08/07/2024

Emoção marca volta do Internacional ao Beira-Rio após 70 dias

Por Felipe Prestes/ Folha Press em 08/07/2024 às 08:25

 Ricardo Duarte / Inter
Ricardo Duarte / Inter

O Internacional voltou a jogar no estádio Beira-Rio neste domingo (7), diante do Vasco, pelo Campeonato Brasileiro. Mesmo com o frio e o tempo nublado, 33.791 torcedores compareceram para empurrar o time gaúcho.

Em campo, o Internacional acabou decepcionando o torcedor. O Vasco venceu por 2 a 1, com gols Adson e Lyncon. O clube gaúcho descontou com Bustos.

Antes da partida, o Inter homenageou no gramado 114 funcionários que participaram da reconstrução do Beira-Rio. O presidente do Internacional, Alessandro Barcellos, entregou uma placa para Petterson Pedroso Santos, auxiliar de manutenção, em nome de todos os colaboradores do clube.

Morador de Eldorado do Sul (na Grande Porto Alegre), Petterson perdeu a casa inteira na enchente, morou boa parte do período em um abrigo, e, mesmo assim, auxiliou na reconstrução do Beira-Rio. Após a homenagem, o hino do Rio Grande do Sul foi interpretado pelo cantor Neto Fagundes, acompanhado a plenos pulmões pela torcida.

O Internacional inicialmente previu a volta para a casa em 90 dias, mas o retorno ocorreu após 70 dias longe de casa. O clube atribui parte do sucesso na retomada aos funcionários.

“Sem a ajuda deles, não aconteceria esse retorno. Os mesmos funcionários que tiveram suas vidas despedaçadas com as chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul e devastaram quase com todo o estado em razão das enchentes”, afirma Victor Grunberg, um dos vice-presidentes do clube.

Segundo Grunberg a parte mais difícil de ser recuperada foi a de tecnologia.

“Tínhamos que cuidar do nosso patrimônio no período de inatividade, e ao mesmo tempo montar uma força-tarefa para resolver o problema de limpeza, a compra de móveis, a recuperação das bombas, a parte elétrica. O que tivemos de mais afetado foi a parte de tecnologia, pois eram muitos cabeamentos subterrâneos, suítes, hubs.”

O último jogo do Internacional no Beira-Rio havia sido no dia 28 de abril, no empate por 1 a 1 com o Atlético-GO, ainda pela 4ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Desde a tragédia, o Colorado jogou como mandante em quatro estádios e três estados diferentes: Arena Barueri, em Barueri; Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul; Heriberto Hülse, em Criciúma; e Orlando Scarpelli, em Florianópolis.

O frio e a chuva fina que caiu em Porto Alegre no início da tarde não impediram os torcedores do Internacional de cumprirem a tradição de assar churrasco antes do jogo no Parque Marinha do Brasil, ao lado do Beira-Rio.

“Hoje é dia de chorar, lá dentro do Beira-Rio vai correr uma lágrima. Foi triste, mas não tá morto quem peleia”, disse, citando um ditado gaúcho, a projetista Valdirene da Silva Josefino, que saiu de Imbé, no litoral gaúcho, com familiares para assistir à partida. Com dois guarda-chuvas, o grupo protegia o churrasco da chuva. “A gente já estava há dias olhando a data que ia voltar o Beira-Rio, ontem eu já preparei os espetinhos”.

“Foi muito ruim ver o Beira-Rio alagado porque é como uma segunda casa. Não só o Beira-Rio como a cidade toda, foi muito impactante. Meu local de trabalho foi afetado, estou trabalhando em home office desde então”, lamentou Alexandre Victor Pires de Mello, assistente financeiro, que fazia um churrasco com um grupo de amigos.

Na avenida Padre Cacique, no entorno do estádio, dezenas de quiosques de venda de alimentos e bebidas foram afetados pela inundação, ficando sem sua fonte de renda por 70 dias.

Amanda Mulinari tem 30 anos e trabalha desde os 17 vendendo lanches no entorno do estádio em dias de jogo.

“Foi triste, mais uma vez porque teve a pandemia também. A gente estava se virando, se reinventando. Agora é se reequilibrar, tanto na estrutura para trabalhar, quanto psicologicamente, porque a gente teve muitos amigos que perderam tudo, inclusive que trabalham aqui com a gente”.

Amanda trabalha com o marido e herdou o negócio dos sogros, já falecidos, que por mais de 40 anos venderam lanches em dias de jogo do Internacional. “É a nossa vida. Eu amo o que eu faço, não me vejo em outro lugar”.

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