a coletar estas informações, em 2006.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da ONU para questões do clima, indicam que eventos climáticos extremos como secas, enchentes, deslizamentos de terra, tempestades e incêndios mais do que triplicaram ao longo dos últimos 50 anos em consequência do aquecimento global.
Outro órgão ligado à ONU, o IPCC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática), já afirmou em relatório ser inequívoco que parte dessas mudanças foi causada pela ação humana.
Dezenas de vilarejos e seus milhares de moradores tiveram que ser retirados, várias estradas foram fechadas, e o tráfego de trem de Madri para a Galícia foi interrompido.
Muitos dos incêndios são resultado de raios durante tempestades secas, sem água, mas também se suspeita que alguns tenham sido provocados. Trinta e duas pessoas foram detidas em relação aos incêndios e há 188 investigações abertas, informou o Ministério do Interior na rede social X nesta terça-feira (19).