Referência em esportes para pessoas com deficiência, Fast Wheels completa 20 anos
Por Anna Clara Morais em 28/08/2025 às 06:00
A Equipe Fast Wheels, nome dado à Associação Santista Paradesportiva, completa 20 anos de existência com um trabalho de referência na inclusão na comunidade através de atividades esportivas de vários tipos, levando as ações como um compromisso com a sociedade.
É no Complexo Esportivo e Recreativo Rebouças que as aulas de sábado acontecem e os alunos podem ter contato com a prática do vôlei sentado, basquete sobre rodas, bocha, badminton, handbike, assim como atividades denominadas recreacionais adaptadas e colaborativas, como o skate gigante e cadeiras de rodas para esportes. Além das aulas fixas, o projeto também costuma promover ações especiais, como a Caravana Inclusiva Esportiva, que já aconteceu em diversos lugares da Baixada Santista.
Além disso, nos finais de semana, também é promovido o aulão Fast Wheels Kids que tem como objetivo levar cada vez mais pessoas a conhecerem o projeto, que, de acordo com o coordenador de comunicação do Fast Wheels, Nelson Augusto, para as crianças, têm o papel de estimular o lúdico e o descobrir do brincar de forma acessível.
As atividades semanais são abertas a pessoas com deficiência de qualquer idade e cidade e, ainda, ocorre o que chamam de ‘inclusão reversa’, que significa que indivíduos sem deficiência também são bem-vindos.
“As crianças são as que mais frequentam e curtem essas aulas, participando de forma recreativa junto com pessoas com deficiência. Também podem participar familiares, cuidadores e profissionais para promover a socialização”, explica Augusto.
Mais do que apenas práticas esportivas, o projeto busca transformar a relação da sociedade com as pessoas com deficiência.
“Levantamos todas as bandeiras da inclusão, atendendo a todas as deficiências — física, visual, intelectual, auditiva, TEA e múltiplas — e mostramos, através da prática esportiva em todos os âmbitos (de reabilitação, escolar, social, de participação, desporto e de alto rendimento), as potencialidades das pessoas com deficiência. O esporte adaptado é usado como ferramenta para derrubar preconceitos, ampliar a visibilidade das capacidades individuais e criar espaços de participação ativa. Também valorizamos o autodescobrimento, estimulando o empoderamento e a independência dos participantes”, conta o coordenador.
E, ainda, os benefícios para quem adere à equipe ultrapassam o óbvio e apenas o físico.
“O primeiro contato com atividades físicas adaptadas, abre portas para novas possibilidades de lazer, saúde e até carreira esportiva. Além do ganho físico, o convívio gera impacto emocional profundo, fortalece a autoestima, amplia a rede de amizades e sentimento de pertencimento. Para familiares e cuidadores, é também um momento de troca de experiências, apoio e aprendizado. Em alguns casos, muda rotinas inteiras, ajudando pessoas a retomarem sonhos, ampliarem horizontes e se verem como protagonistas de suas histórias”, completa Augusto.
A longo prazo, os planos são ainda maiores e o sonho de uma sociedade cada vez melhor é o resultado.
“A meta é que Santos e região sejam referência em acessibilidade e equidade, inspirando outros municípios a adotar práticas semelhantes. O projeto atua para que a inclusão não seja apenas uma pauta pontual, mas uma mudança de cultura, do ambiente esportivo à vida cotidiana”.
Pensando nisso, e como uma forma de comemorar o aniversário de 20 anos, os integrantes da Equipe estão no processo de produção de um documentário de curta metragem para contar sobre a história de sucesso do Fest Wheels.
“O filme conta, de forma sensível e realista, a trajetória de um projeto que mudou vidas e ajudou a revelar talentos de destaque no cenário esportivo. Entre as histórias que ganham destaque está a de Beth Gomes, atleta paralímpica que conquistou dois ouros e se tornou referência internacional no lançamento de disco e arremesso de peso. O filme mostrará que o Fast Wheels não apenas formou atletas de alto rendimento, mas também criou um espaço onde pessoas com deficiência puderam se descobrir, se superar e se conectar”, finaliza.